Música

Entrevista

Lollapalooza 2017 | Céu fala sobre Tropix, seu último disco, música e sonoridades

“O Palco é o reflexo das nossas coisas mais íntimas”

21.02.2017, às 19H35.
Atualizada em 21.02.2017, ÀS 20H10

Céu é uma das principais vozes do cenário musical contemporâneo brasileiro. Desde seu primeiro disco, homônimo, lançado em 2005, a cantora explora caminhos bem diferentes do status quo, chegando a uma mistura original entre sonoridades mais conhecidas, pitadas de tropicalismo e nuances eletrônicas.

Céu, de dourado, posa para sessão de fotos para divulgar Tropix

Mistura que fica muito nítida em seu primeiro álbum e retorna com nova proposta e estilo em seu quarto disco, Tropix, que, de acordo com a cantora tem um toque de contemporaneidade em conjunto com alguns fatores que sempre marcaram sua discografia. Céu, que está no meio da divulgação do álbum lançado em março do ano passado, comentou em entrevista exclusiva ao Omelete, um pouco sobre o processo de realização do novo trabalho e também sobre o percurso que percorreu até chegar em seu novo disco.

Logo de entrada, a cantora destaca que Tropix tem um som mais sintético, diferente dos dois últimos trabalhos que lançou, bem mais orgânicos.“Tem um toque de contemporaneidade”, e que isso se deve a participação de Hervé Salters e Pupillo na produção do disco, fator que ela ressalta ter agregado  “bastante à sonoridade”.

E claro, com esse tópico em destaque, Céu confessa que não é muito ligada à música eletrônica, mas ouve, sim, “algumas coisas com elementos eletrônicos”. “Na época do disco eu voltei a ouvir Kraftwerk, coisas com uma sonoridade mais soturna, sabe?”. E mesmo com essa mistura sonora que garante nuances e temperos mais modernos, a cantora e compositora destaca que precisa ser uma artista digital para não sumir, mas que em sua vida pessoal é bem analógica. “Eu tenho que ser uma artista digital, eu sou parte de um universo transicional. Cheguei num momento de grande apagão na indústria fonográfica. E agora é quase tudo digital. O digital tomou conta e se eu não for, talvez eu suma. É uma necessidade ser digital, principalmente para o mercado”. E continua, "Eu mesma, sou bem analógicazinha, mas é importante ser como os japoneses, surfar nas ondas com calma".

Tropix, além dessa sonoridade mais moderna e com pitadas de música eletrônica, também trouxe uma nova experiência para Céu, que pela primeira vez trabalhou durante todo o período de estúdio com os mesmos músicos, algo que ela também credita como algo que ajudou o som do disco a ser mais limpo e na feitura do trabalho. “Trabalhar com 3 músicos [Um power trio composto por Pupilo, da Nação Zumbi, o baixista Lucas Martins e o francês Hervé Salters,  nos teclados] me ajudou. O que rolou é que desde o primeiro disco eu tinha o desejo de trabalhar sempre com os mesmos músicos no estúdio e rolou justo no quarto disco, que eu queria algo high-fi, diferente do projeto anterior que foi low-fi, entende? Foi muito interessante fazer isso e os meninos entenderam e buscaram a proposta que eu tinha e ficou muito coeso, deu certo”.

Ela também destaca que o trabalho junto aos produtores foi um presente para ajudar no conceito do disco, “Eu passei o que eu queria [do disco] e fui vendo eles descobrindo como chegar lá, foi um presente. Eu falei pouco na verdade e foi um presente pra mim, começar uma história e eles a seguirem".

E depois desse processo novo de gravação e de quase um ano na estrada trabalhando e mostrando o álbum, Céu diz que suas impressões sobre Tropix continuam as mesmas de quando o lançou. Isso em conjunto com a epifania de que entender o que o público quer antes de ir para estrada é algo que ela desistiu de tentar. “A estrada traz uma série de coisas. E com esse quarto disco eu descobri que eu nunca sei o que vai acontecer, como o público vai receber a obra. Mas quando eu escuto, tudo está lá, a unidade, a sonoridade e as pessoas também entenderam isso", confessa.

Mantendo o tópico na seara das mudanças e do entendimento, Céu também comenta como sua filha, Rosa, mudou e colaborou para sua vida fora e dentro dos palcos. A compositora comenta que “desde que ela chegou tudo melhorou, em todos os aspectos”. E traça um link entre o período em que estava grávida e seu segundo álbum, Vagarosa, quando diz que “quando eu estava gravando, eu estava grávida e ele fala sobre amor, quietude, é quase um ninho. A Rosa foi acompanhando junto, a presença dela, no meu caso, melhorou minha vida e me deu mais segurança”.

Shows e músicas
Céu é uma das atrações do Lollapalooza 2017 e deve levar o show de seu novo álbum para o Autódromo, na íntegra, já pensando em como o público deve estar por lá. “Penso se as pessoas vão estar sentadas ou em pé, isso muda [a forma como a apresentação é pensada]. O show do Tropix tá bem pra frente e possivelmente vamos mantê-lo é uma oportunidade de levar o trabalho que eu acredito para mais pessoas".

Depois disso, ao se deparar com a sugestão de que indique duas músicas de sua carreira para quem gostaria de conhecer um pouco mais de sua sonoridade, ela pensa um pouco e segue, "Pergunta difícil", e comenta sobre o link que liga seu primeiro disco ao último, graças a presença de elementos pop, “o que gera uma conversa entre eles”, e segue, “Eles passam por um lugar mais pop e, de certa maneira, chegam em mais pessoas, volta um pouco ao meu cerne”, confessa. Por fim, Céu indica uma música de cada disco, como uma forma mais consistente de abrir as portas de todo o seu trabalho para quem tem o desejo de conhecer um pouco mais. Do primeiro disco, Céu (2005), vem "Malemolência", do segundo, Vagarosa  (2009), "Cangote", do terceiro, Caravana Seria Bloom (2012),  "Contra-vento" e de Tropix, "Perfume" - ouça o disco.

Céu se apresenta no Lollapalooza no dia 26 de março.

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

Ao continuar navegando, declaro que estou ciente e concordo com a nossa Política de Privacidade bem como manifesto o consentimento quanto ao fornecimento e tratamento dos dados e cookies para as finalidades ali constantes.