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Jay Vaquer comenta sobre o dia que não queria fazer show de abertura para o Muse

Cantor e compositor estreia show de seu álbum mais recente, Canções de Exílio, no dia 22 de julho no Rio de Janeiro

12.07.2016, às 11H47.
Atualizada em 12.07.2016, ÀS 12H10

Se você nunca ouviu falar de Jay Vaquer, é possível que pense que ele é um artista de outro país. O nome não é tão comum e assim também são suas músicas; fora do comum - no bom sentido da coisa -. O cantor e compositor de quarenta anos, recentemente disponibilizou seu oitavo disco autoral, Canções de Exílio, e mostra um trabalho fora da zona de conforto sonora do mercado brasileiro, apostando em composições peculiares em conjunto com misturas sonoras de qualidade.

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Assim, com uma pegada original e sua sonoridade cheia de camadas, Jay, enquanto gravava seu disco em Los Angeles chegou a receber elogios de Steven Tyler, do Aerosmith. "É um cara icônico. Eu estava gravando nos Estados Unidos, no estúdio de um produtor brasileiro [Moogie Canazio], e foi numa dessas que o Tyler tava lá de bobeira e o cara pirou com o som", destaca.

Não é de achar estranho que as pessoas gostem de seu trabalho, pois o leque musical apresentado pelo músico, em conjunto com as possibilidades exploradas por ele, vão além do óbvio. Isso fica claro tanto pela forma como compõe suas letras quanto pela presença de músicos como Tim Pierce, Aaron Sterling, Sean Hurley, Gui Boratto, entre outros. Essas participações agregam sonoridades diferentes para cada faixa, com músicas cheias de guitarras, compassos quebrados e sons eletrônicos.

A respeito desse detalhe, Jay comenta que "não pensa de forma deliberada [sobre as misturas]. As canções pedem isso. Eu não fico copiando nada. Na verdade, é vomitar de forma verdadeira tudo que você vai consumindo durante a vida inteira e descobrir o resultado. Eu não tenho essa artimanha. Existe uma necessidade de expressão. Os instrumentos surgem para reforçar o texto, a letra, as texturas. Não calculo muito, é interessante porque você se surpreende o tempo todo".

Sobre o processo de criação de seu último álbum, que chegou às plataformas digitais no início de junho, Jay confessa que tem pastas no computador com musicas que estão em andamento e outras concluídas. Isso faz parte do seu processo criativo.

"Eu reviso semanalmente e as músicas vão caminhando, como uma fábrica, mesmo. E agora estava na hora de fazer um disco autoral", diz Vaquer. O músico também afirma que tem uns quatro álbuns prontos, dos quais gosta de maneira integral. "Quando tá pronto, tá pronto". E complementa falando da tracklist de Canções de Exílio, a qual ele afirma que fechou com 10 músicas por achar um tamanho legal pra um CD, "Elas já contam bem uma história, um retrato do que eu quero expressar hoje, o que eu quero mostrar em 2016".

Quando perguntado quanto ao fato de fazer músicas bem trabalhadas, mas que não chegam a um público maior, confessa que não se incomoda em não chegar para mais pessoas: "Esse é o preço que eu pago por fazer o trabalho que eu preciso fazer. Já ouvi um cara muito amigo meu, presidente de gravadora, elogiando minhas músicas, mas perguntando cadê a faixa para tocar na rádio? Respeito ele demais, mas acho que "Boneco de Vodu" poderia tocar na rádio, também. Eu não estou aqui para vestir camisas que não são minhas. A camisa que eu visto, eu acredito. Eu posso falar com mais pessoas, tem mais gente que potencialmente pode gostar do que eu faço, com certeza. É ter paciência, persistência, que as coisas acontecem. [São] Dezesseis anos ralando, com coerência, errando e acertando com muito respeito e verdade".

Finalizamos a conversa quando o lembro do show de abertura que realizou em 2008, para o Muse, em São Paulo. Comentei sobre a experiência de presenciar muitas pessoas empolgadas para vê-lo nesse dia e esperando por sua apresentação. Mas ele não tem a mesma lembrança daquela noite. "Eu não queria fazer essa abertura de show. Aqui [no Brasil] a galera não curte, fica - de modo geral - incomodada com isso [a banda de abertura]. Muitas vezes quem se apresenta na abertura de um show aqui, paga um jabá porque é da mesma gravadora. E isso é muito delicado. O empresário não tem essa visão da ação total.

"Eu fui obrigado a fazer essas aberturas em condições adversas. Ai eu chego ali, tenho que fazer a apresentação em frente à cortina, com a luz de serviço. É uma experiência que para mim não é legal. Eu não gostei. Não havia a necessidade de fazer um show para outro público, para quem não gosta do meu trabalho. Há um preconceito e uma resistência ao que rola no cenário nacional e eu já analisei bastante isso, por muitos anos", comenta.

No entanto, no próximo dia 22 de julho, Jay Vaquer estreia o show de seu novo disco com uma apresentação no Vivo Rio, e lá ele terá todas as possibilidades para mostrar as nuances e as perspectivas da música que cria.

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