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Os lançamentos norte-americanos

28.02.2005, às 00H00.
Atualizada em 12.11.2016, ÀS 05H05

Na coluna semanal "LÁ FORA", o Omelete lê e comenta todos os grandes lançamentos em quadrinhos nos Estados Unidos.

PLANETARY

A melhor série do planeta (trocadilho infame) deve acabar por volta do número 26, informou Warren Ellis, seu escritor.

Pela última edição, a 22, na qual Ellis virou do avesso o gênero western e John Cassaday fez seus melhores desenhos até agora, fica claro por que Planetary é fantástica. Fãs mais afoitos dizem que estão assistindo à formação de um novo Watchmen. Se é hipérbole ou não, a gente vai saber no final.

Mas essa prometida edição 26 deve demorar. A série é provavelmente a mais lenta do mercado americano. Também, desde que começou, em 2000, Cassaday já assumiu outros dois trabalhos mensais (Captain America e Astonishing X-Men) e o romance gráfico I Am Legion para a Humanoids (sinônimo de trabalho caprichado e demorado). Ou seja, desenha Planetary só quando tem um tempinho sobrando.

Mas não faz mal. Fico feliz com a idéia de que tem mais uma edição pra sair.

BULLSEYE’S GREATEST HITS

Boa mini-série. Daniel Way já tem a imaginação grotesca de Garth Ennis, sem mencionar outros dotes para construir narrativa, e soube utilizar a parceria com Steve Dillon para captar momentos bizarros de forma inteligente. Pareceram boas edições de Preacher.

A mini conta a história do Mercenário, ou a versão que o psicopata revela de sua vida para um psiquiatra e um guarda de prisão. Pela primeira vez, o vilão parece estar em desvantagem: algemado e sem qualquer possibilidade de contato com outras pessoas ou com o mundo exterior, em uma prisão especialmente projetada contra suas habilidades. Em vez de usar objetos - qualquer objeto, nas minhas mãos, vira uma arma letal -, ele mostra que também sabe usar a cabeça para virar a situação a seu favor. E fica muito mais assustador.

BLACK PANTHER / SHANNA, THE SHE-DEVIL

Chegaram juntas estas duas reformulações da Marvel. Os anos 70 estão de volta!

Não são bem reformulações. A nova série do Pantera Negra começa com sua origem, em uma história que atravessa séculos para contar a saga de Wakanda. Pela primeira edição, não dá pra julgar o resto, mas o recém-chegado aos quadrinhos (vindo da TV) Reginald Hudlin parece ser um bom escritor. John Romita Jr. é ótimo nos desenhos, como de costume.

Shanna (por que, no Brasil, Kull virou Koll e Shanna continuou Shanna? Pobre menina) vale pelos desenhos do escritor/artista Frank Cho (de Liberty Meadows). Mas seria muito mais legal se o plano original de Cho tivesse sido aceito. A mini-série deveria ter saído pela linha Max - para maiores de 18 anos - como um alívio catártico a todos que sonhavam que a tanga da mulher-demônio caísse. Isso mesmo, Shanna apareceria como veio ao mundo por várias e deliciosas páginas.

Com a mini pronta, fechada e completa, a Marvel deu pra trás e mandou Cho cobrir a nudez. O resultado ficou meio patético - a história perdeu seu atrativo principal.

(Mas você acha fácil pela rede as páginas originais de Cho, pré-censura. Google nelas!)

ALPHA FLIGHT

Pela terceira vez, acabou. E dessa vez Scott Lobdell tentou transformar a Tropa Alfa numa série cômica, a la Liga da Justiça Giffen/DeMatteis. Mas as piadinhas eram cretinas demais, típicas daqueles sitcoms que não passam da primeira temporada. Pois então: durou exatamente doze edições. Até a próxima reformulação!

CONCRETE: THE HUMAN DILEMMA

Concreto é daquelas coisas que nunca sai da lista Para Comprar. Sempre aparecem coisas mais urgentes, e o lindo trabalho do Paul Chadwick fica de fora. Por isso, só li uma ou outra história curta da personagem.

Estou lendo a nova mini, The human dilemma (já na segunda edição), e gostando muito.

Concreto é um homem preso numa armadura de pedra por alienígenas - e aqui acaba o que você esperaria de uma história em quadrinhos. Chadwick, escritor e desenhista, faz sua personagem discutir temas existencialistas, comentar a raça humana e desenvolver algumas observações que somente alguém privado de todos seus sentidos (fora a visão) poderia fazer. É o que lhe resta. E não é um livro de filosofia chato, daqueles em que os autores estão mais preocupados em dar piruetas de linguagem do que pensar. É um drama, bastante melancólico e reflexivo. Ou seja, diferente de qualquer outra coisa que se vê nos quadrinhos.

Tenho que ler mais de Concreto. E você também.

THE GOON

Deveria ter entrado na lista dos melhores gibis de 2004. Não entrou, porque só agora eu descobri o que estava perdendo.

Goon é uma versão um pouco mais realista do Popeye.

Acompanhado por um parceiro mirim boca-suja, Goon enfrenta zumbis, gorilas, monstros gigantes, robôs e... mais zumbis. Os mortos-vivos são uma das preferências do escritor e (talentoso) desenhista Eric Powell.

A ação se passa nos Estados Unidos da década de 30, e o clima é de aventuras espirituosas e maniqueístas da era de ouro dos quadrinhos. Ou seria, se Powell não insistisse em sujar as memórias da época com palavrões, heróis adeptos do porrada primeiro, pergunte depois e piadas que você não pode deixar os filhos ouvir. É hilária.

The Goon já foi publicação independente, passou por editoras menores e agora está na Dark Horse. A última edição foi a 10. Eric Powell é uma figura que ainda tem muito a fazer pelos quadrinhos - prepare-se para ouvir mais esse nome. Se você der sorte, daqui a pouco uma editora brasileira descobre e traz pra cá.

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