A DC Comics já colocou nas comic shops dos EUA todas as primeiras edições da sua linha de HQs mensais inspiradas nos desenhos da Hanna-Barbera. Essa primeira leva composta de quatro títulos - Scooby Apocalypse, Future Quest, Wacky Raceland e The Flintstones - prova que a editora não só abraçou a reinvenção visual das animações como está mesmo disposta a mudar e desenvolver o que os fãs acreditavam estar bem estabelecido nas histórias.
Na galeria abaixo, nós levantamos os pontos positivos e negativos dessas reinvenções nos quadrinhos:
Pró: A velocidade
Future Quest - a mistura de Jonny Quest com outros desenhos de aventura, fantasia e scifi da Hanna-Barbera - apresenta personagens num ritmo vertiginoso que empolga, e The Flintstones salta de uma cena a outra com muito dinamismo, aproveitando bem o que elas têm de cômico.
Contra: Carros falantes
A primeira licença poética tomada com Corrida Maluca em Wacky Raceland é dar vozes aos veículos. Isso é explicado já nessa primeira edição, mas ainda assim: deveria ser Corrida Maluca, não Transformers.
Pró: Monstropalooza
A ideia de que os monstros são reais na HQ Scooby Apocalypse, e não golpes de ilusionismo como na série de TV, é um dos desvios mais dramáticos do original, mas isso permite que o gibi caia de cabeça nos designs de criaturas - que no desenho de Howard Porter ganha vida com mil cores.
Contra: Overdose ocasional
Todas as séries da linha têm em comum o volume grande de informações, para situar o leitor e já colocar as tramas em movimento, mas no caso de Wacky Raceland a overdose é demais. O desenho superpovoado, frequentemente de traços sujos, não deixa entender direito o que acontece.
Pró: Senso de humor
A crônica social do american way em The Flintstones é certeira em termos de humor sarcástico, atualizando esse ponto que também era o mais forte da série animada de TV. O diálogo da gravata nesta primeira edição é impagável.
Contra: Complicando o simples
A HQ Scooby Apocalypse é a que mais inventa coisas para dar corpo à magra mitologia do desenho, desde chamar os personagens principais por seus sobrenomes até inventar uma situação em que Salsicha conhece Scooby. A impressão é de que algo da inocência, essencial a Scooby-Doo, se perde no processo.
Pró: Cuidado com os desenhos
O cuidado com os desenhos é um dos chamarizes de todas as quatro séries, embora sejam frequentemente poluídos de informação no caso de Wacky Raceland. Dá para ficar relendo The Flintstones só para pegar todas as piadinhas espalhadas pelo desenhista Steve Pugh.
Pró: Pós-apocalipse
Embora seja uma coisa batida em todos os produtos pop que emulam Mad Max, a ambientação pós-apocalíptica enriquece Wacky Raceland, e cria uma série de novas situações de corrida maluca com armas diferentes, monstros de areia, mutantes, insetos mecânicos...
Pró: A ambição
A DC não economizou na reinvenção na hora de planejar novas premissas que dessem para essas histórias um escopo maior, capaz de se desenvolver por vários arcos; Scooby e seus amigos tiveram sua origem recontada de forma radical (que deixa de lado a inocência mas abrem novas possibilidades) e Jonny Quest agora virou o epicentro de vários mundos agrupados - o que torna essa HQ particularmente empolgante.
Neutro: O Locutor
Para que a HQ Wacky Raceland não seja apenas episódica e tenha um arco claro, é apresentado um personagem chamado Announcer ("locutor") que opera nas sombras cooptando os pilotos e dando-lhes seus carros falantes. Isso pode valer algo em termos de suspense nessa série da Corrida Maluca mas diminui as motivações de cada personagem. Vamos ver se isso prejudica mesmo a HQ a médio prazo.
Pró: A nostalgia
No caso da série que não teve seu visual reinventando, Future Quest, a nostalgia bate forte e a HQ respeita isso, de forma bem sucedida. Talvez fosse importante mesmo para essa série manter o design consagrado, já que são muitos personagens de desenhos diferentes dividindo agora o mesmo espaço.
