Já faz tempo que Steven Tyler procura atividades paralelas ao Aerosmith. Depois de um bom tempo no American Idol, o vocalista resolveu tardiamente lançar um álbum solo. Diferente do que aconteceu com outros vocalistas de bandas icônicas - que experimentaram fazer discos solo durante o AUGE de suas bandas, como Mick Jagger, Phil Collins, David Lee Roth, só para citar alguns - Tyler deixou o bonde da carreira solo passar e está tentando alcançá-lo às pressas, meio estabanado.
Estabanado porque, apesar de todo o profissionalismo e a experiência que Tyler tem - afinal, o cara é uma lenda viva do rock - o disco soa feito às pressas e sem foco. A primeira estranheza é o estilo: We’re All Somebody From Somewhere é, basicamente, um disco country. O estilo, na verdade, não é um problema. Tyler pode fazer o que ele bem quiser. Aliás, outras lendas do rock já fizeram discos em estilos diferentes, como Bob Dylan e Paul McCartney, por exemplo (Fallen Angels e Kisses On The Bottom, respectivamente), mas aqui parece que Tyler escolheu o country porque não sabia mais o que fazer. E este é o problema.
Mesmo com uma produção impecável - o vocalista se juntou com os bambambans de Nashville - e algumas músicas realmente muito bonitas, o álbum deixa escapar uma indecisão clara do artista. É country, mas vamos colocar esse timbre de bateria super pesado porque pode agradar os fãs do Aerosmith. É country, mas que tal se a gente colocasse umas baladas bem pop no meio, para agradar os fãs de Aerosmith? Esse parece ter sido o pensamento.
E na tentativa de agradar os fãs de sua banda, fazendo um disco de country, a coisa não ficou nem num lugar nem em outro. Parece que Tyler foi pro estúdio sem um plano. E, apesar dos bons momentos, o disco mostra isso. E nem mesmo as (boas) releituras de "Janie’s Got a Gun" e "Piece Of My Heart" conseguem salvar o álbum da falta de clareza.
Claro que Tyler é um monstro: mesmo sem foco, o disco agrada e suas performances são arrebatadoras em "The Good, The Bad, The Ugly & Me", na faixa-título e "I Make My Own Sunshine". É uma pena que tudo pareça um pouco forçado, trabalhado demais só para agradar os outros e pouco sincero. É um álbum agradável, mas não deixa nenhum rastro quando termina.
Se o vocalista soubesse um pouco melhor o que queria, teríamos um disco digno de uma das maiores vozes do rock. Infelizmente, faltou um rascunho antes de ir para o estúdio.
Música
Crítica
Steven Tyler - We’re All Somebody From Somewhere | Crítica
Disco country deixa em evidência a falta de foco de Tyler
22.07.2016, às 18H19.
Atualizada em 03.11.2016, ÀS 07H11
Nota do Crítico
Regular