Música

Crítica

Stereophonics - Graffiti On The Train | Crítica

Maduro, introspectivo e sombrio, disco apresenta uma nova faceta da banda galesa

16.03.2013, às 00H00.
Atualizada em 21.09.2014, ÀS 14H55

Três anos depois do controverso Keep Calm and Carry On, os galeses do Stereophonics apresentam o oitavo álbum da carreira, Graffiti On The Train. Kelly Jones (vocal e guitarra), Adam Zindani (guitarra base), Richard Jones (contrabaixo e backing vocal) e o baterista Jamie Morrison entregam aos fãs um álbum mais maduro, com boas doses de guitarra e o característico vocal rasgado de Jones mais firme do que nunca.

Este vocal, inclusive, parece ter encontrado um meio termo entre gritos distorcidos e momentos de leveza, trazendo não só insights interessantes ao álbum, como também reforçando as letras já características do grupo. É um vocal mais cru, que serve como pano de fundo para um disco mais sombrio, com um espírito típico do blues. Contudo, a tônica de Graffiti coloca em dúvida o que virá daqui pra frente.

A faixa de abertura, "Whe Share The Same Sun", mostra os dilemas que a banda traz neste trabalho: problemas amorosos, esperanças perdidas (ou nem tão perdidas assim) e um otimismo sombrio - como canta Jones no verso "We're worlds apart but now I see/I'm in your heart whenever we are apart/And the sky shines bright" (Nós somos de mundos diferentes, mas agora eu vejo/Eu estou em seu coração sempre que estamos separados/E o céu brilha).

Graffiti on the train ganha cor em "Indian Summer" - leve mas encorpada graças à excelente harmonia de cordas, a faixa conta uma história que, se não feliz, ao menos denota um significado mais otimista, além de ser agradável de se ouvir. Kelly Jones aproveitou para dirigir um clipe com ares adolescentes, mas temática adulta. Aliás, a veia cinematográfica do cantor rendeu outros dois bons conteúdos para o álbum nos vídeos de Violins and Tambourines e In the Moment - duas odes à tristeza.

"Take me" segue o tom mais adulto, mas mesmo com um belo vocal feminino aliado a voz de Jones, é a mais fraca do álbum. Em "Catacomb" o peso de canções de outros álbuns reaparece, além das temáticas recorrentes como garotas, drogas e desilusão. A pérola do álbum é "Roll the dice". Com excelentes cordas, trompetes e vocais de apoio é sem dúvida, se não a mais bela, a mais concisa produção da banda.

Vale ressaltar o blues (com direito a sonoplastia de garrafa quebrando e gritos de fundo), de "Been Caught Cheating", originalmente escrita para Amy Winehouse. Tendo em vista o exagerado peso dramático do álbum, esta canção mostra uma quebra no ritmo melancólico, ainda que seja uma clara representação de blues.

Mais que um álbum repleto de baladas cinzas, Graffiti On The Train mostra um Stereophonics amparado não só pelo excelente quarteto de músicos, mas também com constantes bases de cordas que dão mais corpo às canções. Soa como uma espécie de pós-britpop que brinca com o eletrônico, mas não esquece sua raiz com guitarras gritantes. Aqui se nota o Stereophonics em um caminho diferente do construído até aqui. É um trabalho com tons de transição, como uma introdução aos novos e bons direcionamentos que banda pode tomar.

Nota do Crítico
Bom

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