Os argentinos Matias Faint e Agustin Servente, conhecidos na cena eletrônica como Heatbeat, tem uma longa história como promotores do trance pela América do Sul e no mundo. Com mais de dez anos de carreira e se apresentando em alguns dos principais eventos do planeta, a dupla é amplamente conhecida por fazer uma mistura pesada entre o trance, segmento mais melódico da música eletrônica, alguns elementos de progressive house e outras vertentes da e-music, sempre mantendo o link com sua raiz sonora. O Omelete conversou com exclusividade com a dupla que falou um pouco sobre a consistente cena eletrônica argentina, sobre os projetos do duo e sobre o show em São Paulo, no dia 18 de março, como parte do Trance in Brazil. Leia abaixo.
Logo de entrada, a dupla destaca como a cena da e-music na Argentina influencia o processo de criação dos dois. Ambos confessam que a cena no país vizinho foi por muitos anos um dos principais spots do segmento do mundo. "Os gêneros favoritos do público são techno, house e rance, sem nenhuma influência do EDM [mais comercial da música eletrônica], as pessoas não gostam desse estilo", afirmam. O duo também destaca a sorte do trance estar sempre em destaque em seu país natal nos últimos anos, "Clubes como Mandarine ou Crobar ou ainda o Ultra Music Festival são os principais locais para os DJ´s de Trance", enfatizam.
Com isso em mente, os produtores aproveitam para elencar o que consideram as principais diferenças entre o público argentino e o brasileiro. De acordo com os profissionais, nesse momento o Brasil tem uma grande influência da EDM, o que não acontece nas terras portenhas, "[...] lá isso nunca funcionou". Eles ainda analisam que agora é possível ver que o EDM está morrendo e muitas pessoas estão começando a ouvir techno, trance ou psy trance. "Esse é um período muito interessante no Brasil para DJs e festivais. Temos certeza que os próximos anos serão muito bons para a cena".
Já, sobre o estilo de música feito pela dupla, eles afirmam que o interesse pelo trance surgiu após ouvir um set de Paul van Dyk, um dos principais expoentes do segmento. "O primeiro contato que tivemos com o trance foi com Paul van Dyk, em 2001, tocando na Love Parade em Berlim. Nós vimos os vídeos no Youtube, ouvimos 'For an Angel' um clássico instantâneo que vai ficar pra sempre em nossas mentes. Uma grande influência".
Carreira
A dupla toca junto desde 2006 e confessa que fazer o back 2 back é algo muito natural, já que eles têm o gosto musical muito similar. "Vamos dizer que como DJ´s nós somos praticamente o mesmo". No entanto, destacam que as diferenças sonoras e todas as possibilidades da dupla são ampliadas quando produzem e isso pode ser sentido no selo AERYS Records, comandado pela dupla. Possivelmente, essa sinergia entre os dois amigos é o ingrediente perfeito para a constante mistura entre trance e outras vertentes sonoras que está presente em diversas faixas do Heatbeat. Sobre isso, eles respondem que combinar o trance com estilos diferentes é uma forma contínua de buscar algo novo e "não copiar de outros artistas". E isso fica ainda mais claro quando explicam que o ponto de partida das músicas do duo é a busca por algo que ainda não fizeram. "Sempre tentamos fazer algo novo e começar daí. Talvez uma linha de baixo ou uma melodia bacana que pra nós soa original. Depois disso, começamos o design da faixa completa. Às vezes nós pegamos influências de outros artistas, às vezes dos nossos amigos e familiares ou às vezes, até, dos fãs em nossos shows".
América Latina
Possivelmente a música eletrônica seja um dos mercados mais abrangentes de todos os tempos. O Heatbeat confirma isso, ao afirmar que o fato de ser uma dupla da América Latina, que produz trance, não faz o trabalho ser mais difícil. "Não importa de onde você é, a única coisa importante é fazer a sua arte e promover isso de uma forma boa para que as pessoas possam ouvir a sua música". E seguem comentando que, "os caras do Pendulum, por exemplo, eles são de Perth, uma cidade da Austrália no meio do nada... E eles se tornaram algo mundial, realizando shows esgotados em estádios. É tudo sobre a arte que você faz", ponderam.
Aproveitando o link, os argentinos também falam sobre música brasileira, e destacam que ultimamente têm ouvido muito as criações de WAIO, produtor de Psy-Trance. "Há algum tempo atrás nós gostávamos muito do Renato Cohen, um grande DJ".
Shows
A dupla que constantemente se apresenta em grandes festivais, como o Ultra, Tomorrowland entre outros, também costuma mostrar seus sets em lugares com capacidade para menos pessoas, como o show que irão fazer no Brasil. Sobre essa mudança de ambiente eles comentam que lugares menores dão a chance de fazer algo mais pessoal e com conceito. "É como contar uma história, você pode ver as pessoas reagindo e sentir a energia de cada uma", e seguem, "nos grandes eventos a gente costuma tocar menos e, com certeza, é muito bom tocar para grandes audiências, mas se você perguntar... Amamos noites mais pessoais".
Os DJs aproveitam ainda para falar que no Brasil irão apresentar um set longo e que isso será "perfeito para mostrar nossos clássicos e também nosso novo conceito com a sonoridade da AERYS".
Por fim, o Heatbeat recomenda duas faixas de sua carreira para os interessados em conhecer um pouco mais da sonoridade que eles têm produzido. Ouça "Mechanizer" e "Rocker Monster" abaixo.
O Heatbeat se apresenta em São Paulo no próximo dia 18 (sábado). O show ainda conta com sets de Wrechiski e Danilo Ercole, dois nomes bem conhecidos do trance brasileiro. Os ingressos já estão disponíveis - veja as informações abaixo.
HEATBEAT
São Paulo
Data: 18/03 (Sábado)
Horário: 23-6h
Local: Audio Club - Av. Francisco Matarazzo, 694 - Água Branca - São Paulo
Censura: 18 anos
Vendas online: Aqui
Informações e Camarotes: contato@tranceinbrazil.com.br
