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Os lançamentos nos EUA

22.09.2005, às 00H00.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 18H02

Na coluna semanal LÁ FORA, o Omelete lê e comenta todos os grandes lançamentos em quadrinhos nos Estados Unidos.

THE PUNISHER #24

As coisas finalmente esquentaram. Desde que o Justiceiro passou para a linha Max, Garth Ennis perdeu o pique. Aliás, ele perdeu o pique para tudo... desde o fim de Preacher, você não encontra mais ninguém fazendo juras de amor por seu trabalho (fora um ou outro de seus álbuns War Stories). O primeiro arco de Punisher Max foi interessante, os seguintes foram só falatório demais com ação de menos. Up is Down and Black is White mudou as coisas.

Uma teoria rápida: Ennis mudou-se para Nova Iorque faz uns 2, 3 anos. Escreve sobre a cidade vivendo lá. E resolveu empurrar Frank Castle pra perto de sua inspiração mais óbvia: Martin Scorsese e seu Taxi Driver. Há algo do cineasta nas últimas histórias do Justiceiro. O olhar complexo dos submundos e a violência crua apareciam por alguns relances nas últimas histórias... E finalmente surgiram com força em Up is Down....

É uma guerra de gangues em Nova Iorque. Para mostrar sua macheza, um líder mafioso comete um ato indizível para provocar o Justiceiro (tem a ver com os túmulos da família Castle...), o que só esquenta a guerra. Apesar da história ficar esticada demais por seis edições, é bem pontuada por bons momentos de ação e personagens fortes. E é só quando Ennis cerca Castle de bons personagens que você vê como a caracterização dele para o camiseta-de-caveira é perfeita.

Para fechar o pacote, a narrativa do desenhista Leo Fernandez tem melhorado muito, colaborando para a sensação cinemática. E a colorização criativa de Dan Brown (não é aquele Dan Brown) destaca a série dos outros crime comics. The Punisher, versão Max, finalmente construiu sua marca.

ULTIMATE SPIDER-MAN ANNUAL #1

Se você não cresceu lendo gibi nos anos 80, não vai entender o texto. E se você não quer saber o que vai acontecer no universo Ultimate daqui a um tempo, não leia também. Esteja avisado.

Se você cresceu lendo Homem-Aranha, é impossível não ter se identificado com ele. Peter Parker é o personagem mais carismático dos quadrinhos. Pegue qualquer momento importante da sua vida e veja se você não pode encontrar um paralelo com alguma desventura de Parker. Eles estão todos lá.

De outro lado, a Kitty Pryde dos anos 80 era o link dos leitores adolescentes com os X-Men. Chris Claremont criou-a para que você tivesse uma referência de como seria ser mutante e viver na Escola de Xavier. Mutantes já eram, em parte, uma metáfora para adolescência. Com Kitty, tudo ficava mais claro. E o fato de ela ser uma nerd adorável só ajudava.

Pois estamos aqui, 2005, Brian Bendis continuando sua saga da vida do Ultimate Peter Parker e, de uma hora para a outra, dá um tapa na cara de todo leitor da Marvel dos anos 80: Peter Parker namorando Kitty Pryde. Peter Parker namorando Kitty Pryde! Peter Parker namorando Kitty Pryde!!

Ok, não são os mesmos personagens dos anos 80. Mas são quase. Toda a carga emocional que tenho em torno deles ainda existe, mesmo para essas novas versões. É óbvio que Bendis sabe disso, e ele nunca deixou de dizer que também foi um leitor da Marvel dos anos 80. Agora está lá, brincando com nossos desejos e sonhos.

Peter Parker namorando Kitty Pryde. Ainda estou em choque.

X-MEN #174

Finalmente alguém resolve meter a colher torta na relação Gambit-Vampira. Afinal, eles não podem fazer... você sabe, né? Precisou o safado Peter Milligan chegar pra dizer algumas palavrinhas sobre isso.

A história não é maravilhosa. Milligan escrevia muito melhor - porque era mais cínico, ou porque deixavam ele ser mais cínico - em X-Force/X-Statix. E sempre achei os desenhos do Salvador Larroca muito, muito fracos. Mas finalmente alguém tirou o elefante do meio da sala de jantar.

WHA... HUH?

Vale a pena nem que seja apenas pela página O que aconteceria se a Internet existisse nos anos 60?, com um message board de fãs irados contra Stan Lee e Jack Kirby ou reclamando por que o Demolidor mudou para aquele ridículo uniforme vermelho? Queremos o original de volta!!.

E tem mais: o que aconteceria se Crise de Identidade se passasse no Universo Marvel? O que aconteceria se Modok sentisse coceira? O que aconteceria se o Pantera Negra fosse branco? O que aconteceria se o Motoqueiro Fantasma fosse amigo da natureza? E não pára nunca. À altura da famosa edição cômica de What If? dos anos 80.

STUPID COMICS / PLANETES

Vamos fugir um pouquinho de Marvel e DC (ou, por acaso, só Marvel nesta coluna). Dois gibis mexeram com minha cabeça nesses últimos dias. Eles não se encaixam no que a Lá Fora costuma trazer - últimos lançamentos das grandes editoras americanas - mas tenho que falar deles.

Stupid Comics é uma coletânea de tiras que Jim Mahfood publica em revistas alternativas. Mahfood é uma figurinha indie dos quadrinhos estadunidenses, que de vez em quando faz umas coisas para a Marvel (apenas para ser destruído pelos leitores, que reclamam dos rabiscos), tipo Wha... Huh?. Stupid tem historinhas curtas, algumas autobiográficas, algumas de comentário social ou político, outras de piadas curtas... o que der na telha do artista. Impressiona a produtividade de Mahfood, que lota as páginas de referências e ainda dá pistas de seus trabalhos paralelos como artista plástico e músico. Ele escreve e desenha como um monstro.

Stupid Comics sai de vez em quando pela Image, sem periodicidade fixa. Já foram publicadas 3 edições lá fora.

Planetes, de Makoto Yukimura, é o primeiro mangá de que falo aqui. A Lá Fora fala só de quadrinhos "made in usa", mas não resisto em recomendar essa série (publicada nos EUA pela Tokyopop).

As histórias se passam em fins do século XXI, quando a conquista humana do espaço está acelerada. Os personagens principais são catadores de lixo espaciais, responsáveis por recolher toda sujeira deixada em órbita pelos mais de 100 anos de aventuras humanas pelas estrelas. Como pano de fundo, há a ameaça de um movimento que defende o fim da exploração espacial em prol de mais investimentos para resolver os problemas da humanidade.

O legal de Planetes é a visão apaixonada das vidas de astronautas e da importância da expansão humana além do nosso planeta. E Yokimura faz isso da forma mais inusitada, pondo em contraste a vastidão do universo (belíssimos quadros de astronautas perdidos no vácuo) com nossas pequenas conquistas diárias - família, amor, amizade, sonhos, pequenos sucessos.

Planetes tenta lembrar que essas pequenas conquistas são tão importantes quanto nosso desejo de conquistar as estrelas. É um dos gibis mais humanos que você vai ler.

RAPIDINHAS

FLASH #225: Geoff Johns se despede do personagem. E com um susto para deixar metade dos leitores enfurecidos e metade consolando-se com bom, quem mandou eu ler gibi?.

GROUNDED #1: Ótima novidade da Image, sobre um adolescente que se descobre filho de super-heróis - apesar de não ter poderes. Dos novatos Mark Sable e Paul Azaceta.

LIVEWIRES #6: ação maluca pop no fim da minissérie de Adam Warren! O gibi mais divertido da Marvel nos últimos tempos!

YOUNG AVENGERS #6: Vale pelos desenhos maravilhosos de Jim Cheung (aliás, a Marvel está cheia de desenhistas excelentes: Oliver Coipel e Steve McNiven são outros dois que estão arrasando!). Mas o roteiro deixa a desejar...

ASTONISHING X-MEN #12: Cada quadro de John Cassaday é uma obra de arte. E o ritmo de Joss Whedon é genial. Pena que a segunda história da dupla não tenha tão bons momentos quanto a primeira. Mas ainda vale a pena.

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