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O dia em que o Coringa ganhou uma série solo na DC Comics

O palhaço foi o primeiro vilão dos quadrinhos a ter uma HQ própria

24.08.2017, às 12H57.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H27

Se o Coringa hoje pode ser o primeiro vilão da DC Comics a ganhar um filme próprio de super-herói, isso tem uma jurisprudência nos quadrinhos: o Palhaço do Crime foi o primeiro vilão de Marvel ou DC a ter uma HQ regular própria. Hoje é relativamente comum ver vilões estrelando séries (depois que Doutor Destino virou Homem de Ferro tudo é possível mesmo) mas em 1975 uma ideia assim era uma concepção corajosa.

"The Joker's Double Jeopardy"

A tônica das histórias era o embate de vilania; Coringa sempre tinha que se provar melhor que outros vilões. Isso começa quando um bandido chamado Señor Alvarez tira o Duas-Caras do Arkham e provoca o Coringa (que tinha pedido para ser libertado também), chamando-o de criminoso inferior. O palhaço então escapa do Arkham usando um balão de hélio, só para se vingar e se provar superior, usando coisas como uma torta recheada de ácido.

No fim dos anos 1960, o Coringa se destacou em outra mídia, interpretado por Cesar Romero na série de TV do Batman. Era um vilão galhofeiro em sintonia com o que o Código de moral dos quadrinhos exigia na época, e enquanto isso, na DC, o editor-executivo Julius Schwartz antipatizava com o personagem e outros elementos cômicos, como o Bat-Mirim. Coringa só retornou mesmo em plena forma em 1973, depois que o Código foi revisto para começar a dar aos autores algum respiro, e entre outras coisas o roteirista Dennis O'Neil, que escrevia o Batman naquela época, introduziu a noção de que o maníaco homicida era legalmente insano - por isso o Coringa não ia para a cadeia e sim para o Asilo Arkham (criado por O'Neil em 1974).

"The Sad Saga of Willy the Weeper"

O histórico de aliados incompetentes vai longe. Nesta história, depois de ser libertado da prisão, o Coringa retorna o favor e se junta a um vilão chamado Willie the Weeper (Willie chorão), que chora incontrolavelmente enquanto tenta cometer o crime perfeito, e começa a rir quando outras pessoas choram. Coringa trai o parceiro para lhe ensinar uma lição, e no fim ambos acabam presos por ex-guardas do Arkham que foram demitidos por causa da fuga do palhaço.

A série solo de 1975 surgiu nesse contexto, ainda com Schwartz como editor da DC. Coringa era retratado como um criminoso, que matava civis e bandidos mas sempre acabava preso a cada edição (o Código exigia que criminosos fossem punidos sempre). A ideia era que Batman nunca aparecesse. Não deu muito certo junto ao público e The Joker durou apenas nove edições; na galeria abaixo, detalhamos as histórias dessa primeira série solo do palhaço.

"The Last Ha Ha"

A terceira edição conta com uma participação do Rastejador, herói que tem um visual assustador e uma risada nervosa, que frequentemente fazem a polícia suspeitar que ele é um criminoso. É o que acontece nesta história, em que o Rastejador confronta o Coringa depois que é acusado de um roubo que fora cometido pelo palhaço. O herói sofre de amnésia depois do embate e o Coringa convence o Rastejador de que ele, de verdade, é um vilão.

"The Cat and the Clown"

Publicada em outubro de 1976, a última edição de The Joker traz de volta o Duas-Caras e coloca o Coringa contra a Mulher-Gato. Outra participação especial é do Batman... Mas na verdade é o Coringa que se disfarça de Morcego para tentar enganar a criminosa, que duela com o palhaço pela posse de um valioso gato. Hoje essas HQs são difíceis de encontrar. Duas coletâneas juntaram The Joker desde então: The Greatest Joker Stories Ever Told (que inclui The Joker #3), de 1989, e The Joker: The Clown Prince Of Crime, que reúne todas as nove edições.

"A Gold Star for the Joker"

A trama deixa Gotham e vai até Star City, para onde o Coringa dirige um ônibus roubado porque se apaixonou por Dinah Lance, a Canário Negro. Quando ela descobre o vilão, junta-se com seu namorado Arqueiro Verde para conter o palhaço, que ameaça matar Dinah se ela não aceitar se casar com ele. A edição consegue se esquivar um pouco das regras do Código que limitavam os desfechos anteriores, e ao final da trama o Coringa cai de uma ponte e desaparece misteriosamente antes de ser preso.

"The Scarecrow's Fearsome Face-Off!"

O Coringa rouba um novo gás do medo desenvolvido nos Laboratórios STAR, e acaba competindo com o Espantalho para ver quem tem a toxina mais poderosa. É um duelo esperado, e para acabar de forma imprevisível, o roteirista Elliot S. Maggin faz o Coringa retornar de boa vontade ao Arkham (por meio da passagem secreta que liga o Asilo ao esconderijo do palhaço) depois de derrotar o Espantalho, porque só assim ele será deixado em paz pela polícia.

"The Joker Goes 'Wilde'!"

Mais um embate com vilões de quinta. Desta vez o Coringa enfrenta no Wisconsin a Gangue Royal Flush, que está de olho em quadros do falecido pintor Thaddeus Wilde. O valor dos quadros é que, juntos, eles mostram onde está localizada a fortuna perdida de Wilde. Coringa derrota sozinho a gangue de naipes de baralho, que acaba presa pela polícia. Essa edição é a estreia na DC de um novo Ás de Espadas, mas ele só durou como membro do grupo até 1979, sua última aparição nos quadrinhos.

"Luthor - You're Driving Me Sane!"

O primeiro embate de respeito com um vilão de primeiro escalão. Elliot S. Maggin escreve a história em que Coringa e Lex Luthor se aliam para escapar da polícia. Logo depois que os dois se separam, Coringa decide seguir Luthor até seu esconderijo, e lá descobre o vilão operando controle mental em Hal Jordan. Ao interferir no procedimento, Coringa e Luthor acabam trocando de personalidade e, enquanto o palhaço se torna um gênio, o milionário inventor é amaldiçoado por uma incontrolável loucura. No fim, cabe a Coringa ser a voz da razão.

"Sherlock Stalks the Joker"

Se a série não pode contar com o Batman, por que não arrumar outro? Na história escrita por Dennis O'Neil, Clive Sigerson é um ator que interpreta Sherlock Holmes e que passa a acredita mesmo ser o maior detetive do mundo, depois que o Coringa acerta-o na cabeça com um cano. Clive enxerga o Coringa como o Professor Moriarty e tenta então caçar o palhaço. Curiosamente, quando o Coringa foi criado nas HQs em 1940, e passou a ser tratado como o nêmesis do Batman, a ideia dos criadores era emular mesmo a dinâmica de Sherlock e Moriarty nos contos de Arthur Conan Doyle e no cinema.

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