Depois de uma boa segunda temporada (leia a crítica), Gotham estabeleceu a base necessária para se destacar entre as atuais séries de heróis. O primeiro episódio do terceiro ano, porém, não soube aproveitar essa fundação. O que se estabeleceu foi a introdução de um arco disperso que deve ter Fish Mooney (Jada Pinkett Smith) em busca de poder e James Gordon (Ben McKenzie) em uma fase bad boy que já tem desfecho certo: o seu retorno ao GCPD. Ou seja, o foco da série está nos seus dois piores personagens.
Os monstros de Hugo Strange (BD Wong) se mostraram apenas experimentos genéricos (com exceção de um possível Morcego Humano), relevantes apenas para engrossar a nova gangue de Fish Mooney e para amadurecer a jovem Hera Venenosa (um dos experimentos tem um toque de envelhecimento). Saí a franzina Clare Foley, de 14 anos, e entra a voluptuosa Maggie Geha, de 28. O objetivo, explica o produtor Ken Woodruff, é justamente investir no poder de sedução da personagem: “Fizemos a mudança por dois motivos: um dos maiores poderes de Hera nos quadrinhos é a sedução. Todos ficaram muito mais confortáveis que isso fosse explorado em uma atriz mais velha e não em uma adolescente. (...) Mas não queríamos apenas torná-la mais velha com o ataque. Quando ela se transforma, há uma mudança interna também. Ela manterá alguns traços, mas será muito mais sombria, mas manipuladora que a Hera que vimos até agora. Há uma qualidade mais maligna nela, não é apenas físico”. Sexo, aliás, deve ser uma constante nessa temporada, que também apresentou no primeiro episódio Valerie Vale (Jamie Chung), a destemida/sensual repórter que deve se envolver com Gordon.
Os melhores momentos da estreia ficaram por conta de Bruce Wayne (David Mazouz) e Alfred (Sean Pertwee) enfrentando a diretoria da Wayne Enterprises e estabelecendo de vez o arco da Corte das Corujas, e do encontro entre Pinguim (Robin Lord Taylor) e Charada (Cory Michael Smith). Oswald Cobblepot pareceu um pouco deslocado na estreia, assustado com o retorno de Fish Mooney, mas a reunião com Edward Nygma (com Smith cada vez mais à vontade no papel) mostrou como pode ser a virada dessa obsessão - “Pinguins comem peixe (fish)”, conclui Nygma. Outra boa solução foi o casal 20 Barbara Kean (Erin Richards) e Tabitha Galavan (Jessica Lucas) assumindo seu lugar no núcleo violento/mafioso do programa.
Gotham tem um potencial imenso, mas seu retorno não empolgou. A trama proposta em Mad City, título do arco da primeira parte da nova temporada, não parece louca e frenética, mas dispersa. Há muitos elementos em jogo, incluindo o bizarro clone Bruce Wayne, que vão exigir boas justificativas dos roteiristas. Basta agora esperar pelos próximos episódios e torcer pelo melhor.
Assista ao teaser de “Burn the Witch”, que vai ao ar em 26 de setembro nos EUA:
A segunda temporada de Gotham está disponível na Netflix. O terceiro ano da série já começou nos EUA e estreia em 3 de outubro no Brasil pelo Warner Channel.
