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Crítica

The XX - I See You | Crítica

Ingleses deixam o minimalismo em segundo plano e se mantém originais com obra que mostra a evolução sonora na forma de falar sobre sentimentos

23.01.2017, às 13H08.
Atualizada em 31.03.2017, ÀS 17H49

O The XX é conhecido por suas melodias tranquilas, com camadas produzidas de maneira simples e letras versando sobre amor e desilusões. No entanto, com I See You, o último disco do trio londrino, logo na primeira faixa - "Dangerous" - é possível notar que existe uma mudança, já que os trompetes chegam antes de qualquer coisa, e essa parece ser a melhor forma de dar as boas vindas para o novo momento do The XX.

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Ainda sim, mesmo com a dose de novidade,  que em um primeiro momento, parece que não trará os fatores que os tornaram famosos, no final das contas, nota-se que o trio se preparou para estar mais aberto e ousado, mas não deixou para trás alguns dos elementos que os colocou na mídia musical há alguns anos e que, posteriormente, influenciou o trabalho de tantas músicas pop ao redor do mundo.
O novo projeto apresenta estrutura musical ainda mais poderosa, com maior domínio técnico de todos os instrumentos - guitarra, baixo e as pick-ups -, e assim conseguem apresentar uma sonoridade que vai além de quase tudo que já fizeram, ainda cheia de camadas, mas mais vivas e felizes, transformando esse álbum em algo bom para quem já os conhecia e ampliando as possibilidades para que um novo público, ainda maior, possa chegar até eles. Com apostas em músicas como “Dangerous”, com cobertura eletrônica, cheia de ritmo e vocais contagiantes o álbum segue por uma viagem que melhora a cada faixa.

“A Violent Noise” é um excelente exemplo pra isso, a faixa poderia estar entre as mais tocadas nas rádios caso fizesse parte de um disco de Martin Garrix ou Diplo. A música é perfeita pra mostrar como Jamie XX, produtor e DJ do grupo, evoluiu em sua construção sonora, com mistura de elementos perfeitos para ser mais pop, mas sem perder a originalidade construída em parceria com Romy Madley Croft e Oliver Sim. E isso fica nítido em vários outros momentos, já que, mesmo quando é econômico com a inserção dos sons, o grupo entende de forma ideal como manter a evolução da história sonora que estão contando. E claro, I See You, evolui faixa a faixa para algo que, talvez, não fosse esperado por grande parte de quem os conhece, e é - seguramente - ainda melhor do que xx (2009) e Coexist (2012).

No entanto, em alguns momentos como nas faixas “Replica” e “Brave For You”, é possível ouvir o velho The XX, mas sem que as criações soem como uma tentativa de se manter dentro do mesmo espectro. As músicas mantêm a originalidade e o frescor, apesar da sonoridade conhecida. Todas as letras do novo disco, além da sonoridade marcante, funcionam como um catalisador de sentimentos. Caso você tenha passado por algum rompimento amoroso ou algo parecido, é praticamente impossível não ter seus sentimentos revirados e colocados à mostra em alguns momentos de I See You.

Uma obra que não é massificada, que parece ter sido feita com calma, maturada e testada para chegar aos ouvidos da audiência em sua melhor forma, mostrando assim que a aposta do trio, em ampliar suas possibilidades como artistas, e chegar a um novo patamar - gravando em outros lugares, distantes de Londres, compondo juntos (antes faziam por troca de e-mails) - ainda falando de amor, corações partidos, expectativas e sentimentos, dessa vez de maneira não tão melancólica, funciona perfeitamente e faz com que os shows sejam ainda mais interessantes para ambientes maiores do que casas de médio porte.

Por fim, a faixa de encerramento, “Test Me”, calma, lenta, marcada, fecha o disco da melhor forma e mostra que todo o percurso foi realizado, mas ainda não se tem a certeza de ter chegado ao ponto final. Ainda é possível ir além. O álbum funciona em todos os sentidos e isso é o ideal, sem pressa, somente para ouvir e deixar que cada música te afete de uma forma diferente, de acordo com o seu momento, como uma obra musical precisa ser.

Agora, é esperar a maturação do trabalho que, sem dúvida, ainda deve ganhar mais nuances, à medida que as músicas amadurecerem como parte do projeto e também individualmente.

P.S.: O disco ainda possui uma versão com três faixas extras, “Naive”, “Seasons Run” e “Brave For You (Marfa Demo)”, que são mais calmas e expandem um pouco mais as possibilidades do projeto, mas sem perder a originalidade.

Nota do Crítico
Excelente!

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