O novo disco de Mano Brown, Boogie Naipe, foi lançado no início dessa sexta-feira (9) e apresenta uma das mudanças mais substanciais de uma carreira dentro da música brasileira dos últimos tempos. Brown, que é extremamente conhecido no universo do rap nacional como vocalista dos Racionais - grupo do qual permanece integrante - projeto que ele define como um monstro em sua vida, conversou com jornalistas e fãs sobre seu projeto seu novo álbum que une Funk Clássico e R&B, contar um pouco de suas experiências, expectativas e possibilidades para o novo trabalho.
Logo de entrada, o músico destaca a importância de ter Leon Ware, parceiro de Marvin Gaye, no projeto. Brown o define como um "orixá", e segue, "pra mim é o maior músico vivo de todos os tempos". Além da parceria com Ware, o novo álbum também conta com participações de Seu Jorge, Max de Castro, Wilson Simoninha, Hyldon, e outros.
Boogie Naipe chega com 22 faixas focadas na sonoridade do "final dos anos 70 início dos 80" e que é definido pelo rapper como "um disco de música negra", mas que ainda sim é "um disco de rap", talvez pela soma do instrumental, da sonoridade e a forma de cantar de Brown, que permanece cadenciada.
Sobre o processo criativo, Brown conta que as primeiras músicas para Boogie Naipe, começaram a ser desenvolvidas há dez anos, mas que a ideia do disco surgiu há dois. "O disco tinha quase 40 músicas, quando paramos pra avaliar o repertório. Muita gente falou pra eu lançar um álbum com 10 faixas, outros falaram pra eu lançar com 12. Então eu atendi todo mundo e lancei um com 20". No entanto, 14 músicas ficaram de fora do projeto, "algumas finalizadas, outras não".
Brown participou do desenvolvimento de quase todas as batidas, criando e gerenciado o processo, "Esse disco é uma soma de muitos recortes de músicas que já existem". Quando perguntado sobre a diferença de gravar um projeto solo - que ele faz questão de enfatizar que não é, pela quantidade de pessoas que participam no disco - e gravar com os Racionais, Brown é claro, "No Racionais eu faço o que eu quero, também. A diferença é que no meu disco eu participei com muito mais compositores do que o Racionais comporta".
E não dá para fugir das perguntas sobre a "mudança de estilo". Mano Brown, tem sua imagem ligada de forma direta ao movimento do rap e hip-hop nacional, e agora, entregando um álbum mais dançante, os questionamentos vêm de todos os lados. Quanto a isso, Brown afirma que, "Eu já venho mudando há algum tempo. O Mano Brown é um ser humano, ele não é uma estátua". E segue, "O que me faz continuar é a música, não é o status. Eu estou saindo, abandonando a zona de conforto. Depois de 27 anos nada é igual, como o seu rap continua?". E mantendo a atenção sobre como sua obra pode ser vista pelo público, Brown afirma que está mais militante do que nunca, "Estou mais militante no dia a dia. Na prática. Não no outdoor".
Show de lançamento
Ainda sem uma data definida para o show de lançamento de Boogie Naipe, o rapper afirma somente que gostaria muito de realizar a estreia do disco com uma apresentação na Pedreira - perto da represa Billings - ou no Capão Redondo, local no qual mora. No entanto, isso deve demorar um pouquinho, pois Brown ainda está montando uma banda para o acompanhar nas apresentações, "Não quero uma banda comum, quero uma banda pesada". E agora, com uma banda no palco, o que pode mudar em sua performance? Brown diz que nada deve mudar, "Deve continuar a mesma coisa. Nunca fui de dançar muito".
O músico encerra a entrevista comentando sobre o alcance de sua nova música. Brown deixa claro que quer chegar onde o povo está, coisa que o funk [paulista e carioca] consegue fazer, "O povo que tá ouvindo funk, no pancadão, ouvindo samba, é lá que eu quero estar com o Boogie Naipe", enfatiza.
O novo disco de Mano Brown já está disponível em todas as plataformas de streaming - ouça abaixo.
