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Daniela Mercury, Negra Li e Iza conversam sobre a mulher na música no Spotify Talks

O Poder Feminino na Música foi o tema discutido pelas artistas

23.11.2016, às 11H43.
Atualizada em 23.11.2016, ÀS 12H03

O Spotify realizou na última terça-feira (22) mais uma sessão do Spotify Talks, projeto da plataforma que mensalmente leva artistas do segmento musical para expandir a temática e o conteúdo.

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A última edição contou com a presença de Daniela Mercury, Negra Li e Iza, que conversaram sobre "O Poder Feminino na Música". Durante o bate-papo as cantoras abordaram o universo musical sob o ponto de vista feminino e comentaram sobre o início da carreira em um setor com forte presença masculina.

Negra Li, de entrada, enfatizou que no início de sua carreira no Hip Hop, quando fez parte do grupo RZO, precisou se adaptar ao estilo do segmento, abandonando seu jeito feminino para poder conquistar seu espaço.

"Eu tinha 16 anos e mudei meu jeito de ser, pra entrar no meio". A cantora conta que precisou agir como "os caras" para se afirmar. "Eu não podia sorrir ou comprimentar com um beijo".

Já, Daniela Mercury apontou uma vivência diferente já no início de sua carreira. "Eu rasguei meu primeiro contrato", afirmou a cantora ao comentar sobre os termos que a tornavam uma artista solo, os quais ela discordava. Com essa atitude ela perdeu o contrato com a gravadora, mas posteriormente pôde seguir as diretrizes que achava mais interessante para sua carreira, passando a gerir todos os aspectos de sua vida artística.

Ainda, durante a discussão, as três artistas concordaram sobre a mudança na forma como a mulher se expressa atualmente no mercado musical nacional, principalmente por meio de menor restrição criativa, com a possibilidade de falar sobre qualquer tema com liberdade. No entanto, grande parte das mulheres "não é vista no todo de seu trabalho", afirma Mercury sobre a maneira como uma compositora mulher é encarada no mercado. Isa cita o caso da música de Dominguinhos e Anastácia, "Eu Só Quero um Xodó", que em grande parte do país é conhecida como uma composição solo de Dominguinhos.

A cantora também destaca a necessidade das composições versarem sobre temas contemporâneos, como o feminismo e a discriminação. "A gente [mulheres] pode falar sobre qualquer coisa, mas existem temas que a gente precisa comunicar", destaca.

Mas apesar disso, mesmo com uma liberdade maior, a forma como a mídia aborda a obra musical criada por uma mulher é diferente. "Quase não se pergunta sobre a feitura da obra quando entrevistam uma mulher", destaca Daniela, que continua, "Já tive que pedir para que fizessem perguntas de homem, pra mim", enfatiza ao comentar que quase nunca perguntam sobre arranjos, inspiração para o projeto entre outros detalhes que permeiam sua criação musical. Mercury fecha o tópico pontuando que "É mais difícil você afirmar o seu poder intelectual em um lugar que só olham para as suas pernas".

Iza vai além e diz que é como se as mulheres estivessem sendo empurradas para a competição o tempo todo. "Estamos sempre sendo comparadas a outras mulheres".

Já, sobre representatividade, Iza, que recentemente estreou como cantora profissional, afirmou que Negra Li foi "a primeira mina nova que eu vi cantando na TV e que eu me identifiquei", e enfatizou como é complicado encontrar mulheres no mercado da música para trabalhar, "a gente tem que se achar".

Por fim, Daniela estimula a necessidade da discussão sobre o tema e da busca por espaço ao afirmar que "Não há conquista sem confronto".

O Spotify Talks acontece mensalmente e já abordou temas como a "Imagem na música", com Thiago Pethit, Anna Turra, Cartaxo e Joana Mazzuchelli, e também o "Contramponto do Maisntream", com Céu, Mahmundi, Emicida e Lucas Santana.

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