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Crítica

Jessica Jones #1 | Crítica

HQ recupera o espírito marginal e bem humorado da HQ Alias

24.10.2016, às 17H11.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H42

Já faz mais de dez anos que a HQ Alias chegou ao fim, depois de introduzir ao universo de heróis da Marvel Comics a detetive e ex-super-heroína Jessica Jones, mas é como se o tempo não tivesse passado: a nova série Jessica Jones estreou neste mês nos EUA com o mesmo visual e o mesmo estilo de antes, e ambos envelheceram pouco.

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Brian Michael Bendis Michael Gaydos - roteirista e desenhista responsáveis por criar a personagem em 2001 - se reúnem em Jessica Jones #1 com o capista de Alias, David Mack. Basicamente o que muda é o contexto: Jessica já tem uma filha com Luke Cage (elemento que deve ser centro de atenções pelo menos neste primeiro arco) e o Universo Marvel acabou de passar pelas incursões de realidades que resultaram nas Guerras Secretas. Ambos esses temas, por mais diferentes que possam parecer em escala, se tornam questões domésticas na nova série.

Aliás era um dos principais títulos da finada linha Marvel MAX porque conseguiu pegar bem o espírito de HQ marginal dentro da casa, e com esta Jessica Jones não é diferente: tudo parece alheio e desimportante no grande esquema das coisas, e daí vem a graça da série. Não apenas Jessica continua soterrada de problemas que não interessam a mais ninguém, como seus clientes ainda trazem mais (no caso da primeira edição, uma mulher cujo marido parece ter enlouquecido mas pode apenas ser um duplo vindo de outro universo).

Fãs da detetive nos quadrinhos vão logo reconhecer os quadros com close-ups em que Jessica revira os olhos diante do absurdo que é viver no Universo Marvel: o caráter cômico das histórias mais fantasiosas, o nonsense de ver super-heróis passando pela rua o tempo inteiro, o humor autodepreciativo de ser uma pária entre iguais (ninguém tem tempo para Jessica ou seus clientes, como sempre).

Para quem tomou contato com Jessica não por Alias, mas pela série de TV da Netflix, essa nova HQ pode surpreender um pouco porque ela recupera o espírito original de Bendis e Gaydos, que é ser casual, episódica e despretensiosa acima de tudo: Jessica esconde de nós sua história enquanto acompanhamos primeiramente seus casos, que (é mais que legítimo supor) se sucederão na nova série enquanto uma trama maior é cozinhada sem muita pressa. É justamente o inverso da fórmula Marvel na Netflix, em que os temas que orbitam e definem os personagens são martelados o tempo inteiro e a trama principal (o caso Kilgrave) girava em falso por exaustão, em primeiro plano.

Embora Jessica Jones tenha se tornado uma personagem de mainstream na sua transição de mídia, o que resulta na aposentadoria do nome Alias, não se deixe enganar com o fato de a detetive agora carregar seu nome no cartaz: Jessica Jones #1 prova que as coisas continuam para Bendis e Gaydos exatamente de onde haviam parado.

Nota do Crítico
Ótimo

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