Música

Entrevista

Pig & Dan: Principais produtores de Techno na atualidade falam sobre criação e sets

Comparando seus sets a uma experiência sexual, a dupla se destaca por melodias acolhedoras e toca nessa sexta (21) no Electric Zoo

21.04.2017, às 17H17.
Atualizada em 21.04.2017, ÀS 20H00

A história de como surgiu uma das principais duplas do Techno mundial é um pouco diferente. Pig & Dan, um da Inglaterra o outro da Espanha, se conheceram, por acaso, em um avião. Dan Duncan, músico prodígio, que se dedicou ao Drum n Bass na década de noventa, se uniu a Igor Tchkotoua, quase que por acaso e deram início a uma das experiências sonoras mais interessantes do segmento eletrônico. A dupla que já confessou que pensa em seus sets como uma experiência sexual, ["Pra ajudar as pessoas a saír da terrível rotina diária, a gente tenta olhar para o nosso set como um tipo de experiência sexual. Isso pode soar estranho, mas um monte de DJ´s só chega e dá tudo que tem de uma única vez. Se você simplesmente entra e faz tudo de uma vez, é chato e não-efetivo depois de um certo tempo. Nós gostamos das preliminares e de construir o orgasmo musical"], é reconhecida por ir além do gênero que colocou seu nome no radar.

Pig & Dan atração do Electric Zoo Festival

Apostando sempre na musicalidade a dupla (que toca nessa sexta (21) no Electric Zoo Festival, em São Paulo) não abre mão de criar suas faixas investindo em diversas outras vertentes da música eletrônica o que já rendeu um disco de downtempo, outro de prog tech entre outras produções que ampliam muito o range de ação dos dois produtores. Pra falar sobre isso e outros assuntos, Dan Duncan conversou com Omelete, representando a dupla, e comentou sobre carreira, tocar em festivais e como é ter uma relação criativa de tanto tempo sem que ela perca a força e a autenticidade. Leia a entrevista exclusiva de Pig&Dan.

Logo de entrada Dan abre o jogo sobre a forma como a dupla trabalha e consegue se manter extremamente criativa por tanto tempo ao confessar que a dupla compartilha uma "sinergia incrível no estúdio e atrás das pick-ups".  Eles também são bons amigos fora dos palcos o que ajuda na busca por serem diferentes sem perder a identidade que faz com que o som do P&D seja reconhecido em qualquer lugar. "Eu acho que o nosso principal elemento é sermos muito diferentes na forma como criamos. Igor é o Caos e eu sou mais Ordem. Isso poderia ser considerado um choque, mas nós usamos isso como vantagem e com o passar dos anos nossas influências tem se misturado um pouco, e isso faz com que a gente ainda consiga se divertir", destaca.

Já sobre a forma que a dupla encontrou para produzir, Dan comenta que ela funciona de uma maneira completamente orgânica. "Nós testamos e percebemos se alguma coisa fica boa. Nós realmente gostamos de experimentar e, na verdade, eu não tenho ideia de como a gente consegue o que a gente consegue com esse processo". Ele também comenta que a dupla funciona como uma usina de ideias, "Nós dois tentamos coisas e trocamos ideias o tempo todo e isso acontece por todas as partes do mundo, já que a gente sempre escreve em aviões, hoteis... e uma coisa é certa, nós somos compositores prolíficos e quase sempre fazemos muitas músicas o que também é uma vantagem para nós como DJ´s porque temos conteúdo que é realmente original", enfatiza.

Assim, com um grande catálogo de produções, a dupla costuma tocar faixas inéditas em quase todos os seus sets e isso desperta a curiosidade de como eles fazem para colocar tantas influências na música que criam? Dan responde que isso é "Basicamente uma loucura completa. Isso [a criação] é o que vem pra gente e nós não temos controle sobre esse processo.  Criação é uma coisa estranha, pois se você analisa, ela não funciona, você só tem que ir com o flow e deixar que ela encontre o caminho". Ele segue comentando que uma das coisas que ajuda a dupla a buscar desenvolver sons fora da zona de conforto é basicamente a criação mútua de desafios musicais, "Nós realmente tentamos fazer um pouco de tudo, não nos segurar aos gêneros e manter distância de criações genéricas", pondera.

E como pessoas que buscam inspirações em todos os lugares do mundo, eles têm uma visão muito interessante sobre os principais pontos de música eletrônica do planeta.  Para eles, há algum tempo, Argentina, Holanda e Japão disputam entre si o posto de Meca da música eletrônica e justificativa é bem simples, "Essas áreas em particular têm raízes muito profundas na cultura musical. A paixão das pessoas pela música em conjunto com a resposta do público faz com que não exista algo parecido em nenhum outro lugar do mundo. Existe muita história e background musical nesses países".

Já sobre as apresentações da dupla, Pig & Dan tocam nos principais festivais do mundo e dividem espaço com alguns dos grandes nomes do EDM mundial, como no caso do Electric Zoo no qual Hardwell se apresenta no mainstage. No entanto, Dan afirma que não estão ligados ao que acontece nesse segmento da música eletrônica "simplesmente por que estamos focados no nosso círculo e não temos tempo para isso",  e seguem ressaltando que "Mesmo não sendo nosso som, sentimos que é um movimento incrível porque está abrindo muitas portas para pessoas que talvez nunca teriam ouvido música eletrônica. E lógico, com isso, muitas pessoas e também DJs de EDM começaram a prestar mais atenção no Techno".

Ainda sobre tocar em festivais ou clubes o produtor revela que eles adoram os grandes eventos. "Nós sentimos que é a nossa fortaleza por que nosso som se encaixa muito bem com esse ambiente e a gente adora multidões", destaca. Ele ainda segue comentando que adora o nervosismo e a ansiedade que surgem antes de ir para o palco. Sobre os sets, como de praxe, a dupla comenta que nunca decide o que vai tocar antecipadamente. "Nós não planejamos sets porque acreditamos que precisamos sentir e ler a situação da forma como ela acontece. Ser um DJ é muito mais sobre psicologia do que só colocar faixas uma atrás da outra", e seguem, "Eu acho que muitos DJs não entendem a psicologia de ler as pessoas e ver pra onde eles querem ir como um todo. No final das contas, nós estamos lá pelas pessoas e não o contrário. E nós realmente adoramos o desafio de ter todas as pessoas dentro de uma mesma jornada o que não é algo fácil".

Sobre os DJs e produtores do Brasil, Dan diz que eles têm uma relação muito próxima com ANNA, Victor Ruiz, e Webhha. "Nós adoramos os sons que vem dessa parte do mundo". ELes ainda confessam que todos esses artistas brasileiros já lançaram ou ainda vão lançar tracks pelo selo da dupla, Elevate.

Por fim, graças a um catálogo consistente e repleto de possibilidades para quem gosta de música eletrônica, Dan faz duas sugestões para os interessatos em conhecer um pouco mais da música que a dupla tem produzido durante todos esses anos. "Eu recomendaria faixas dos nossos dois discos recordistas de vendas, por causa do apelo deles a uma audiência mais ampla e também por, talvez, ajudar a abrir a porta para a música eletrônica". De cara ele sugere "'Growler', nossa primeira faixa a atingir o número das paradas é robusta e profunda, mas de alguma forma atravessa por gêneros por causa da forma como é construída em torno de uma parte melódica principal. E como às vezes menos é mais, as pessoas acham fácil digerir essa faixa caso elas não tenham ouvido nada desse gênero anteriormente". A segunda sugestão é "'Chemistry', uma música que é Dark e lo-fi, no entanto ela tem partes eufóricas e convidativas. Tem uma melodia positiva e é bem melancólica" - ouça abaixo.

Pig & Dan tocam nessa sexta (21) no Electric Zoo Festival, no palco Awakenings. O Festival acontece no Autódromo de Interlagos e conta com nomes como Hardwell, Gui Boratto, ANNA, Vintage Culture entre outros.

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