Música

Crítica

Steven Tyler - We’re All Somebody From Somewhere | Crítica

Disco country deixa em evidência a falta de foco de Tyler

22.07.2016, às 18H19.
Atualizada em 03.11.2016, ÀS 07H11

Já faz tempo que Steven Tyler procura atividades paralelas ao Aerosmith. Depois de um bom tempo no American Idol, o vocalista resolveu tardiamente lançar um álbum solo. Diferente do que aconteceu com outros vocalistas de bandas icônicas - que experimentaram fazer discos solo durante o AUGE de suas bandas, como Mick Jagger, Phil Collins, David Lee Roth, só para citar alguns - Tyler deixou o bonde da carreira solo passar e está tentando alcançá-lo às pressas, meio estabanado.

Estabanado porque, apesar de todo o profissionalismo e a experiência que Tyler tem - afinal, o cara é uma lenda viva do rock - o disco soa feito às pressas e sem foco. A primeira estranheza é o estilo: We’re All Somebody From Somewhere é, basicamente, um disco country. O estilo, na verdade, não é um problema. Tyler pode fazer o que ele bem quiser. Aliás, outras lendas do rock já fizeram discos em estilos diferentes, como Bob Dylan e Paul McCartney, por exemplo (Fallen Angels e Kisses On The Bottom, respectivamente), mas aqui parece que Tyler escolheu o country porque não sabia mais o que fazer. E este é o problema.

Mesmo com uma produção impecável - o vocalista se juntou com os bambambans de Nashville - e algumas músicas realmente muito bonitas, o álbum deixa escapar uma indecisão clara do artista.  É country, mas vamos colocar esse timbre de bateria super pesado porque pode agradar os fãs do Aerosmith. É country, mas que tal se a gente colocasse umas baladas bem pop no meio, para agradar os fãs de Aerosmith? Esse parece ter sido o pensamento.

E na tentativa de agradar os fãs de sua banda, fazendo um disco de country, a coisa não ficou nem num lugar nem em outro. Parece que Tyler foi pro estúdio sem um plano. E, apesar dos bons momentos, o disco mostra isso. E nem mesmo as (boas) releituras de "Janie’s Got a Gun" e "Piece Of My Heart" conseguem salvar o álbum da falta de clareza.

Claro que Tyler é um monstro: mesmo sem foco, o disco agrada e suas performances são arrebatadoras em "The Good, The Bad, The Ugly & Me", na faixa-título e "I Make My Own Sunshine". É uma pena que tudo pareça um pouco forçado, trabalhado demais só para agradar os outros e pouco sincero. É um álbum agradável, mas não deixa nenhum rastro quando termina.

Se o vocalista soubesse um pouco melhor o que queria, teríamos um disco digno de uma das maiores vozes do rock. Infelizmente, faltou um rascunho antes de ir para o estúdio.

None
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Regular

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