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Crítica

Justice - Woman | Crítica

Duo francês aposta em som repleto de graves orgânicos e clima sensual para novo disco

18.11.2016, às 17H51.
Atualizada em 18.11.2016, ÀS 18H06

O Justice, quase dez anos depois do lançamento de seu primeiro e marcante álbum, Cross, e cinco anos depois de Audio, Video, Disco., disponibiliza para o público o projeto Woman. Um disco que coloca em evidência a chama da música eletrônica produzida com maestria pelos franceses, Daft Punk é um exemplo disso, com a sua essência orgânica, ritmica e dançante, fugindo completamente da dominância massiva dos samples e dos drops que mais tocam nas rádios ultimamente.

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E claro, o fato de Gaspard Augé e Xavier de Rosnay - as cabeças por trás do Justice - criarem essa sonoridade, não afasta a possibilidade de fazer parte de um festival de música eletrônica ou de tocar nas principais rádios do planeta. Essa aposta ousada da dupla consegue, sim, fazer com que o nível do que é reproduzido e criado ao redor do mundo, melhore.

Assim, Woman surge como um estímulo sonoro de diversas sensações, que na definição de Rosnay é como "se você estivesse em um carro com seu melhor amigo, seu amor e seus filhos". Logo, esse é um projeto que vai além, dentro da música eletrônica, graças a presença de um conceito sútil que já se mostra presente no título do álbum, Woman [mulher], e reverbera como parte do clima que cada uma das músicas é capaz de emular: Sensual-romântica-climática; para dançar na pista de dança, na sala de casa ou ainda com quem pode ser o amor da sua vida, enquanto o disco toca.

O início do álbum com "Safe and Sound", e seus arranjos orquestrais, mais "Pleasure", coloca em foco a necessidade da movimentação dos corpos quando uma sonoridade mais encorpada e cheia de swing atinge os ouvidos. A sequência com faixas mais fortes, novamente com o grave em destaque, como "Alakazam!", "Fire", com sua vibe robôs estão dançando com guitarras, se acalmando com "Stop", deixa claro que o álbum foi pensado como um conjunto de sons. As músicas isoladas funcionam muito bem, mas a obra completa estimula os sentidos do corpo e o leva a aproveitar todas as possibilidades que a mistura entre a sonoridade eletrônica e a sonoridade orgânica pode oferecer.

Isso vai ao encontro do que é dito na crítica da Dancing Astronaut que exalta o fato da dupla não ter pensado demais na concepção das músicas e compara a criação do disco ao ato de ser direto no momento de cortejar uma mulher na pista de dança. "Assim como um homem que corteja uma mulher na pista de dança, não pensar muito tem uma função crítica na complexidade de um álbum".

Logo, o novo disco mostra que a dupla francesa realizou uma excelente transição entre a pegada sonora explorada em um primeiro momento, a mistura entre elementos eletrônicos e o peso do heavy metal, seguindo para sons dançantes, inspirados nos movimentos musicais das décadas de 70/80, cheios de graves, baixos e sintetizadores. Sem dúvida, um projeto que vai além do que o público do Justice poderia esperar e que extrapola tudo o que o segmento pop da música eletrônica tem comportado.

E isso, faz de Woman uma obra original e capaz de abrir caminhos para produtores ainda mais inventivos, seja no momento de criar o conceito de um novo disco, seja na possibilidade da mistura sonora para encontrar um resultado.

Os destaques ficam por conta da abertura climática com "Safe and Sound", "Alakazam!", a  mágica "Chorus", com sua progressão, e a sensibilidade de "Close Call", que deixa no ar a possibilidade de continuar direto para a próxima festa ou só de apertar o repeat para experimentar tudo de novo.

Nota do Crítico
Ótimo

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