Música

Crítica

Madonna em São Paulo | Crítica

Rainha do Pop entrega espetáculo visual para quase 60 mil pessoas

05.12.2012, às 17H22.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H42

Durante as quase duas horas do show que realizou em São Paulo, na última terça-feira, Madonna teve uma atuação impecável. Ela lutou contra ladrões, incorporou a líder de torcida e até a chefe do coro da igreja. Nesta nova turnê, o teatro supera a música. A presença de boa parte das faixas do último e fraco disco da cantora, MDNA, fez com que a qualidade musical fosse superada por números teatrais, e deixasse a dança e o ritmo de lado.

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Crédito: Marcelo Rossi/ T4F

Após uma hora e meia de atraso, as luzes do estádio se apagaram e sinos começaram a tocar. Ao som de cantos gregorianos, Madonna saiu de dentro de enorme telão que ficava no centro do palco, enjaulada em uma gaiola de vidro, vestida de preto e cantando "Girls Gone Wild". Em seguida, foram apresentadas "Revolver" e "Gang Bang", esta última também do novo álbum.

Não fosse pela empolgação inicial da entrada, poderia se dizer que poucos dançaram na primeira etapa da apresentação. Por outro lado, não tinha quem tirasse o olho do palco. Em "Revolver" e "Gang Bang", Madonna encarna uma matadora e empunha uma arma para matar todos seus dançarinos vestidos de ladrões. A coreografia é dosada, a cantora mais atua do que dança, mas tudo de forma muito bem executada. Ainda assim, é de se impressionar os movimentos fluidos e sensuais que Madonna ainda consegue fazer com 54 anos nos quadris. Todo o rebolado e os tradicionais gestos obscenos continuam lá para compor e, principalmente, lembrar que há pelo menos 30 anos isso é feito.

A primeira aparição de um clássico foi tímida. "Papa Don't Preach" foi cantada sem playback e logo após "Gang Bang". Infelizmente não durou sequer três minutos. Sozinha na ponta do palco, Madonna se ajoelhou e agarrou o microfone para levar o público ao delírio com os primeiros versos da canção. Felicidade plena mesmo, só quando o show foi tomado por um grupo de cheerleaders comandados pela Rainha do Pop. No número mais bonito da noite, a plateia se perdia entre os bateristas flutuantes vestidos de soldadinhos de chumbo, enquanto Madonna e suas companheiras dançavam ao som de "Express Yourself". O já famoso mash-up com "Born This Way", de Lady Gaga, também esteve presente e, ao vivo, deixa a alfinetada na aprendiz ainda mais evidente, tamanha é a semelhança entre as canções.

Se ainda restava esperança que alguma das faixas de MDNA funcionasse bem ao vivo, não sobrou nada depois de uma hora de show. Mesmo com a "participação" nos telões de rappers como Lil Wayne ou Nicki Minaj, o exagero da batida hip-hop e o distanciamento do pop tradicional que Madonna realizou nos últimos trabalhos prejudica sua atual turnê. Devido a pobreza do repertório, o espaço é aberto para números teatrais e figurinos exuberantes, o que torna o espetáculo mais vistoso. Depois da banda escolar de "Express Yourself", o clássico erotismo preto e branco de "Vogue" - com um arranjo voltado para o tecnho - foi a parte mais impressionante do show.

O momento mais emocionante, e o único em que o público cantou junto do início ao fim, foi em "Like A Prayer". O maior hino de Madonna ganhou nesta turnê uma performance simples, mas arrebatadora. Um coral composto por quase 30 pessoas acompanha a cantora, que renega o playback para novamente mostrar a força da sua voz. E, para inexplicavelmente varrer a sensação de êxtase causada por "Like A Prayer", a última música do show foi "Celebration", que transformou o palco em uma boate colorida onde somente os artistas dançaram - o público, tal qual fez em boa parte da apresentação, só olhava.

Apesar de ser um deleite para os olhos, as falhas na escolha do repertório contribuem para tornar a apresentação algo mais visual do que dançante. Poucas são as lembranças do seu ritmo empolgante, sem contar a ausência de hits como "Like A Virgin" e "Holiday". Ainda que seja um espetáculo de primeira grandeza, a MDNA Tour está longe de ser o melhor exemplo do poder artístico de Madonna.

Nota do Crítico
Bom

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