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Sensacionalismo oportunista na Marvel

Sensacionalismo oportunista na Marvel

11.12.2002, às 00H00.
Atualizada em 02.11.2016, ÀS 01H04

Se era polêmica o que a Marvel queria, ela conseguiu.

Ontem, a CNN.com (depois do The New York Post) deu destaque ao anúncio da nova série do Rawhide Kid, um revival do mais célebre personagem caubói da editora, que voltará gay aos quadrinhos!

A idéia de tirar o herói do armário veio de Ron Zimmerman, roteirista do escatológico programa de rádio de Howard Stern, que assinará o texto da revista. A arte será do desenhista da velha guarda John Severin (que já ilustrou a série do próprio Rawhide Kid).

Criado em 1955 por Stan Lee e Bob Brown, a personagem era conhecido por sua timidez com as garotas, mas nunca tinha sido abordado desta forma. Billy Blue, como é conhecido no Brasil, teve série própria com mais de 150 edições entre 1960 e 1979, e apareceu esporadicamente em outras publicações da Marvel, incluindo as recentes mini-séries western Blaze of glory e Apache skies, de John Ostrander e Leonardo Manco, junto com outros velhos caubóis da Marvel. Nas duas, era heterossexual convicto.

O anúncio, parte da nova política de sensacionalismo da Marvel, promove a série como o primeiro western gay - quando aqui mesmo, no Brasil, temos Rock & Hudson, do Adão Iturrusgarai. Também é de extremo mau gosto a forma com a qual a editora está abordando a homossexualidade da personagem. A Marvel declarou que, em Slap Leather: The New Adventures of the Rawhide Kid, a nova mini em seis edições, ele não sairá declarando aos quatro ventos sua opção sexual, mas, sim, dando bons indícios e deixando os coadjuvantes confusos; como num dos diálogos da primeira edição divulgado pela editora, onde Kid fala do Cavaleiro Solitário: Acho aquela máscara e aquela roupa azul-clara fantásticas - dá pra entender por que os índios estão sempre atrás dele. Também basta uma olhadinha na imagem acima, digna de capa da G Magazine, para descobrir que eles não estão brincando e que a abordagem da história será absolutamente estereotipada.

Na opinião do Omelete e de todos os seus cozinheiros, uma tremenda presepada da Marvel. Anos atrás, os homossexuais eram proscritos das páginas dos quadrinhos mainstream americanos; hoje, há editores que os vêem apenas como instrumento de sensacionalismo oportunista.

A primeira edição da mini-série sai em fevereiro de 2003 nas lojas de quadrinhos norte-americanas.

Leia mais sobre o assunto:
A homossexualidade e os super-heróis: a difícil saída do armário

16/05/2002 Bang-bang a la Max/Marvel

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