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Guerra Civil, Liberty Meadows, 12 Razões Para Amá-la, Homem-Aranha e muito mais

18.07.2007, às 22H40.
Atualizada em 31.01.2017, ÀS 04H04

Na coluna irmã da LÁ FORA, o Omelete mergulha nas bancas e livrarias para comentar os principais lançamentos recentes. Nesta edição: Guerra Civil 1, Liberty Meadows, 12 Razões Para Amá-la, Grandes Clássicos do Homem-Aranha, Kajika, Capote no Kansas, Os Maiores Clássicos dos Vingadores.

Guerra Civil 1 - Minissérie em 7 edições
Por Érico Borgo

A Marvel faz histórias inteligíveis e domina o mercado por conta disso. Mesmo quem não acompanha quadrinhos há 20 anos é capaz de entender a discussão central de Guerra Civil. Afinal, é tanto uma história de super-heróis quanto uma discussão sobre direitos e deveres do Estado.

Mark Millar não erra uma. O roteirista é ótimo quando o assunto é estabelecer cenários, criar tensão, desenvolver personagens e fica ainda melhor na hora da pancadaria. A surra do Capitão América em Hank Pym em Os Supremos é prova incontestável dessa habilidade - e em Guerra Civil ele acerta a mão outra vez com o bandeiroso. A seqüência da fuga da nave da Shield é, desde já, antológica.

A trama, se você caiu de Asgard e ainda não sabe, coloca herói contra herói depois que uma desastrada ação dos Novos Guerreiros provoca uma verdadeira catástrofe, deixando mais de 600 mortos. O motivo da discórdia é a aprovação da polêmica Lei de Registro dos Super-humanos, que pretende catalogar e transformar em funcionários públicos cada super-humano nos EUA. Ainda bem que é lá... já pensou se fosse aqui? Wolverine fazendo operação-padrão na Polícia Federal?

Os traços de Steve McNiven, que já fazia um excepcional trabalho em Novos Vingadores, seguem entre os melhores da atualidade na Marvel. Enfim, uma edição imperdível pra quem curte o universo da Casa das Idéias.

(Civil War 1) Mark Millar e Steve McNiven. Panini Comics. Formato americano, 44 páginas, R$ 4,90.

Liberty Meadows
Por Érico Borgo

Faz um tempão, emprestei minha edição de University 2, de Frank Cho, para alguém. E nunca mais vi aquela obra-prima. Lembrei imediatamente dessa história quando abri o pacote que chegou da HQ Maniacs Editora contendo Liberty Meadows, edição caprichada que reúne as tiras - outrora chamadas University 2 - de Cho.

Foi com enorme entusiasmo que reencontrei o universo da reserva ambiental para animais que perderam seu habitat. O safado urso Ralph, o sapo-boi hipocondríaco Leslie, o porco viciado Dean, o inocente patinho Truman, o atrapalhado veterinário Frank e Brandy (a incategorizável Brandy) garantem diversão como poucas tiras são capazes. Cho tem um senso de humor afiado (às vezes meio instável, mas ele se recupera logo) e desenha bichos malucos com a mesma qualidade com que traça as mais belas e expressivas curvas femininas dos quadrinhos. Quem leu Shanna, da Marvel, já sabe bem disso.

O livrão, primeiro volume de uma série que reúne as tiras de Liberty Meadows, está muito bem acabado, com sobrecapa, formato diferente do convencional e galeria de imagens coloridas no final. O papel é um pouco fino - dá pra ver as tiras do verso - mas é só. Uma excelente publicação que vale os 32 reais cobrados.

Só não pense em me pedir emprestado.

(Liberty Meadows) Roteiro e arte: Frank Cho. HQ Maniacs Editora. Formato 23 x 30 cm, 128 Páginas, preto e branco. R$ 32,90.

12 Razões Para Amá-la
Por Marcelo Forlani

Um filme independente, ou apenas "indie", é assim classificado por ser feito fora dos grandes estúdios e, conseqüentemente, com um orçamento mais apertado. Por isso, a forma que ele tem para se destacar é ter uma história muito boa e um jeito diferente de contá-la. A falta de grana leva também a uma procura por músicas que não sejam hinos radiofônicos e, assim, mais facilmente licenciadas.

Jogue isso em uma HQ de 152 páginas e você tem 12 Razões Para Amá-la, deliciosa história criada por Jamie S. Rich e Joëlle Jones. Publicada lá fora pela Oni Press e no Brasil pela Devir, o álbum tem uma pegada pop digna de um Nick Hornby e uma verve realista-romântica bastante semelhantes aos filmes Antes do Amanhecer e Antes do Pôr-do-Sol, de Richard Linklater estrelados por Ethan Hawke e Julie Delpy.

Dividido nos 12 capítulos do título e sem uma ordem cronológica, o livro conta a história de amor entre Gwen e Evan. Quando os conhecemos, eles já estão juntos e a cada virar de página vamos descobrindo como eles chegaram até lá. Cada capítulo tem como título o nome de uma música, que vai de Travis a Astrud Gilberto, e mostra cenas comuns (mas nem por isso desinteressantes) de um relacionamento - das flores do primeiro encontro ao ex-namorado que reaparece... afinal, quem nunca passou por isso?

(12 Reasons Why I Love Her) Devir. 152 páginas Formato: 14 x 21 cm. Preço: 22 reais.

Grandes Clássicos do Homem-Aranha - Volume 5
Por Marcus Vinicius de Medeiros

A parceria entre o roteirista David Michelinie e o desenhista Todd McFarlane, que na época começava a decolar para o estrelato, rendeu alguns dos momentos mais memoráveis na vida do Amigão da Vizinhança, reunidos neste Os Maiores Clássicos do Homem-Aranha - Volume 5. Parte disso deve-se ao traço inovador de McFarlane e na concepção do personagem Venom. Todavia, as virtudes desta coletânea se estendem para muito além destes elementos.

Nesta fase da vida do herói, Peter Parker estava casado com Mary Jane Watson e trajava o uniforme negro, duas fontes de controvérsia entre os fiéis leitores da Marvel. Especialmente o amadurecimento do personagem, que o distanciava das histórias clássicas de Stan Lee e Steve Ditko. O diferencial do texto de Michelinie em relação ao que outro teria feito é o entendimento de como sua vida é afetada pela benção e maldição dos poderes aracnídeos. O que poderia ser limitante, abriu novas possibilidades criativas.

Há uma contraposição bem elaborada entre a vida de casado de Peter com Mary Jane, na qual os dois buscam novo apartamento, ele tenta se adaptar à companhia de uma modelo famosa e bem-sucedida, continua penando no Clarim Diário, e vilões como o Chance, em tramas complexas como a da Corporação Vida, seguem pipocando.

A arte de Todd McFarlane e o Venom provam agora ter resistido ao teste do tempo. Por mais que tenham sido exaustivamente explorados posteriormente, nestas histórias iniciais estão perfeitos. O traço de McFarlane foi realmente tão inovador quanto o de Ditko ou de Kirby em suas épocas, detalhista, rebuscado e bastante energético. E o simbionte alienígena foi uma sacada de horror puro nas vidas de Peter e Mary Jane. Com um visual que deformava o uniforme negro do Aranha, Venon provocou um abalo na vida antes segura do casal e, ainda melhor, possuía motivações para odiar o Aranha além de uma origem ligada ao crossover Guerras Secretas. E saber que a intenção dos artistas era "apenas" contar uma boa história, deixa-a ainda mais especial.

(Amazing Spider-Man 298-305) Todd McFarlane e David Michelinie. Panini Comics. Formato americano, 212 páginas.

Kajika
Por Érico Borgo

Adoro Akira Toriyama, mas, a cada obra dele que leio, cresce a impressão de que depois de Dragon Ball ele tornou-se um autor de uma idéia só. A trama, os personagens, o estilo do traço, tudo lembra demais o grande sucesso que antecedeu esta história em quadrinhos.

Em Kajika, publicado em um volume completo, um jovem amaldiçoado quando criança por matar uma raposa é obrigado a andar pelo mundo acompanhado do espírito do animal. Meio menino, meio raposa, ele precisa salvar mil vidas para voltar a sua forma humana. A trama começa quando o poderoso garoto encontra a jovem Haya, que possui um Ovo de Dragão e está sendo perseguida por malfeitores.

A história tem elementos consagrados do trabalho de Toriyama. "Vou te mostrar meu verdadeiro poder", técnicas de luta especiais, guerreiros em mutação... mas basta deparar-se com uma idéia original do mangaká que toda a má impressão se dissipa. Espere só para ver Kajika tirando a maldade de uma gangue de bandidos...

(Kajika) Arte e roteiro: Akira Toriyama. Editora Conrad. Formato 14,3 x 20,2 cm. 200 páginas. Volume único, branco e preto. R$ 17,90.

Capote no Kansas
Por Marcelo Forlani

Esse lançamento é para quem ainda tem curiosidade em saber como o escritor Truman Capote realizou as pesquisas que resultaram na sua obra-prima À Sangue Frio. Só nos cinemas, a história foi contada duas vezes recentemente, nos ótimos Capote (2005), que rendeu o Oscar de Melhor Ator ao excepcional Philip Seymour Hoffman, e Confidencial (2006). E conhecer a história ajuda. Fica mais fácil, por exemplo, entender que Nancy, a menininha com quem Capote passa boa parte do tempo conversando, é na verdade apenas o espírito de uma das vítimas do massacre que aconteceu no rancho da família Clutter, em Holcomb, no Kansas.

Com apenas 128 páginas de um belíssimo trabalho de chiaro-scuro, o artista Chris Samnee ajuda Ande Parks a contar a história desde Nova York até a pequena cidade interiorana e de volta à metrópole. As entrevistas com os assassinos passam mais à margem da história, deixando o foco mais no drama pessoal de Capote em ganhar a confiança dos locais e a sua própria como escritor.

Tudo muito bem até aqui, até que, no fim, os autores tropeçam no clichê da liberação do espírito amargurado e caem feio. Em época de Jogos Pan-Americanos, foi o detalhe que custou à dupla um lugar no pódio.

(Capote in Kansas) Devir. 128 páginas Formato: 16,5 cm X 24,0 cm. Preço: 21,90 reais.

Os Maiores Clássicos dos Vingadores - Volume 3
Por Marcus Vinicius de Medeiros

A terceira edição publicada pela Panini de grandes clássicos dos Vingadores destoa das anteriores por não trazer uma saga completa, ou uma fase da autoria de um quadrinista consagrado, mas sim uma coletânea de histórias ligadas apenas tematicamente. Reunindo histórias de diferentes períodos da trajetória do grupo, Os Maiores Clássicos dos Vingadores - Volume 3 apresenta confrontos dos heróis Marvel contra o viajante do tempo Kang. Apesar da qualidade do material, a falta de consistência pode deixar leitores confusos.

Deve-se destacar o fato de que a cronologia do Universo Marvel é realmente coesa e bem fundamentada, de modo que eventos de décadas passadas continuam a repercutir, e que, isoladamente, muitas histórias perdem um pouco de seu significado. Por mais que seja atraente contrastar estilos dos roteiristas Stan Lee, Roy Thomas e Roger Stern, suas sagas aqui apresentadas têm tantas referências a eventos antigos (muitos inéditos no Brasil), que não há empatia com o drama dos personagens. É o caso da Capitã Marvel se adaptando à sua posição nos Vingadores, já na fase dos anos 1980, ou dos dilemas de Thor ao ter perdido sua amada, numa história de Lee e Jack Kirby. Ignorando esses detalhes, as histórias têm fôlego.

O tema recorrente na ficção científica poucas vezes foi tão bem explorado nos quadrinhos de super-heróis quanto nessas aventuras dos Vingadores, com exceção provável da Legião dos Super-Heróis, da DC Comics. Há ainda a introdução de heróis como o Cavaleiro Negro na equipe e o surgimento do Esquadrão Sinistro, grupo análogo à Liga da Justiça criado por Kang que gera um confronto memorável pela utilização criativa de superpoderes e personalidades.

Esses contos envolvendo Kang ainda cativam os apreciadores de uma boa história de super-heróis com cérebro e sentimento. A energia do traço de Kirby e o naturalismo de John Buscema constituem atrativo digno de apreciação. E, em qualquer das histórias, faz-se presente a fórmula imbatível de carregar de emoção uma trama fantástica de homens e mulheres fantasiados.

(The Mighty Thor 140; Hulk 135; Avengers 69-17, 267-269) Vários autores. Panini Comics. Formato americano, 180 páginas.

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