Música

Entrevista

Stranger Things | Supervisora musical fala sobre a importância da música na série

“Todo momento musical é importante”, diz Nora Felder

Omelete
4 min de leitura
09.11.2017, às 14H08.

A série sensação Stranger Things chama atenção por muitos motivos, e um dos maiores deles é a música. Não apenas a trilha sonora original, composta por Kyle Dixon e Michael Stein, mas as escolhas das músicas são essenciais para criar o clima tão anos 80, característico da série. A responsável por isso é Nora Felder, supervisora musical que acompanha o projeto desde a sua criação. Em entrevista ao Omelete, Felder nos contou sobre a sua trajetória e falou sobre a música na série dos irmãos Duffer, como é o processo de seleção e a sua importância para o seriado.

Felder começou sua carreira em Nova York, como assistente do renomado produtor Phil Ramone (mundialmente conhecido por trabalhar com Burt Bacharach, Billy Joel, Ray Charles e Bob Dylan). Depois de ter crescido até virar vice-presidente da empresa de Ramone, Felder diz que foi ele quem a encorajou a ir atrás de supervisão musical: “Eu tive muita sorte de ter Phil na mesa de som, porque seu instinto estava certo! Eu senti uma progressão natural em combinar música com mídias visuais”.

Depois de trabalhar em diversos filmes (incluindo Operação Cupido, Romy e Michelle e A Volta do Todo Poderoso) e mais tarde nas séries Californication e The OA, Felder foi chamada para participar do projeto da Netflix, Stranger Things. O que mais a animou sobre a ideia foi trabalhar com músicas da década de 80: “Eu sempre fui fã dos anos 80”, disse ela. “A década me lembra de meus dias em Nova York”.

Segundo ela, o processo de seleção musical em Stranger Things é feita muito em conjunto com os irmãos Duffer: “Eles estão envolvidos no roteiro, direção, voando para cá e para lá na sala de edição, então eles sempre estão cientes de qualquer informação da produção. Depois da filmagem, todo mundo senta junto numa sala para trabalhar em cima de cada capítulo, e fazemos sessões musicais para determinar qual será a paleta musical de cada episódio. Os irmãos Duffer estão envolvidos fortemente em todos os aspectos da história deles, incluindo a música”.

Sobre estar envolvida em um projeto que deu fama principalmente a duas duplas de homens, os irmãos Duffer e os compositores Dixon e Stein, Felder disse que ser mulher traz uma nova perspectiva: “Um Yin ao Yang sempre ajuda, de modo geral, porque mulheres podem interpretar elementos de uma cena de uma forma diferente do olhar masculino. A perspectiva combinada sempre ajuda a criar um equilíbrio saudável para qualquer projeto, assim como na vida”.

Em Stranger Things, uma das coisas mais legais da trilha é que ela é usada de forma totalmente incluída na trama. Geralmente, as músicas que o telespectador ouve são as músicas que tocam na vida dos personagens, na vitrola, na rádio, no carro, e por aí vai. “Cada momento musical é importante para a história. Seja tocando alto em uma cena ou baixinho ao fundo, ela impacta gritantemente ou sussurra sutilmente uma mensagem no ouvido do telespectador. Isso fornece uma atmosfera para a história e dá profundidade aos personagens, ou dá leveza para uma situação específica”.

Sobre a segunda temporada, que estreou recentemente, Felder diz que pouca coisa mudou, mas houve fatores determinantes para a seleção musical: “Não houve uma direção musical realmente nova, mas a adição de novos personagens e a mudança do ano para 1984 nos permitiu escolher mais músicas, e passar por mais gêneros”. Um personagem específico foi determinante para isso: “A maioria de nossas escolhas musicais é feita de acordo com a personalidade do protagonista na cena, então Billy como novo personagem trouxe principalmente o Hard Rock”. Dois exemplos de trilha de Billy deixam isso claro: na segunda temporada, o bad boy é introduzido com “Rock You Like a Hurricane”, do Scorpions, de 1984, e em seu quarto ele ouve “The Four Horsemen”, do Metallica, álbum de 83.

Agora é aguardar para saber mais da trilha da terceira temporada, que deve trazer uma bela mudança, no mínimo pelo salto temporal que haverá, já confirmado por Ross Duffer. Quem sabe no próximo ano não temos hits do fim dos anos 80, como The Bangles, U2, Madonna, Lionel Ritchie, ou, para delírio dos memes, Rick Astley? Seja como for, já dá para dizer que, como a primeira e a segunda, a terceira temporada já terá sucesso garantido na trilha sonora.

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