Música

Crítica

Rag'n'Bone Man - Human | Crítica

Músico inglês estreia por uma grande gravadora com álbum potente e cheio de referências

10.02.2017, às 16H17.
Atualizada em 27.04.2017, ÀS 10H41

Sempre quando um "novo" nome da música surge, existe uma expectativa em torno de seu trabalho. Às vezes a queda pode ser bem alta. Porém, no caso de Human, primeiro disco de Rag'n'Bone Man, valeu a pena tê-las. Entregando um álbum potente, cheio de nuances que mistura toques e arranjos de soul, gospel, blues, hip-hop (sim, parece impossível) e letras inspiradas, o artista mostra que foi capaz de criar seu próprio caminho ao misturar todas as suas influências.

ragnbone man human

A temática do disco é basicamente corações partidos, amores, e tudo que fica para trás, profundo para corações felizes e tristes. De certa forma, pode até parecer um pouco desnecessário ou over, mas só quem está em uma maré de azar no amor, sabe o quanto escrever sobre isso faz sentido.

Assim, o cantor inglês, simplesmente criou um trabalho que encanta logo na abertura com uma trinca de músicas marcantes e que fogem do senso comum, justamente pela forma como acontece a mistura entre arranjos pop em conjunto com um toque diferenciado que ressalta as características do "novo" artista. No entanto, o "novo" vem com aspas, pois Rory Graham está envolvido com música desde seus 15 anos. Já fez parte de grupos de hip hop e já cantou em clubes de jazz o que, aos 19 anos, o levou a excursionar pela Inglaterra e a lançar seu primeiro EP.

A partir de 2011 o artista passou a viver da música e lançou dois bons EPs, Wolves, em 2014, e no ano seguinte divulgou Disfigured EP, que o conduziu até o lançamento de seu primeiro álbum. De entrada, como dito anteriormente, não tem como não ser impactado pela voz potente de Graham  que chega com os excelentes cartões de visita; "Human", "Innocent Man" e "Skin", que se encaixam de forma certeira em um pop elaborado, equivalente ao que Adele ou Amy Winehouse fazem com suas músicas. O artista aposta em arranjos não tão simples, com coros, notas eletrônicas e todas as possibilidades capazes de dar corpo e destaque as suas criações.

Em conjunto com essas ferramentas, as letras também são inspiradas com bons momentos e capazes de agregar ainda mais a voz do cantor, que emula uma tristeza que ganha vazão por todo o disco. Assim, tanto as músicas com arranjos mais complexos, como as três de abertura mais "Bitter End" quanto as mais simples como "Love You Any Less", servem perfeitamente para que ele possa mostrar um pouco mais de seu range vocal de sua capacidade de exploração. "Odetta", um de seus singles mais recentes, que abre a segunda metade do disco, vem como uma aposta um pouco mais simples e soa perfeita para tocar nas rádios. Possivelmente, do ponto de vista artístico, uma das faixas menos complexas.

Assim, o caminho trilhado após esse momento com faixas como "Grace", com um toque de violão, "Ego", "Arrow" e "As You Are", não chega a surpreender, mas mantém um bom patamar. Por fim, Graham encerra a versão simples de Human, com a faixa a capella "Die Easy", sem dúvida, a melhor forma de se despedir de seu público após o quase arrebatamento do projeto.

Human, também conta com uma edição deluxe que traz mais sete faixas. Nesse momento, Rag'n'Bone se sente um pouco mais livre  e sai um pouco da unicidade do álbum apostando em ritmos e arranjos um pouco diferentes. Possivelmente uma forma de brindar seus novos fãs com um pouco do material que desenvolveu em todos esses anos na estrada antes de chegar à gravação de seu novo disco. Por fim, ouvir um pouco mais das possibilidades que Graham, esse novo músico, nem tão novo assim, é capaz de explorar é sempre uma boa opção e agrega muito não só a música pop, mas também às referências de ouvintes que buscam expandir seu conhecimento sonoro, mas sem deixar a seara do pop.

Ouça Human

Nota do Crítico
Ótimo

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