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Deuses Americanos | Quarto episódio responde perguntas e finalmente dá destaque à esposa morta

Laura Moon comanda a história e se revela ainda mais fundamental para a trama

22.05.2017, às 20H30.
Atualizada em 06.06.2017, ÀS 18H07

A sequência de acontecimentos bizarros na vida de Shadow (Ricky Whittle) sofre uma breve interrupção em "Git Gone", quarto episódio de Deuses Americanos - mas só para introduzir outra sucessão de fatos singulares, protagonizada por Laura Moon (Emily Browning). A esposa morta vem rondando e influenciando os principais rumos da jornada de seu viúvo desde que ele saiu da prisão e aceitou a parceria com Mr. Wednesday (Ian McShane), mas, até agora, basicamente tudo que se sabia sobre ela tinha origem em como as pessoas ao seu redor a enxergavam. Laura se tornou umas das protagonistas da trama desde o primeiro momento, mas só agora mostrou o rosto de fato.

"Git Gone" começa rebobinando a narrativa até o ponto em que Laura e Shadow se conhecem. Aliás, antes disso, o espectator tem um rápido vislumbre de uma jovem que, completamente entediada e já sem fé na possibilidade de algo que quebre a rotina modorrenta, tenta suicídio usando inseticida - o que, curiosamente, garante uma metáfora visual interessante com as moscas que a acompanharão pelo resto da vida após a morte. Emily Browning faz um excelente trabalho ao mostrar a falta de paciência da moça, que trata todas as questões ao seu redor sem rodeios e com uma apatia que faz dela alguém que ainda em vida já estava morta.

Laura e Shadow se conhecem no cassino onde a jovem mantinha há quatro anos um emprego que não a satisfazia, quando o futuro ex-presidiário tenta roubar em um dos jogos e é advertido pela funcionária. O rapaz resolve, então, esperar o fim do turno da jovem e a convida para ser sua dupla de crime. A narrativa do episódio é interessante do ponto de vista de que, nessa enxurrada de sangue e deuses por todos os lados, o espectador teve pouco tempo para refletir - se é que refletiu - sobre o que diabos Shadow teria feito para ter começado a série atrás das grades. Ao mesmo tempo que desenha o casal se formando, vai surpreendentemente preenchendo lacunas na história do herói. 

Quando Laura se cansa das investidas de Shadow, diz que só quer ir pra casa e ele pede que ela o leve junto, a jovem não decide aceitar o convite por ter sido conquistada, mas por estar cansada. A noite de sexo marcada pelo erotismo já comum à série vira um café da manhã, que evolui para algum tipo de relacionamento, que evolui para um casamento. Nessa fase da vida, Shadow já começou a dar aulas de boxe na academia de Robbie (Dane Cook), seu melhor amigo, Laura segue entediada com a vida medíocre e a morte por inseticida começa a se tornar novamente uma opção para ela - é quando a proposta inicial do marido, de roubar o casino, começa a soar como uma forma de dar uma lufada violenta de ar a ponto de tirar sua vida da completa inércia.

Como já sabemos, o plano não dá certo e Shadow vai preso. Enquanto ele pega uma pena de seis anos (reduzidos para três), a história acelera ao que já conhecemos até agora e Emily Browning segue em sua missão de humanizar sem suavizar a personalidade de uma personagem que até agora era apenas uma mulher que havia traído o marido com o melhor amigo. Fica mais fácil entender porque alguém faz determinadas coisas quando vemos isso pelo ponto de vista dela mesma, e é isso que ajuda o espectador a construir uma visão mais empática de Laura. É possível sentir afeição e aversão pela personagem praticamente o tempo todo. A história toda da traição começa com a morte - obviamente a morte - do gato dela, quando Robbie aparece para ajudar a esposa do amigo a se livrar do corpo do animal. O adultério de Laura não tem outra motivação que não a de tentar sair da rotina.

Com Shadow prestes a voltar, Laura decide dar fim ao relacionamento extraconjugal e Robbie oferece resistência ao revelar estar apaixonado pela esposa do melhor amigo. A mulher é fria e pragmática quanto à necessidade do fim do relacionamento e decide dar um ponto final na história paralela fazendo sexo oral no amante enquanto ele dirige - e então temos o acidente que terminou na morte de Laura.

A cena seguinte é um dos maiores destaques do episódio: o retorno de Anubis (Chris Obis), deus egípcio responsável por conduzir a alma dos mortos no submundo, que fez sua primeira aparição no capítulo anterior e volta para levar a alma de Laura a julgamento. Após um breve desentendimento com a morta, o deus a condena à escuridão, mas vê sua alma escapar da penitência eterna graças à moeda de Mad Sweeney (Pablo Schreiber). Anubis aparece de novo já mais adiante na trama, quando Laura conta com a ajuda de ninguém menos que Audrey (Betty Gilpin), viúva de Robbie, para tentar reencontrar Shadow. Aliás, tirando o cinismo constante de Laura, Audrey é o grande alívio cômico do episódio - a cena onde ela encontra o zumbi da ex-melhor amiga vagando pela sua casa à procura de um kit de costura para arrumar o braço solto do corpo é divertidíssima.

Por fim, o episódio preenche mais uma lacuna importante na trama e revela que Laura estava por trás do resgate de Shadow no ataque dos capagas do Technical Boy (Bruce Langley) lá no comecinho da série. Ainda que o episódio perca pontos pela ausência do sensacional Mr. Wednesday (Ian McShane), ele os recupera por ter sido o momento de mais perguntas sendo respondidas até agora. É interessante ver também Laura e Shadow no mesmo patamar: enquanto o ex-presidiário tem uma dívida de morte com Czernobog (Peter Stormare), a esposa morta passa a ter a sua com Anubis. Agora que o espectador finalmente teve um respiro para contextualizar algumas coisas, fica a expectativa para o que vai finalmente acontecer após o reencontro do casal, cena que encerrou os dois últimos episódios. Deuses Americanos é exibido no Brasil pelo serviço de streaming Amazon Prime e o próximo episódio estará disponível em 29 de maio.

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