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Crítica

Spoon - Hot Thoughts | Crítica

Grupo mostra que o indie é muito mais do que uma repetição de fórmulas em novo disco

23.03.2017, às 12H32.
Atualizada em 23.03.2017, ÀS 13H05

Grandes bandas são aquelas que não tem medo de fugir de suas fórmulas para buscar uma sonoridade diferente a cada álbum, mesmo que isso signifique mudar um pouco seu som característico. O melhor é quando algumas conseguem descobrir novos sons sem perder sua identidade. Esse é exatamente o caso do Spoon.

Integrantes do Spoon posam para foto de divulgação

Se você comparar diretamente o novo Hot Thoughts com Ga Ga Ga Ga Ga, por exemplo, não são imediatas as características que compõem uma intersecção entre os dois, mas basta ouvir o novo disco com um pouco mais de atenção para perceber que, na realidade, nada mudou. Novos elementos entraram, mais cores enfeitam o som, mais overdubs dão peso e vida às guitarras, mais contratempos enriquecem os ritmos, mas a essência continua a mesma.

Aqui é válido o raciocínio de experimentação, mas eles nunca esquecem de manter você dançando ou batendo os pés no andamento de cada música. Enquanto viajam (aparentemente) sem rumo pelos solos de sax em "Us" ou pelos sintetizadores robóticos em "Pink Up", trazem você de volta à terra firme em "Can I Sit Next To You" e "I Ain’t The One", duas das mais eletrizantes e grudentas (no bom sentido) melodias do disco, sustentadas por riffs matadores que são a especialidade do Spoon desde sempre.

"Hot Thoughts", "Whisperl’lllistentotoheartit" e "Do I Have To Talk You Into It" formam uma trilogia “dois pés no peito” cheias de ruídos e cheias de groove ao mesmo tempo. É um som empolgante que soa novo e interessante, sem frescura. (E aqui vale um ponto para Jim Eno: suas sacadas na bateria têm se tornado um ponto-chave da malícia do Spoon).

"First Caress" e "Shotgun" são curtas e grossas, vão direto ao ponto sem rodeios. E isso é legal porque mostra que eles não abandonaram seu lado mais roqueiro e "Tear It Down" é a faixa apoteótica do álbum: aqui vale tudo e eles não economizam ingredientes sonoros para tentar fazer dessa faixa um hino, já pensando num clímax que certamente será potencializado ao vivo.

Para uma banda que virou um dos símbolos do indie, é admirável o trabalho desempenhado para mostrar ao mundo que “indie” significa muito mais do que repetição de fórmula. Hot Thoughts prova que ainda existem, sim, muitas possibilidades e caminhos a se explorar. O que permanece inexplorado a gente vai conhecer no próximo disco do Spoon. Ouça o disco na íntegra.

Nota do Crítico
Ótimo

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