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London Arena

London Arena

01.11.2002, às 00H00.
Atualizada em 07.11.2016, ÀS 21H01

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EXTRA, EXTRA!

A London Arena dessa vez pede licença para Londres, pega um avião em direção à Big Apple e promete contar tudo de excitante que anda acontecendo por aquelas bandas.

E olha que não é pouca coisa...

Antes, só um parênteses, já escutou a nova música do Yeah Yeah Yeahs!? E o Radio 4? E o The Realistics?

Não?!... Ah, deixa pra lá... A história aqui é outra.

Pra começar, durante quatro noites de deixar os olhos de qualquer amante de música cheios de água, a notívaga Nova York abre as portas para o maior festival de música dos EUA, o CMJ Music Marathon. Realizado anualmente, o evento promete reunir mais de 10.000 músicos (!), começando na tarde do dia 30 de outubro e terminando na madrugada do dia 4. O CMJ, para quem não sabe, é a porta de entrada para qualquer nova banda inglesa que quer desbravar o mercado norte-americano. É também, normalmente, o primeiro palco de centenas de bandas americanas fresquinhas, que nem contrato assinado têm. Além disso tudo, há ainda shows especiais de artistas consagrados, debates, exibições de filmes, showcases de gravadoras, distribuição de CDs e uma porção de outras cositas.

O festival é organizado pela bacana revista bimestral CMJ (Jornal da Música Universitária), que toda edição presenteia o leitor com um cdzinho cheio de bandas novas.

Isso é uma coisa.

A outra é um evento que promete chacoalhar a cidade quase tanto quanto a queda das torres gêmeas: o show do Beck. (Desculpe-me pelo humor negro, mas não resisti...).

Além de tocar músicas de Sea Change, seu excelente novo álbum, o ex-moderno, ex-relaxado e ex-queridinho dos snowboardistas, vai ter como banda de apoio ninguém menos do que o pessoal mais legal de Oklahoma: os psicodélicos-existencialistas do Flaming Lips. O show deve ser histórico e a London Arena promete marcar presença e contar para você como tudo rolou.

E não é só. Desta vez, escrevo o texto a bordo de um avião da American Airlines que vai me deixar em Nova York. Antes de dar uma belas mordida na maçã, a London Arena coloca a terra da rainha na roda pra falar de duas adaptações de romances londrinos, que estão passando neste exato momento nas telinhas à minha frente.

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Nick Hornby Vs Tony Parsons

Coincidência das coincidências, o menu de filmes desse voô London-New York oferece, além de programas sobre animais e um episódio da série Everybody Loves Raymond, dois filmes com o mesmo tema: a relação entre um trintão, morador do norte de Londres, e um garoto.

Sacou? Trata-se de Um Grande Garoto, a adaptação para a telona do romande de Nick Hornby, e Man and Boy (batizado por aqui como Pai e filho), livro do jornalista inglês Tony Parsons que acabou convertido em filme para a telinha.

Um Grande Garoto, terceiro livro de Hornby, chegou ao Brasil via livro e via Hollywood. Já o primeiro romance, semi-autobiográfico, de Parsons, acaba de chegar às livrarias brasileiras e a LA recomenda (leia um trecho, aqui). Já o telefilme, feito especialmente para a BBC, não tem previsão de lançamento por aí.

Parsons, um ex-jornalista da NME, tem um texto gostoso e também usa a cultura pop para colorir a sua história: um produtor de um talk show perde a mulher e o emprego por causa de uma noite de sexo com uma colega de trabalho e tem que mudar sua vida para se dedicar ao filho de 4 anos. Se o truque de Hornby é usar a música pop para dar sabor à sua escrita, o de Parsons, assim como fez o cineasta norte-americano Kevin Smith, é usar o filme Star Wars.

O engraçado é que, enquanto eu assistia a Man and Boy, minha vizinha de poltrona dava risadas com About A Boy.

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Flaming Lips e Beck: a turnê do ano


Beck

Flaming Lips

Tremendo de frio pelas ruas de Nova York, a LA partiu em direção do Beacon Theater, um luxuoso espaço para shows que vai abrigar o nosso Caetano Veloso no finalzinho de novembro. Mas a dura missão da noite era conferir um dos shows do século: a turnê de Beck e Flaming Lips.

Ambos, segundo esta coluna, são responsáveis por dois dos melhores álbuns do ano, e a idéia dessa turnê parecia boa demais para ser verdade.

O plano era o seguinte: depois de abrir o show, os Lips estavam incumbidos de voltar ao palco para servir de músicos para as canções de Beck. What are you thinking!?, foi a resposta de Wayne Coyne quando Beck fez a proposta, há alguns meses.

Tudo que ele estava pensando era juntar a psicodelia, energia e maluquice da banda para criar novos arranjos para suas música e, claro, se divertir. Flaming Lips e Beck: a turnê do ano

Só que Beck correu um grande risco. Os Flaming Lips são tão bons quanto ele. E Beck sabe disso. Tanto que no show, quando ele tentou fazer um cover de Do You Realize?? e não conseguiu atingir o agudo que o refrão requer, ele parou de tocar, disfarçou um pouco e declarou o seu amor aos Lips. No mesmo instante um cara da platéia gritou: They are better them you!. Beck escutou, deu risadas e confirmou. Realmente, eles são melhores do que eu. E, espertamente, emendeou :mas se você não pode ganhar deles, junte-se a eles.

E foi isso que Beck fez durante a maior parte da apresentação. Apenas nas primeiras quatro música ele tocou num estilo quase João Gilberto: banquinho, violão e gaita. Era hora de ele desfilar algumas das belas canções de Sea Change, seu novo álbum altamente influênciado por Serge Gainsbourg e Nick Drake, e algumas de One Foot On The Grave.

Mas o melhor foi a alquimia entre os dois, que rolou muito bem nos clássicos de Beck como Devil´s Haircut, Loser e Where It´s At. Foram as músicas que mais animaram a platéia, principalmente o Foo Fighter Dave Grohl. Sentado ao lado de uma bela loira, algumas poltronas atrás de onde eu estava, Dave sorria à toa e balançava a cabeça enquanto Beck disparava I´m a Loser, baby, so why don´t you kill me. (Será que alguma outra loira passava pela mente dele naquele momento?)

Já a nova versão de Pay No Mind, do ótimo Mellow Gold, ficou exagerada e perdeu o clima relaxado e espontâneo da original.

Beck também aproveitou o clima meio estranho da canção One Foot in The Grave para impersonificar um rapper com a sua gaita e um crooner com o seu jeito de cantar. Quando não tocava as músicas mais calmas do novo álbum, Beck Hansen dançava daquela maneira cool, meio Elvis, meio Prince, que é a sua marca registrada.

Para completar o sonho de todos os presentes, as luzes do Beacon se apagaram e Beck voltou vestindo um roupão com luz própria, meio futurista, para levar a casa abaixo com uma nova versão de Devils Haircut. A noite foi tão espetacular como prometia.

Do show de abertura do Flaming Lips, a coluna vai revelar pouco, já que eles tocam em Londres em janeiro e devem conquistar mais espaço por aqui. Mas vá lá, a LA separou alguns flashes só para você ter uma idéia da loucura: ao lado da banda, mais de vinte pessoas fantasiadas de bichos pulavam feito doidas com lanternas nas mãos. E o telão teimava em transmitir uma operação no pulmão. Bizarrice pouca é bobagem...

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CMJ - A maratona da Mùsica

Os editores do Omelete vão me matar se eu escrever mais alguma coisa (eles sempre reclamam do tamanho da coluna...) [N.E. - as colunas do Zappia são as que mais demoram na revisão e na diagramação!!! :-)], mas como o festival ainda está na metade e eu ainda tenho que conferir muitas bandas, detalhes do CMJ ficarão para a próxima edição. Ou, quem sabe, uma edição especial [N.E. outra vez - ahhhh!!!] ;-)

Só um aperitivo. O show de abertura foi ontem (depois do show do Beck eu corri pra lá) e rolou um excelente show do Radio 4, o Televison dessa nova geração do rock de NY, e uma performance magnífica dos suecos do Soundtrack of Our Lives. E ainda deu tempo de ir ver um pouco do Of Montreal no lendário CBGB.

Hoje, (quinta, 31) fui em um debate com o guitarrista Johny Mar, e vi o divertido duo eletrônico com um dos melhores nomes de banda da semana I Am The World Trade Center. Além disso, ainda vou atrás de Yeah Yeah Yeahs!, Enon, Calexico, Blonde Redhead, Eletric Six e muito mais. Depois te conto.

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Expresso de Nova York

:: notas quase rápidas, essenciais e politicamente corretas dentro da maça mais famosa do planeta ::

  • Quase fui atropelado por uma Blazer preta com os vidros esfumaçados no meio da loucura que é Times Square. O motorista, na maior cara de pau, deu ré em cima da faixa de pedestres e quase passou por cima de mim e de uns 54 japoneses. Antes que eu tivesse a chance de xingar o cara, dezenas de meninas (nenhuma japonesa) começaram a berrar ao meu lado. É que de dentro da Blazer, além de dois enormes seguranças, desceu o rapper Ja Rule.

    Veja bem, não é que eu reconheci o cara. Tive que tirar minha dúvida com um negão... ops, afro-americano que, depois de ter visto o rapper, só ficou repetindo Man, that was hot! That was fucking hot! Ja Rule... Hot!

    O motorista do Ja fez a barbeiragem na frente da recepção da MTV americana, onde o rapper era um dos convidados para, err, fazer um rap. A MTV americana, além de ser tão chata quanto a brasileira, tem alguns programas transmitidos do estúdio que fica de cara para Times Square. Como a parede é de vidro, dá ver quase tudo o que está rolando lá dentro.

    Os americanos adoram. Os japoneses, tiram fotos.

  • Meu companheiro de quarto no Albergue em que estou hospedado aqui em NY tem um puta chulé e é mais um desses que largam a vida no meio dos EUA e vêm para cá em busca do sonho americano.

    No caso dele, um neg... err, afro-americano texano, cujo sonho é se tornar roteirista de filmes. Apesar dele passar o tempo todo fazendo ligações em seu celular, perdemos alguns minutos falando sobre o caminho que um verdadeiro artista deve percorrer. Como argumento, ele usou o caso de Marvin Gaye, que morreu sem ver um de seus grandes álbuns ser lançado.

    Eu vou ficar torcendo para que o cara conquiste o sonho dele, mas, por enquanto, ele tá procurando um trabalho como barman.
  • Dei um pulo na Virgin de Union Square e reparei que lá dentro tinha uma fila enorme para o pessoal pegar autógrafos de alguém. Resolvi investigar e me surpreendi. Tratava-se do DJ Paul Oakenfold, que recentemente lançou seu primeiro álbum de músicas próprias. A supresa se deu pelo fato de eu nunca imaginar que tivesse tanta gente a fins de pegar um autógrafo de um DJ...
  • De qualquer maneira, o novo álbum do Sigur Ross, lançado há poucos dias, parecia estar vendendo como bolo quente. Todo cliente vestido de uma maneira digamos assim, alternativa, pegava logo a sua cópia e partia em direção ao caixa.
  • Fui ver um show em um gostoso bar no Brooklin. Depois de algumas pints de Stella (é, eles também têm por aqui) acabei conhecendo um casal de norte-americanos muito bacana. Ele, um bombeiro recém-formado que trabalha em NY. Ela, não me lembro bem, mas era algo relacionado com trabalho em escritório. De qualquer maneira, a discotecagem do lugar era excelente. Rolou The Bees, Radiohead, Apples in Stereo e, assim que começou a tocar nova do Coldplay, a namorada do bombeiro fechou os olhos e comecou a cantar. Depois da performance, ela declarou seu amor à banda: Eu adoro eles! O novo álbum é muito bom!

    Tanta banda inglesa querendo dar certo nos EUA, mas so o Coldplay pra conseguir isso esse ano.

  • Essa notas acima foram escritas de dentro de um Starbucks que fica na esquina da Terceira Avenida com a Rua 23. Entre cada frase, dei mordidas em um bagel com geléia de morango e Philadelpia e num Chocolate Chunkie Cookie. Ao meu lado, uma mulher discute ao mobile com alguém sobre porque demoraram tanto para prenderem o Sniper. Bebel Gilberto é a trilha sonora de todos aqui dentro.
  • Do lado de fora, o mundo sem cheiro de cafeína corre solto.

    Um cara de shorts e camiseta com a estampa da Universida de Princeton acaba de passar correndo. Dois cachorros enormes amarrados a um poste esperam o dono terminar seu Frappucino. O rabo deles não pára de balançar. Um senhor de idade, que não aparenta ser mendigo, acaba de dar uma fuçada no lixo na frente do Starbucks e pegar uma metade de sanduíche. Um cara vestindo uniforme da UPS (um marrom bem feio) acaba de fazer a sua milésima entrega do dia. E a Winona Ryder toma conta da manchete principal do jornal New York Post, que está em display numa dessas caixas que habitam quase todas as esquinas dessa cidade que nunca dorme.

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Resultado da promoção: Dinheiro para as crianças

Boa surpresa, o último álbum do Supergrass foi lançado no Brasil. Bom para quem curte o rock energético, gostoso e descompromissado que a banda anda fazendo desde o excelente primeiro álbum.

Life In Other Planets, quarto trabalho do grupo de Gaz Combes, namora com o rock inglês dos anos 70, principalmente o T-Rex. Grace, o primeiro single, vem acompanhado de um vídeo tão bonitinho que a MTV Brasil deve colocar na programação, mesmo sem rolar jab... err, pressão por parte da gravadora.

Mas se nada disso rolar, a London Arena te deu a chance de ter o single e o vídeo só para você. O vencedor da promoção Dinheiro para crianças é:

hey_honey@bol.com.br

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Novo sorteio - Promoção Raio X

A tempestade que assolou a imprensa musical inglesa dá sinais de que está se dissipando. Depois de ver a revista Select e o lendário semanal Melody Maker fecharem as portas, a Inglaterra acaba de dar à luz uma nova revista sobre o mundo pop, a X-RAY.

Feita em associação com a rádio X-FM, a X-RAY nasce mensal, em formato A5 (menor do que o normal) e, assim com a Uncut, promete trazer um CD grátis a cada edição. O primeiro vem com pérolas como uma versão da canção pop Can´t Get You Out Of My Head (de Kylie Minoge) cantada pelos loucos do Flaming Lips. Tem também uma versão exclusiva de Bang, dos Yeah Yeah Yeahs!, e Hate To Say I Told You So, do The Hives, as três gravadas no estúdio da rádio. Além disso tem The Libertines, The Bees (cantando a versão, também exclusiva, de A Minha Menina, dos Mutantes), The Buff Medways, The Von Bondies, D4, Zero 7, Playgroup e Brendan Benson.

Ficou com água na boca? Então não bobeie e mande agora uma mensagem com o assunto Raio X com o seu nome e endereço completo para o e-mail jzappia@omelete.com.br com o seu endereço completo.

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Feijoada Vs Fish and Chips

Esta parte da coluna volta na próxima edição... Ou, se der, mando de Chicago algo como Hamburger Vs Fish and Chips ;-)

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Nome da coluna

Para quem ainda não sabe, London Arena é um dos maiores espaços para shows e eventos da cidade - algo equivalente em Nova York poderia ser o Madison Square Garden, guardadas as devidas proporções, claro.

Abraço e Rock N´ Roll!

Juliano Zappia

Ps: A introdução da coluna foi escrita sobre a ilha britânica e parte do Oceano Atlântico ao som da estação The Buzz, cortesia da companhia aérea American Airlines. Na programação, descrita pela revista de bordo como Cutting Edge Music, estavam o novo do Flaming Lips, Goldfrapp, REM, Coldplay, Beachwood Sparks, Richard Ashcroft.

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