Música

Entrevista

Tom Chaplin, do Keane, fala sobre drogas e já pensa em novo álbum

Vocalista lançou The Wave, seu primeiro álbum solo, em setembro

13.12.2016, às 13H03.
Atualizada em 31.03.2017, ÀS 18H15

Tom Chaplin, vocalista do Keane, banda em hiato desde 2013, lançou recentemente seu primeiro disco solo, The Wave. Com uma sonoridade um pouco mais pop, possibilidades vocais ampliadas, mas sem perder sua assinatura, e versando sobre temas pessoais de um período no qual precisou lidar com seu vício em drogas, Chaplin conversou com o Omelete, por telefone, e contou um pouco sobre o processo de criação, as influências e as mudanças que trabalhar em um projeto só seu trouxeram para sua vida.

tom chaplin do keane

Logo de entrada, Chaplin confessa que a principal diferença entre seu trabalho solo e o que ele faz com o Keane é a motivação. "O meu desejo de criar mais, cresceu com o tempo. Esse álbum é diferente porque é minha vida, são meus sentimentos". E segue, "A motivação principal para um trabalho solo é que no decorrer dos anos eu notei um crescimento da minha vontade de liberar minha criatividade, e o Keane não era o lugar certo para eu fazer isso. Eu tinha que conseguir o meu próprio processo, então, em 2013 eu me afastei do Keane, para um descanso, ir atrás de projetos solo, e comecei a fazer isso", enfatiza.

Sobre o caminho que o levou até as 11 faixas (16 na versão deluxe) que entregou ao público, Chaplin comenta que após se afastar do Keane e começar a pensar na criação de um projeto solo, percebeu quão difícil é escrever uma música para chegar a um disco. É importante lembrar que o compositor das letras do Keane é Tim Rice-Oxley, e Chaplin partiu para a carreira solo como uma possibilidade de cantar suas próprias músicas. No entanto, ele confessa que teve problemas até conseguir desenvolver um álbum, "Tive problemas pelo caminho, tive um bloqueio criativo, no qual eu não conseguia escrever nada, depois que fiquei bom, o fluxo criativo retornou e tem sido incrível". Nesse ínterim, ele também precisou lidar novamente com problemas referentes a dependência química, algo que já havia tratado durante seu período no Keane, e problemas familiares.

No entanto, ele confessa que conseguiu sair dessa fase complicada da vida principalmente por causa de sua família, "Minha família me deu muito apoio, grande parte das músicas do disco são muito pessoais, sobre a minha família, "Solid Gold" é uma música sobre a minha mulher, sobre nosso casamento e relacionamento", ele também confessa que escreveu diversas faixas para sua filha, nascida em 2014.

Chaplin segue, de forma bem honesta, falando sobre como o processo o ajudou a se mostrar como músico e compositor, tudo em consonância com a luta contra seus demônios e traumas. "Eu sinto que estou gostando de fazer música mais do que nunca. Pela primeira vez estou dando voz a essa parte interna minha. Minha expressão única. Eu realmente estou aproveitando isso, estou gostando das pessoas reagindo a isso [a música]. Eu quero continuar fazendo [música] até que eu canse. Honestamente, eu não sei por quanto tempo isso vai continuar acontecendo, mas eu meio que sinto que tenho outros álbuns solo em mim e eu gostaria de manter a forma como estou fazendo música nesse momento. Tudo sobre esse processo significa o começo de uma nova vida e eu só quero que isso continue".

Sobre o processo de criar, compor e gravar, Chaplin diz que era muito inseguro e que não tinha certeza se seria capaz de fazer o disco, mas que agora com o material pronto ele se sente muito bem e segue comentando sobre o fato de poder escrever sobre sua vida e sobre seus problemas. "Agora, nessa fase da minha vida, eu não quero escrever música falsa, eu me considero uma pessoa normal, com uma vida normal. Claro que em alguns momentos da minha vida eu viajo pelo mundo, cantando, essa é uma parte muito especial, mas eu quero cantar sobre coisas que as pessoas comuns possam se relacionar", destaca.

Chaplin em meio as confissões, acaba afirmando que já tem planos para um próximo disco solo, "já estou pensando nisso", e comenta sobre os fatores mais interessantes em desenvolver seu próprio sistema criativo. "Uma das melhores coisas em fazer um álbum solo é poder mostrar o que você é realmente. Você pode trabalhar com outros produtores, outros músicos. Eu realmente posso fazer o que eu quiser. Eu realmente quero explorar novas ideias em meu próximo disco, eu realmente já estou pensando sobre isso, misturar diversos estilos musicais, ter a permissão para explorar diversos estilos de música, algum tipo de música pop e brilhante. Eu ouvi o cover que o Bruno Mars fez em uma sessão da BBC, aqui. Eu acho que a minha voz se encaixa nisso e como eu posso ampliar meus horizontes, trabalhar com produtores e compositores diferentes e desenvolver minha música nessa aventura solo".

Sobre uma possível turnê pelo Brasil, o músico comenta que está tentando fazer isso acontecer, mas que o "maior problema é que essa não é uma turnê do Keane, então é bem difícil ver como fazer isso funcionar financeiramente". E destaca, "tenho recebido muito suporte das pessoas da América Latina, eu quero, desesperadamente, tocar ai". E encerra, "estou ansioso para tocar as novas músicas e também algumas do Keane por ai, em algum ponto de um futuro próximo, espero que no ano que vem".

Ouça The Wave abaixo

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