Música

Crítica

O Teatro Mágico em São Paulo | Crítica

Grupo grava novo DVD em espetáculo que mistura música, circo e teatro

03.11.2012, às 19H04.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H48

Não fosse pela apoteose final em "O Anjo Mais Velho", quando um mar de balões brancos invadiu o Credicard Hall, seria impossível saber qual o maior sucesso do Teatro Mágico, tamanha a sintonia entre banda e público. Mesmo com as interrupções causadas pela gravação do terceiro DVD do grupo realizada naquela noite, as sete mil pessoas presentes bradaram antigos e novos sucessos da trupe - que economizou nas peripécias circenses, sem perder a identidade e, mais uma vez, realizou um espetáculo único no atual cenário da música brasileira.

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Com quase uma hora de atraso, eles entraram ao som de "Além, Porém Aqui", com maquiagem e figurinos renovados. Os ótimos arranjos apresentados em A Sociedade do Espetáculo, disco que serviu como inspiração para o show, foram levemente modificados para a apresentação - o ritmo mais pesado, com uma pegada mais metálica, deu ainda mais força à faixas como "Transição" e "Amanhã...Será?" - bela e rara homenagem à Primavera Árabe. Nela, o primeiro ato teatral do show apresentou ao público uma grande criatura quadrúpede verde e amendrontadora. Dali de dentro, representando as tulipas símbolos dos revolucionários árabes, saíram bailarinas que abrilhantariam ainda mais a apresentação dali pra frente.

A escolha por limitar as aparições de circo àlgumas bailarinas e um palhaço deixaram o show mais coeso e, consequentemente, valorizou um pouco mais as performances não-musicais. Quando não encantavam o público ao dançar em vestidos brilhosos ou panos escuros, as bailarinas eram erguidas por cabos de aço, e voavam pelo palco no meio de uma chuva de prata feita por papéis picados. Em faixas mais introspectivas, como "Eu Não Sei Na Verdade Quem Eu Sou", as dançarinas se embrenhavam em tecidos acrobáticos, enquanto o vocalista Fernando Anitelli recitava o que parecia a definição da perfeita e inocente mistura do Teatro Mágico: "Mas eu não sei na verdade quem eu sou, já tentei calcular o meu valor, mas sempre encontro sorriso e o meu paraíso é onde estou".

Quando começou a apresentar músicas inéditas, a banda deixou clara a mudança de tom nos arranjos e a temática das letras. Com um som mais ruidoso e por vez com algum swing que lembra "O Novo Testamento", de A Sociedade do Espetáculo, as faixas tinham um ritmo apressado e dançante - esquecendo a cadência excessiva tão presente nos dois primeiros da carreira. Dessa forma, a combinação do ótimo guitarrista Daniel Santiago, com o inquieto violino de Galldino ganha ainda mais espaço. Nas composições, não será surpresa se o próximo disco trouxer músicas com um viés mais religioso e com reflexões pertinentes à efemeridade da vida humana.

Para o fim, o Teatro Mágico separou seu último grande hit, "Nosso Pequeno Castelo", e a belíssima "O Anjo Mais Velho", do disco de estreia, Entrada Para Raros (2003). Até ali, não havia interrupção ou repetição de performance - algo comum em gravações de DVD - que incomodasse os fãs. No ato final, junto com a trupe, munido de balões brancos e uma empolgação inabalável, o público gritou por diversas vezes o refrão "só enquanto eu respirar, vou me lembrar de você". Com a junção de poesia, atitude e espetáculo, O Teatro Mágico cresce à revelia do mainstream e leva consigo uma legião de fãs que, seja pelo versos melosos de "Ana e o Mar" ou o canto trovador de "Canção da Terra", aprecia uma obra carregada de significado, ideias e diversão.

No player abaixo, assista a nossa entrevista com o vocalista Fernando Anitelli:

Nota do Crítico
Bom

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