Música

Entrevista

Manimal | Júnior Lima e Júlio Torres falam sobre novo projeto eletrônico

Duo investe em músicas autorais e sonoridade inspirada por Justice e Daft Punk

28.06.2017, às 19H00.

Junior Lima tem navegado por ondas eletrônicas há algum tempo. Primeiro integrou o projeto Dexterz em conjunto com Amon Lima e Júlio Torres (em hiato desde 2014) e agora, desde 2016, - novamente em parceria com Júlio Torres - está criando e trabalhando sob o nome de Manimal.

Manimal Junior Lima e Júlio Torres
Gustavo Zylbersztajn

A dupla conta que o novo projeto surgiu como resultado de um período em que os dois produtores apresentaram o programa Collab no Youtube, quadro no qual explicam o processo de composição e gravação de músicas enquanto interagem com outros artistas. Desses processos surgiram “diversos sons voltados para a pista de dança”, os quais eles gostaram e decidiram focar para continuar criando.

Com uma pegada diferente e com um single lançado, “Think About It”, o Manimal tem tocado por diversas partes do Brasil, testando seu som e expandindo os horizontes com seu público. Sobre o processo criativo e os próximos passos do Manimal, o duo conversou com o Omelete e explicou um pouco mais sobre as peculiaridades, a sonoridade e o que muda nessa nova empreitada eletrônica quando comparada a anterior.

Sonoridade
De entrada, a Torres e Júnior confessam que o som criado por eles é influenciado pelo rock, disco e house music, tudo em conjunto com instrumentos musicais como bateria e guitarra, o que garante um “som mais orgânico”, comenta Torres. Sobre as influências sonoras do projeto, eles destacam o som do Justice, “por misturar rock descaradamente em suas tracks”, Crazy P, o movimento disco dos anos 70, Soulwax e Daft Punkpela modernidade e mistura de estilos”.

Toda essa mistura sonora também fica evidente no processo artístico da dupla que, de acordo com Júlio Torres, busca inspiração em tudo, “[...]desde exposição de arte até filmes”. Junior enfatiza ainda que a parte de concepção das faixas não tem uma regra definida, “Às vezes começamos programando um beat e compondo a música direto no computador para depois acrescentamos os instrumentos. Outras vezes, começo a ideia no violão ou guitarra e depois adaptamos para se tornar um som para pista de dança”.

Eles também comentam que entre as principais diferenças referentes ao trabalho que realizavam com o Dexterz e o que fazem com Manimal é a criação de músicas autorais, com guitarra e muita influência de rock, “[...] o resultado disso é que o som ficou mais focado no groove e um pouco mais pesado”, destaca Junior. Assim, esse mix de elementos sonoros usados para criar as músicas do Manimal torna ainda mais complexo enquadrar as composições da dupla em um segmento específico da música eletrônica. Torres destaca que isso se deve ao fato da dupla estar em busca de criar um som no qual acredita e Junior complementa que a dificuldade que pessoas têm para classificar o som que eles fazem é algo bom. “Sinal que tem bastante identidade. Não queremos copiar nenhuma fórmula pronta. As pessoas têm gostado muito do que estamos fazendo”.

Os testes para o som
O duo, antes de iniciar suas apresentações pelo Brasil, fez uma apresentação surpresa na Clash Club - casa paulistana conhecida por sua intensa programação voltada ao segmento eletrônico -. Sobre este momento, Torres comenta que a apresentação gerou a “melhor sensação do mundo, ver as pessoas curtindo nosso som simplesmente pelo fato da música que estávamos fazendo”, e Júnior segue afirmando que a apresentação foi desafiadora, “mas fundamental para testarmos nossas músicas na pista”.

A dupla agora tem planos de focar no Brasil e posteriormente buscar outros mercados, “[...]sonhamos em levar nosso som para o máximo de pessoas possível. Queremos ver as pessoas em contato com o seu eu mais íntimo, esse conceito, inclusive, foi parte da inspiração para o nome Manimal, pois acreditamos que a música tem o poder de fazer com que as pessoas se sintam mais próximas de si mesmas quando dançam”.

Júnior e a música eletrônica
Conversar com Júnior Lima sem comentar sobre o seu passado musical é algo quase impossível. O multiinstrumentista e produtor, quando perguntado sobre as diferenças entre o mercado popular e o da música eletrônica, enfatiza que a “maior diferença é a possibilidade de produzir uma música nova e testá-la nos shows antes de, efetivamente, lançá-la – algo que não é possível de ser feito na cena de onde eu venho”. O músico afirma ainda que sua experiência prévia na estrada o ajuda em todas os segmentos do novo projeto. “Tudo o que eu aprendi com a minha carreira anterior me serviu como ferramenta para que hoje eu conseguisse lidar com qualquer questão – tanto para gravar em estúdio, como para improvisar no palco. O ‘jogo de cintura’ é fundamental para quem vive na estrada".

Já sobre o peso artístico que seu nome carrega, justamente por ter feito parte de uma das duplas mais conhecidas do mercado musical brasileiro, ele confirma que isso é algo que “ajuda e atrapalha”. “A gente não precisa se apresentar [para as pessoas] e isso abre muitas portas para o Manimal, portas que talvez um artista em início de carreira tivesse mais dificuldade em abrir”. Já quanto às dificuldades ele ressalta que sua imagem ficou muito atrelada a outros gêneros e músicas, “[...] e ao meu passado, pelo tamanho que teve o meu primeiro projeto musical. Neste momento estou trabalhando para desconstruir essa imagem preconcebida que algumas pessoas têm ‘do Junior’ e, mais que isso, atualizar a cabeça das pessoas, para que elas realmente conheçam o Manimal, não o projeto do 'ex-SandyJunior'", pondera.

O duo encerra a conversa confirmando que já tem mais de 10 faixas prontas para lançar e que o processo de divulgação deve acontecer ainda no decorrer de 2017. Atualmente, a única inédita divulgada pela dupla foi “Think About It” que ganhou clipe com participações de Ariel Goldenberg, Marco Luque, José Aldo, OSGEMEOS e Carol Trentini. Sobre esse material, Júnior explica que o conceito do vídeo surgiu após uma visita à ONG Alma de Batera, “onde pude trocar experiências com os alunos e concluímos (eu e os alunos) que a imersão no instrumento gera uma sensação de que o músico visita outro mundo quando está tocando. Baseado nisso, surgiu a ideia do personagem que enxerga a essência de cada um” - veja abaixo.

Manimal já é uma das atrações confirmadas para o palco eletrônico do Rock in Rio 2017 e segue com uma turnê pelo Brasil durante os próximos meses.

Omelete no Youtube

Confira os destaques desta última semana

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