Música

Entrevista

“Posso fazer a música que eu quero”, diz Arty em seu retorno ao Trance com Alpha 9

DJ, que recentemente lançou faixa com Bruce Springsteen, se apresentou no ULTRA Brasil

17.10.2017, às 13H12.
Atualizada em 17.10.2017, ÀS 14H03

Arty é um daqueles DJs e produtores que se destaca pela sua versatilidade e juventude. Com uma história de garoto prodígio, formado em uma escola de música de seu país natal, para posteriormente se dedicar à música eletrônica, o artista de 28 anos sempre foi reconhecido por sua criatividade musical e por seus acertos no gênero que o levou a ser mundialmente conhecido, o Trance Progressivo. No entanto, há algum tempo, Arty tem flertado um pouco mais com sons englobados pela EDM radiofônica e colhido bons frutos, mas sem perder o contato com suas raízes, algo que o fez retomar o projeto Alpha 9 - focado em trance - que o trouxe de volta ao Brasil.

O DJ e produtor que apresentou dois sets no ULTRA Brasil, conversou com o Omelete e falou sobre sua música com Bruce Springsteen e sobre a liberdade de fazer música do que jeito que quiser. Assim, nessa passagem pelo Brasil, o russo trouxe o projeto Alpha 9 e entregou um set certeiro, bem construído e cheio de nuances para um público 10% interessado em ouvir Trance. Sobre essa experiência, o russo de 28 anos, confessa que por ser sua estreia em terra tupiniquim, tocando esse gênero, ele quis entregar um set com faixas mais pesadas. “Essa é a primeira vez que eu venho ao Brasil para tocar Trance. No meu primeiro show aqui, em 2012 ou 2013, eu já estava em uma mudança, caminhando para uma sonoridade mais House. Hoje eu fui pro palco e toquei, não coisas underground, mas faixas que o público poderia não conhecer. Eu não sabia qual seria a reação deles. Poderia ser um pouco blasé. Mas no fim das contas foi uma noite excelente”.

E isso era claro no rosto das pessoas que dançavam na pista ao som das faixas de seu projeto e também de clássicos de Armin van Buuren entre outros bons nomes de um dos gêneros mais instigantes da música eletrônica.

Mas uma coisa chama a atenção sobre Arty e Alpha 9; os dois projetos contam somente com o produtor criando e entregando as músicas, algo que desperta a curiosidade sobre o funcionamento de seu processo criativo: Será que o processo de criação de faixas para ideias tão distintas é algo muito diferente?

Arty afirma que sim. “Nas faixas que eu componho para o Alpha 9 eu posso colocar muita emoção. Criar Trance, pra mim, está em um ponto no qual simplesmente não me importo com o que eu estou fazendo. É algo que vem do coração. Já com o projeto ARTY é um pouco mais específico. Ainda vem do coração, mas minhas raízes estão no Trance e é muito bom voltar à isso e fazer algo que eu não preciso pensar. São criações que talvez as pessoas queiram ouvir, talvez não, mas vêm diretamente do fundo do coração”. O produtor fecha sua explicação sobre os dois trabalhos, destacando que apesar das diferenças sonoras, os dois projetos têm o mesmo senso musical, pois “atrás deles ainda existe a mesma pessoa, que sou  eu”.

E a diferença entre os dois projetos também se encontra nas possibilidades de trabalho que se abrem a frente do russo. Arty, recentemente, lançou a faixa “Supposed To Be” - primeira música da história da EDM a contar com aval de Bruce Springsteen. Sobre essa criação, Arty confessa que foi algo muito intenso: “Eu fiquei trabalhando nessa música por, sabe lá Deus quanto tempo. Foi mais de um ano ou algo assim. E então tinha toda uma preocupação com a música para que ela ficasse boa, mais a tensão para ter certeza de que Bruce ficaria feliz com o que eu estava fazendo, pois quando você tem esse tipo de artista na sua música, você não pode foder tudo, você precisa entregar o melhor que você tem”.

E parece que ele conseguiu, já que a recepção do trabalho foi positiva em diversas partes do mundo, e é possível perceber também o uso de elementos sonoros que aproximam o produtor de algo ainda mais pop, algo que parece ter gerado boas conexões entre o público e a faixa. “Pra ser honesto, essa música significa muito pra mim. Muita gente tem feito conexões pessoais com a música. Quando eu ouvi a letra e comecei a trabalhar na sonoridade, foi algo muito bacana. Eu me dediquei 100% a essa criação para ter certeza de que seria algo que significa tanto pra mim, mas que também pode significar tanto para outras pessoas e todo mundo vai ficar feliz com isso”, e segue, “É uma música pop, mas você não pode julgar música pop só pelo termo pop. Afinal de contas, música pop significa muitas coisas. Algumas músicas, como “Supposed To Be”, não são EDM, não pertencem a nenhum gênero eletrônico, mas pertencem a alguns limites nos quais ela realmente funciona. É uma música sobre emoções, sobre a sua jornada, é sobre o fato de que ainda existe esperança. A letra tem tanta coisa, que você precisa pensar nela de forma independente. E quando você pensa dessa forma, sua mente se abre um pouco mais”.

Por fim, Arty parece estar vivendo um bom momento na carreira. A empolgação do artista enquanto fala sobre seus projetos e sobre estar na estrada faz parte do ambiente e isso ele deixa bem claro: “definitivamente eu estou mais feliz agora do que no ano passado”. Ele justifica essa sensação, principalmente, por ter descoberto o que queria fazer e pela liberdade musical que conseguiu neste último período.

“Ano passado foi algo como uma transição pra mim: Pra onde eu vou? Que tipo de música eu quero fazer? Em alguns pontos você precisa pensar sobre o seu passado, mesmo que as pessoas digam pra você não ficar preso a ele. Afinal de contas, existem boas coisas no seu passado. E a boa coisa do meu passado foi ter feito Progressive Trance, retornar às minhas raízes… Agora, com os dois projetos, eu posso fazer a música que eu quero, sem fronteiras, eu posso fazer o que eu quiser. E essa sensação de liberdade, de que eu posso ir pra onde eu quiser, como um produtor, é uma coisa realmente incrível”.

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