Música

Crítica

Wilco - Schmilco | Crítica

Décimo disco do grupo americano é bem humorado, sarcástico e direto ao ponto

22.09.2016, às 16H21.
Atualizada em 22.09.2016, ÀS 22H52

Jeff Tweedy anda inquieto e producente. Que bom. Menos de um ano depois de Star Wars (o álbum, não o filme) o Wilco volta com tudo em seu décimo disco de estúdio, Schmilco.

None

Mesmo que o disco não fosse tão bom - e é - Schmilco já teria sido genial pela capa. A escolha do catalão Joan Cornellá para ilustrar a pequena crônica diz muito sobre as escolhas da banda, e traduz perfeitamente o espírito do novo trabalho: é bem humorado, sarcástico e direto ao ponto.

Em Schmilco, as firulas quase não existem. O disco é despretensiosamente cru, com uma ou outra viagem de ácido espalhada ao longo das músicas. Bastante influenciado por Bob Dylan e Beatles - principalmente nos timbres de guitarra, que parecem ter saídos de Revolver - Jeff passeia por cenários divertidos e surreais em "If I Ever Was I Child" e "Someone To Lose", e não está nem aí se você vai ficar comparando esse disco com Yankee Hotel Foxtrot ou Sky Blue Sky.

Ele só quer divertir a si mesmo fazendo sua música. E é aí que Schmilco brilha ainda mais do que Star Wars. Aqui o “descaso” - note as aspas - é ainda maior e, consequentemente, o disco é solto, espontâneo e delicioso de ouvir. Não existem preocupações mercadológicas ou nem mesmo sons ou timbres escolhidos só porque “estão na moda” hoje.

Ouvindo pela primeira vez, é até possível se perguntar onde estão as cores e texturas complexas e “com cara de obra-prima” dos primeiros discos, mas a resposta é simples. Música não necessariamente tem que soar grandiosa para ser grandiosa, e muito provavelmente as comparações e pressões colocadas sobre a banda quando eles começaram a ser chamados de “Radiohead americano” também não serviram para ajudar em absolutamente nada.

Schmilco prova que o Wilco não é - e nunca quis ser - o Radiohead americano. Wilco é Wilco e a emoção entregue é a mesma de antigamente, apenas com outra forma. Isso é bom, afinal ninguém quer ouvir o mesmo disco a cada lançamento. As músicas são nuas e eficientes. Ouça "Happiness", "Locator", a incrível "Quarters": existe muito mais criatividade e emoção contidas nelas do que em muitos álbuns inteiros de outros artistas estrondosos por aí.

Jeff escolheu um caminho onde pode deixar sua voz brilhar sem necessariamente exigir muito dela com falsetes ou gritos que não combinam mais com sua idade. Mas mantém as sacadas inspiradas em mudanças bem-vindas de harmonia e melodia como na abertura do disco, "Normal American Kids", arrepiando sua espinha só com voz e violão. Não precisa mais do que isso.

Schmilco é uma grande e (in)quieta proeza.

Nota do Crítico
Ótimo

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.