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Metallica | Kill 'Em All faz aniversário e ainda é um registro cru e pesado do primeiro passo do Thrash Metal

Primeiro álbum do Metallica é uma obra para iniciantes e iniciados

25.07.2017, às 11H51.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H42

Se você em algum período da vida ouviu metal - seja qual for a vertente -, sem dúvida, esse álbum já te fez bater cabeça sozinho ou acompanhado. Um marco na história do rock, com sonoridade crua, rápida e marcante, Kill 'Em All, primeiro disco do Metallica, abriu caminho para que outras bandas fossem capazes de mostrar um som parecido e também serem absorvidas pelo movimento thrash metal norte-americano. Conjectura que deu início a saga que, no final da década de oitenta - início dos noventa -, levou todos aos shows gigantes em estádios ao redor do mundo.

Metallica, ainda jovem, com um dos disco mais pesados do trash metal

Mas qual seria o porquê de um álbum que deveria chamar Metal Up Your Ass - e ter uma capa na qual uma mão com uma espada saía de uma privada - poder ser uma das obras mais influentes do rock recente?

Bem, como sempre, a história do momento mostra por si só. Pouco antes de gravar o álbum, o Metallica trabalhava com a sua formação mais promissora, composta pelo baixista Cliff Burton, que ainda seria membro da banda por mais dois álbuns, e Dave Mustaine (criador do Megadeath), expulso do grupo pouquíssimo tempo antes do disco ser gravado. Isso fica claro quando vemos os créditos de sua colaboração em faixas como ”Phantom Lord,” “Metal Militia” e “The Four Horsemen”.

Polêmicas à parte, e apesar de Kirk Hammett, o substituto, ter aprendido os solos que Mustaine deixou, em 15 dias, o charme do álbum - se é que o uso dessa palavra cabe em um material tão bruto - é a crueza do som. Sonoridades muito próximas de uma mixagem básica, mas, que justamente por isso, tornam o disco algo tão emblemático e reconhecível em qualquer época.

E claro, é importante contar que, na época do lançamento, a cena do thrash metal norte-americana estava em plena expansão e o Metallica era um dos principais fatores nessa equação. Mas a banda não podia perder o bonde de ser uma das primeiras a lançar um material com punch para ser marcante. Assim, o tempo para a gravação foi o inimigo e o aliado do grupo, justamente por gerar o resultado marcante do disco.

Kirk Hammett, em entrevista ao Loudwire, comentando sobre os trinta anos do álbum, afirmou que , "[...] se nós tivéssemos mais tempo para trabalhar no álbum, ele não teria ficado com o som que tem".  E commplementa, “Quando eu penso em Kill ‘Em All, eu penso nele sendo muito visceral", o que ele realmente é de verdade.

Ainda sobre a sonoridade do álbum, em artigo também da Loudwire, é dito que os produtores do disco não estavam acostumados a gravar bandas de thrash metal e por isso usaram as configurações das bandas de rock tradicionais. Esse arranjo fez com que o som ficasse muito saturado. Para diminuir a saturação sonora, o volume das guitarras foi reduzido enquanto a bateria foi mixada com mais volume do que o resto dos instrumentos. Mas quando o presidente da gravadora ouviu o resultado, ele não ficou satisfeito e os produtores precisaram acertar isso em outra mixagem. E essa foi a receita do sucesso.

Esse álbum, pra mim, que conheci o Metallica com o Load, foi um divisor de águas. A velocidade dos riffs, dos solos, o vocal gritado... Quatro caras que eu não sabia se um ou dois eram mulheres... E um poder inquestionável em cada faixa. Com certeza, uma criação indispensável para quem gosta ou pretende conhecer um pouco mais sobre o rock e de onde veio uma de suas vertentes mais famosas.

E isso deixa em primeiro plano a grande diferença entre o que temos hoje no mercado fonográfico, no qual muitos grupos já nascem superproduzidos, e o que o Metallica fez em seu tempo, já que a banda foi capaz de entregar algo inovador, pesado e único, dispondo apenas de cuidados básicos, e, ainda sim, transformar seu primeiro disco em algo que ganhou -  ainda - mais valor com o tempo.

Esse detalhe fica ainda mais evidente com a curva de vendas (não que essa seja a métrica ideal para aferir bons trabalhos), que atingiu o topo em 1991, quando a banda flertava com uma pegada mais palatável, por meio do álbum preto, e chegava ao mainstream do mercado mundial. E isso expõe, de maneira ainda mais clara, a importância do que o grupo fez em seu primeiro trabalho, já que é de se imaginar que uma banda que passa para uma sonoridade "mais fácil" não vai conseguir manter as vendas de um álbum tão visceral e cru em ascendência. Kill 'Em All ganhou Certificado de Platina em 1991 - um milhão de cópias vendidas nos Estados Unidos - e em 1999 recebeu o certificado de Platina Tripla, algo que poucas produções conseguem fazer em um período de tempo tão amplo.

Por fim, a obra continua muito importante para o Metallica e seus fãs, já que até hoje, em suas turnês, o grupo continua a executar faixas como “Seek & Destroy”, “No Remorse” e “Metal Militia”.

Ouça o álbum completo abaixo.

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