HQ/Livros

Entrevista

Omelete entrevista Chris Claremont

No Brasil para participar da Rio Comicon, autor diz que "ama todas" as adaptações de X-Men para o cinema

21.10.2011, às 13H32.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H48

Sem Chris Claremont, a Marvel Comics teria que encontrar outra franquia campeã de vendas para os últimos 30 anos - se é que teria. Sem Chris Claremont, Wolverine seria só um canadense com garras que apareceu em uma história do Hulk. Sem Chris Claremont, não teríamos X-filmes liderando a entrada da Marvel no cinema. Sem Chris Claremont, toda uma geração de leitores teria que encontrar outra maneira de ver seus hormônios virarem poderes mutantes diante de uma sociedade que não os entende e não os aceita - como acontece com todo adolescente.

Recorde

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X-Men #1, recordista de vendas

Eu Wolverine

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A minissérie com Frank Miller

Shadow War

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Shadow War

Chris Claremont

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Chris Claremont

X-Men

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A Morte da Fênix

X-Men

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Dias de um Futuro Esquecido

X-Men

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X-Men #94, o começo de tudo

Os X-Men foram criação de Stan Lee e Jack Kirby daquele período intenso, no início da década de 1960, em que a dupla inventou a maioria dos superpersonagens Marvel que estão aí até hoje. Mas eram da leva que fez pouco sucesso, tanto que ficaram anos sem histórias novas. Quando a editora decidiu reformular o conceito, em 1975, confiou a nova equipe a Claremont, 25 anos. Ele só ia parar de escrever X-aventuras - ou melhor, dar uma pausa - depois dos 40.

Nesse meio tempo, os X-Men tiveram verdadeiros clássicos, como a "Saga da Fênix Negra""Deus Ama, o Homem Mata""Massacre dos Mutantes". Para o bem ou para o mal, passaram de série a franquia, com dezenas de outros títulos formando a linha mutante - Claremont teve o dedo em Novos Mutantes, Excalibur, WolverineEntraram até no GuinnessX-Men #1, de 1991, desenhada por Jim Lee, vendeu sozinha ditos 8 milhões de exemplares.

Logo após esse recorde, uma discussão com o editorial da Marvel fez ele abandonar a série - e deixar os quadrinhos em segundo plano, seguindo carreira na literatura de fantasia e ficção científica. Mas ele voltaria várias vezes, quase sempre para seus mutantes, nas séries principais, em minissériesoutros projetos, ganhando até a chance de escrever as aventuras da equipe como se nunca os tivesse abandonado.

Claremont está na Rio Comicon. É a primeira visita do autor a uma convenção brasileira. Na entrevista abaixo ele revela, entre outras coisas, que ainda é apaixonado pelos X-Men. Confira:

É óbvio que você é famoso por seu longo período à frente dos X-Men, entre 1975 e 1991, mas desde então você não tem publicado quadrinhos regularmente. Um escritor de quadrinhos consegue montar uma boa aposentadoria só com os royalties do que fez nestes 16 anos?

A resposta mais fácil é sim, desde que o escritor pense a longo prazo e saiba cuidar do seu dinheiro. Mas também trabalho regularmente desde então, tanto nos quadrinhos quanto em prosa, escrevendo livros (incluindo a trilogia Shadow War, sequência do filme Willow, em parceria com George Lucas). Atualmente tenho um livro de fantasia dark urbana para jovens circulando pelas editoras e estou começando outros dois.

Veja bem, a verdade é que a maioria dos escritores nunca para. Se a porta dos quadrinhos fecha, seja qual for o motivo, é só ir na porta seguinte, que pode se abrir para algo ainda mais divertido.

No mesmo sentido, o que faz você voltar aos quadrinhos, vez por outra? E especificamente ao universo dos X-Men?

A resposta mais simples é que ainda gosto dos personagens. Acho as pessoas e suas vidas fascinantes e, no fim das contas, é porque ainda tenho histórias para contar com eles.

Você criou vários personagens durante sua passagem pelos X-Men. Tem algum que você gostaria de ter desenvolvido melhor? Ou houve algum que teve que ganhar mais espaço por força do editorial ou demanda do público?

A grande frustração dos quadrinhos é que o escritor tem um número determinado de páginas para contar a história: veja só, 100 quadros por edição, 12 a 15 edições por ano. Pode ser suficiente para um personagem solo; para um grupo, principalmente os X-Men, nunca é espaço suficiente. Uma coisa é estabelecer os heróis, estabelecer os vilões, estabelecer personagens periféricos (mas legais), montar a ambientação e os conflitos, resolver os conflitos. Isso já é uma cacetada de coisas e não importa como você queira equilibrar a balança, algum personagem sempre acaba ficando no corredor da morte.

Você pode estar trabalhando com um desenhista que gosta do Personagem A, enquanto o escritor gosta do Personagem B; ou o editor ou os leitores se apaixonam pelo Personagem C. O resultado é a tentativa contínua de equilibrar as demandas do instinto criativo e do mercado e fazer o máximo possível para inventar histórias empolgantes que vão manter a vontade dos leitores de voltar.

O que você pensa dos cinco X-filmes? Como é ver personagens e tramas que você desenvolveu chegarem à telona e a uma plateia internacional?

Amei todos. Putz, como é que eu não ia gostar do Ian McKellen (e Michael Fassbender) de Magneto, ou do Hugh Jackman como Logan, ou da Halle Berry de Ororo, ou da Ellen Paige de Kitty (sem falar em Liev Schreiber/Dentes de Sabre, Famke Janssen/Jean, Anna Paquin/Vampira, Kelsey Grammer/Fera, James Marsden/Ciclope e, ah, claro, Patrick Stewart (& James Mcavoy)/Charles). Vivas à produtora Lauren Shuler Donner por um dos melhores instinto de casting do mercado e por reunir algumas das melhores mentes criativas no negócio do cinema para dar vida a estes personagens e estas histórias.

E acredite: não aguento mais esperar para saber o que será do próximo filme do Wolverine, que dizem que será uma adaptação da minissérie que eu fiz com Frank Miller.

Toca o telefone e você é convidado para escrever o próximo filme dos X-Men. Qual seria a trama?

Alguma coisa nova, completamente inesperada e que acaba sendo extremamente divertida.

Você já escreveu histórias que se passam no Brasil - e até criou um personagem brasileiro, o Mancha Solar dos Novos Mutantes. O que já sabia sobre o país na época?

Como surpreendentemente acontece com várias coisas na vida de um escritor, aprendi o que consegui aprender lendo (história e a National Geographic, para começar, são ferramentas essenciais para qualquer escritor na ativa), assim como uma abundância de filmes que se passam na América do Sul. Não é incrível que a mesma cordilheira sempre dê um jeito de aparecer como fundo em filmes no Velho Oeste, nos Andes, nos Himalaias, até no norte africano, se não em um ou outro planeta distante? :)

Quantas vezes "Eu sou o melhor no que faço" lhe ajudou com as mulheres?

Nunca tentei. Parafraseando Clint Eastwood, todo homem tem que saber suas limitações.

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