Música

Entrevista

Bon Jovi | David Bryan e Tico Torres comentam sobre o novo disco

13º álbum de inéditas, This House Is Not For Sale, sai nessa sexta-feira, 4 de novembro

03.11.2016, às 17H37.
Atualizada em 31.03.2017, ÀS 18H05

O novo álbum de inéditas do Bon Jovi, This House Is Not For Sale, sai nessa sexta-feira (4) e marca o retorno do grupo ao mercado fonográfico, dois anos após o lançamento de Burning Bridges.

O grupo que está em uma intensa campanha de divulgação do novo material, já disponibilizou algumas faixas inéditas e também realizou apresentações especiais na qual executava o álbum na íntegra. Após um desses shows, realizado no London Palladium, em Londres, o Omelete conversou com David Bryan e Tico Torres, tecladista e baterista da banda, sobre o processo de criação do novo disco, como foi gravar sem Richie Sambora e também sobre o o Brasil. Confira:

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O novo disco de vocês, This House Is Not For Sale foi gravado no estúdio Avatar, local no qual vocês gravaram o primeiro álbum da banda. Foi intencional essa escolha de estúdio dada a temática do álbum, que fala sobre integridade e legado?

Tico: Não foi intencional, não. Acontece que não existem mais tantos estúdios tão bons em Nova York, e o estúdio Avatar, antigo Power Station, ainda é um dos bons. Nós gravamos a maioria dos nossos álbuns no estúdio que o Jon [Bon Jovi] montou na casa dele em New Jersey. Mas acho que foi mais por acidente, acabar gravando este álbum lá.

David: E também a ideia de estarmos todos juntos no estúdio, ao mesmo tempo. Pegando uma música direto da demo e transformando em algo, ali mesmo, onde se pode mudar, tentar uma coisa aqui, outra ali. Olhando uns aos outros nos olhos e sentindo juntos a música. Era assim que a gente fazia no começo da banda porque não tinham computadores.

Tico: Exato! Começar com apenas uma melodia e umas letras e criar a música. E foi isso que fizemos no estúdio.

E como vocês começaram essa criação? Vocês costumam fazer coisas diferentes em cada álbum, por causa do tema?

David: Não acho que rolou nada consciente. Eu acho que você tenta ser apenas você, nessas horas. E espera ser um você melhor a cada vez que entra no estúdio. Que tenha mais conhecimentos do que da última vez, tenha mais música na sua bagagem, mais vida. Então, você entra no estúdio e dá tudo que tem.

Tico: Esse álbum se formou inteiro no estúdio. Jon viu essa foto dessa casa com raízes profundas (se referindo a capa do álbum) e ele pensou “Isso é incrível! Eu quero escrever algo que me relacione com essa imagem”. E então escrevemos a música "This House Is Not For Sale" a partir dessa foto. O resto foi acontecendo como consequência desse ponto de partida, sem pensar muito. Nesse álbum a gente começou mais livre, mesmo. Era sobre tocar ao vivo juntos no estúdio. Tentar as ideias de todo mundo alí. Às vezes funciona, às vezes não. É uma questão de erros e acertos.

David: Um dos sons desse álbum começou num ritmo meio de valsa, mas assim que mudamos o tempo juntos, virou algo completamente diferente. É só mudar ali, na hora. Eu dizia “Ei vamos mudar isso aqui, vamos mudar isso ali. Tira uma parte daqui, joga ali. E faz aquilo o refrão da música”. Isso aconteceu em, praticamente, todas as músicas da demo.

A música que era uma valsa na demo, era "New Year’s Day", certo?

Tico: Essa mesma.

Conta mais de como foi o trabalho com essa faixa.

Tico: O Jon trouxe ela na demo e eram apenas algumas guitarras e a letra. Quando fomos tocar juntos na primeira vez eu contei 1, 2, 3 e já entramos na música de outra forma. Isso é o bacana de estarmos todos juntos no estúdio. Essa sinergia.

David: Essa "New Year’s Day" era bem sutil na demo, aí no estúdio virou POOM, POOM, POOM!! (fazendo som de guitarra alta).

A saída do Richie Sambora,(guitarrista que deixou a banda em 2013) é algo também presente no disco. Como foi gravar no estúdio sem ele? O Phil X (novo guitarrista) colaborou e influenciou de que forma?

Tico: Sim, o Phill colaborou um pouco, mas acho que foi mais o nosso produtor e guitarrista, John Shanks, que está conosco nos últimos 5 álbuns. Foi ele que tocou e criou a maioria das guitarras no álbum. Phil entrou e gravou algumas, sim, mas como dessa vez a gente tinha o John Shanks no estúdio conosco, ao mesmo tempo, isso fez com que ele criasse e consequentemente gravasse a maioria das guitarras. Isso nunca aconteceu dessa forma, porque nunca estivemos no estúdio, com nossos instrumentos, ao mesmo tempo. Foi legal trazer o Phil pra gravar algumas músicas.

David: A gente vai ver mais do Phill ao vivo agora nesses próximos dois shows que vamos fazer e depois também na turnê ano que vem.

O que vocês mais se lembram da época em que realizaram a primeira apresentação no Brasil, no início da década de 90?

Tico: Muitas bundas!

Além das bundas.

Tico: Brincadeiras a parte, eu sou de família Cubana logo sou um latino assim como você. Mas tem algo da forma como o povo Brasileiro é com futebol que é similar com shows ao vivo. Tem vida, tem muita energia! Vocês cantam juntos as músicas. Não acho que ninguém canta melhor ao vivo do que o povo Brasileiro. Vocês choram, cantam junto conosco. Paixão, essa é a palavra.

No Brasil você abraça alguém, que nunca viu antes, do seu lado e canta junto.

Tico: Exato! Tem muito amor na plateia. E isso traduziu pra gente naquela época. É disso que eu mais lembro.

Já tem algum plano pra tocar por lá?

David: Ainda não. A gente tem essa turnê nos Estados Unidos no começo do ano que vem e isso é o começo. Mas sempre está nos planos, sim. É tudo uma questão da logística que é um pesadelo que a nossa equipe tem que resolver. E você teve sorte de ver a gente ao vivo ontem porque o que você viu não vai mais acontecer. Só mais dois shows pela frente e acabou! Nunca mais faremos esses shows dessa forma novamente.

Você diz no sentido que vocês tocaram esse álbum inteiro do começo ao fim?

David: Sim, nunca mais faremos isso novamente. Talvez com outro álbum, mas com esse nunca mais.

Eu lí que foi intencional apresentar o álbum ao vivo como uma peça inteira para o lançamento e não as músicas separadas em conjunto com grandes hits da banda.

Tico: Isso. Como a abertura de uma exposição de arte.

Dessa forma vocês têm a oportunidade de contar a história do álbum ao vivo.

David: Sim, cada álbum tem sua história, sua fluidez, sua sequência. Pra todo álbum você se vê numa situação que você tem um monte de músicas na mão e aí você pensa “Ok, vamos sequenciar isso”. E você tenta várias ordens diferentes e também pensando nas letras. No que elas falam.

Tico: Isso demora algumas semanas pra resolver. E é bom poder fazer isso sabe. A geração atual não está acostumada a comprar um álbum e ouvir ele inteiro pra entender sua jornada. Eles querem mais ouvir uma música aqui, outra alí. É uma cultura que ainda existe mas está se perdendo e eu gostaria que essa geração mais nova tivesse.

Eu ouvi Jon falar que soube que o álbum estava pronto quando ele viu que a primeira música começa com a palavra Eu e a última música com a palavra Nós. Eu achei isso bem bacana. Aliás, o álbum fecha com a música "Come On Up To Our House". Pessoalmente essa é a minha preferida do álbum. A letra é bem positiva. Fala sobre aceitação, sobre receber bem a tudo e todos.

David: Isso, é também sobre estar juntos. Sobre se conectar uns com os outros. Uma certa alusão até da forma que gravamos esse álbum.

Essa é uma mensagem boa pro momento turbulento que estamos todos vivendo. Seja aqui na Inglaterra e Europa num geral, como no Brasil e claro as eleições logo mais nos Estados Unidos.

Tico: Sim. Acho que nesse contexto a música fala sobre aceitação. Sobre que somos todos um só e que devemos ser todos bem-vindos uns com os outros. Claro que cada pessoa vai interpretar a mensagem dessa música da sua forma, mas todos vão entender a mensagem de inclusão.

Essa é uma ótima forma para terminar o álbum essa entrevista.

Tico: Sempre bom terminar as coisas de forma positiva.

O Jon disse que com esse álbum vocês têm algo a dizer mas nada a provar, mas depois de ouvir seu álbum e ver vocês ao vivo, eu acho que - mesmo não precisando - vocês provaram que ainda estão fazendo um bom rock ’n’ roll e vão continuar fazendo por muitos e muitos anos. Obrigado.

Tico: Obrigado a você pelo bate-papo.

David: Sem dúvida, obrigado e até a próxima.

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