Capitã Marvel vai apresentar ao Universo Marvel do cinema a raça dos skrulls, vilões clássicos dos quadrinhos que têm habilidade de transmorfos e podem mudar de aparência. Na saga Invasão Secreta, de 2008, eles vêm à Terra e assumem a forma dos super-heróis da Marvel, e paralelamente descobrimos que já havia por aqui skrulls infiltrados entre nós.
Embora o Marvel Studios divida os skrulls com a Fox, os alienígenas têm potencial para se tornar a próxima grande saga no cinema, após Guerra Infinita. Afinal, se o longa da heroína se passa nos anos 1990, isso daria tempo aos aliens de se infiltrar entre os humanos nos filmes que se passam no século 21. O presidente do estúdio, Kevin Feige, justificou a escolha do período alegando nostalgia dos anos 90 e dizendo que seria legal ver Nick Fury numa fase anterior de sua carreira, mas isso parece pouco para justificar uma escolha que pode influenciar e mudar a continuidade de todo o Universo Marvel do cinema...
Podemos assumir, então, que Capitã Marvel ao menos tem condições de estabelecer premissas de uma eventual invasão skrulls à Terra. Além disso, as principais histórias envolvendo os skrulls nos quadrinhos - sua rivalidade com os krees - estão ao alcance da Marvel, que já estabeleceu o Império Kree em Guardiões da Galáxia e Agents of SHIELD. Uma adaptação de Invasão Secreta ao cinema, porém, dificilmente seria fiel, por alguns motivos. O primeiro envolve as principais personagens que revelaram ser espiãs skrulls na saga: Elektra e Mulher-Aranha.
A revelação de que Elektra na verdade era o superskrull Pagon é um dos estopins de Invasão Secreta. Amante da Rainha Veranke, ele a ajudou na invasão, acreditando numa profecia que dizia que os skrulls se tornariam os senhores da Terra. Pela bagunçada cronologia envolvida na saga, foi na forma de Pagon que Elektra partiu até a base do Tentáculo no Himalaia e derrubou o comando da organização ninja, tomando-a para si. Já Veranke assume a forma de Jessica Drew. Em entrevistas, o roteirista Brian Bendis diz que já planejava fazer da heroína uma espiã alien desde 2005, quando ela foi reintroduzida ao Universo Marvel depois de anos afastada.
Por que é improvável que a Marvel aproveite essas ideias? Tornar Elektra uma skrull no cinema envolveria pegá-la das séries de TV da Netflix, um movimento que os filmes da casa não parecem dispostos a fazer. Já Jessica Drew, a Mulher-Aranha, embora seja bastante conhecida como Vingadora, habita a lista de nomes relacionados ao Homem-Aranha, ou pelo menos o limbo jurídico em que vários desses personagens se encontram, e usá-la envolveria estabelecer mais um laço de parceria entre a Sony e a Marvel. Em outro limbo jurídico, a divisão com a Fox pode impedir a Marvel de usar o superskrull, o "super-herói" do Império Skrull, cuja função é central na invasão.
Por fim, é difícil, mas não impossível, que Invasão Secreta termine no cinema como acabou nos quadrinhos, com a Terra salvando-se da invasão alienígena graças à colaboração de personagens caracterizados como vilões, com Norman Osborn à frente, o que deu origem à fase chamada Reinado Sombrio. É difícil adaptar literalmente esse desfecho porque Osborn, assim como a Mulher-Aranha, Doutor Destino e a Rainha Branca, se vincula mais a outros universos cinematográficos que o da Marvel. Isso não impede, claro, que outros vilões do MCU tomem a frente - e Reinado Sombrio se torne o tema de outra saga futura, daqui a uns bons dez anos...
