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Crítica

Titãs em São Paulo | Crítica

Formação original se reúne para comemorar 30 anos de carreira da banda

07.10.2012, às 18H37.
Atualizada em 04.11.2016, ÀS 03H00

No último sábado (06/10), o Espaço das Américas se tornou um antro da celebração. No show comemorativo aos 30 anos do Titãs, oito mil pessoas fizeram uma viagem no tempo, onde as lembranças do rock brasileiro de qualidade estiveram mais vivas do que nunca. Durante pouco mais de uma hora, constatou-se que as letras compostas há décadas continuam atuais e que o som feito em 1982 ainda empolga.

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Fotos: Mariana Uchôa

Com pontualidade incomum a um show nacional - em parte devido à transmissão televisiva -, a formação atual dos Titãs subiu no palco liderada por Paulo Miklos. Branco Mello, Tony Belloto e Sérgio Britto vieram em seguida para começar a apresentação com "Diversão", "AA-UU" e "Nem Sempre Se Pode Ser Deus" - todas com o mesmo arranjo punk feito entre o final dos anos 1980 e o começo dos 1990, raro em bandas de grande alcance atualmente. Como uma transição para as baladas que viriam mais tarde, o Titãs diminuiu o passo para tocar "Aluga-se", de Raul Seixas, com Sérgio Britto nos vocais. Além dele, Mello e Miklos também alternavam no microfone principal com a mudança das faixas.

De uma tacada só, a banda mostrou boa parte das baladas que foram sucesso nos anos mais recentes de sua carreira. "Pra Dizer Adeus", "Go Back" e "Epitáfio" - dedicada à Marcelo Fromer, ex-membro do grupo, falecido em 2001 - embalaram os casais e fizeram os mais jovens da plateia, homens e mulheres entre 25 e 30 anos, cantarem os versos. Perto do encerramento da primeira etapa do show, Paulo Miklos foi ao microfone para falar sobre as eleições, que seriam realizada dali àlgumas horas. "Precisamos de um voto consciente, não existe essa de 'os meus ladrões são melhores do que os seus'", bradou, antes de apresentar "Vossa Excelência", escrita em 2005, no auge do escândalo do mensalão.

As luzes do palco iluminaram de vermelho todo o Espaço das Américas para começar "Bichos Escrotos", que rendeu tímidas rodas punk na plateia. Ela foi a deixa para a apoteose do show. Os Titãs voltaram acompanhados de Arnaldo Antunes, Nando Reis e Charles Gavin. Os aplausos de costume estavam acompanhdos por gritos de "histórico", "fantástico" e "inesquecível", ao passo que os sete se abraçavam na beira do palco. Tão sorridentes quanto seus fãs, eles pegaram os instrumentos para tocar "Comida", com o performático Arnaldo Antunes nos vocais. Mesmo depois de 20 anos longe dos companheiros, ele continua com suas coreografias sem nexo, tão características da sua época na banda.

Depois de Antunes, era a vez de Nando Reis cantar "Família". Aplaudidíssimo ao pegar o baixo e tomar o microfone, o músico foi falar algumas vezes, mas não conseguiu. "Estou muito emocionado", repetiu ele, nas outras duas vezes que tentou, em vão, se comunicar com o público. A animação da plateia acompanhava o ritmo das músicas apresentadas. Fosse pelos comandos de Mello ou Brito, os presentes não paravam de pular e, com o calor de quase 35 graus do local, começavam molhar de suor as camisetas, que estampavam com orgulho e conhecimento nomes como Ramones, AC/DC, Rolling Stones e, obviamente, Titãs.

Depois de passar o vocal para os companheiros em "Polícia", "Estado Violência" e "Cabeça Dinossauro", Nando Reis voltou e com Tony Belloto começou os acordes da música mais esperada da noite, "Marvin" - gravada pela primeira vez no homônimo disco de estreia da banda, em 1984. A performance da faixa chegou ao fim, o público aplaudiu e, ainda empolgado, Reis voltou ao microfone e puxou o refrão, que dessa vez foi comandado pelas vozes e palmas da plateia. "Flores" foi a chamada para o bis, com "Homem Primata" e "Sonífera Ilha", que fecharia com o show com chave de ouro. Mas, não satisfeitos e com o tempo de show no limite, a banda ainda emendou "Porrada" e um repeteco de "Bichos Escrotos".

Mesmo com uma apresentação cronometrada e recheada de intervalos, os Titãs entregaram um digna comemoração a seus 30 anos de carreira. As dificuldades superadas para reunir a formação original se mostraram válidas, visto que a banda toma uma forma mais eficiente com a presença dos três ex-membros. A músicas tocadas mostraram a variação de estilos e temáticas que a banda teve em toda a carreira. Cada uma das faixas foi cantada com entusiasmo pelo público presente, que saiu cansado de pular, rouco de cantar e, certamente, satisfeito pela celebração do bom rock que um dia o Brasil fabricou.

Confira a galeria de fotos do show

Nota do Crítico
Bom

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