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Knightfall | Nova série do History Channel sobre Templários intriga pelo tema mas decepciona na produção

Personagens sem desenvolvimento e visual amador ofuscam seriado inédito da emissora de Vikings

13.12.2017, às 17H27.
Atualizada em 14.12.2017, ÀS 13H25

O History Channel só começou a investir em séries de TV recentemente mas mostrou potencial com Vikings, criando ficção de qualidade e personagens bem desenvolvidos utilizando fatos históricos como base. Agora, a emissora dá continuidade aos seus seriados com Knightfall, que acompanhará a Ordem dos Templários.

A trama começa durante os momentos finais da Queda do Acre, em 1291, e mostra um grupo de cavaleiros Templários lutando para escoltar o Cálice Sagrado para fora da cidade. O navio que carrega a relíquia é atingido, e a mesma se perde no fundo do mar. Assim, a instituição se vê sendo derrotada e expulsa da Terra Santa. 15 anos após o evento que marcou o fim das Cruzadas o cavaleiro Landry (Tom Cullen), vivendo na cidade de Paris e ajudando a população local, tenta restabelecer a Ordem e procurar o Cálice em meio à uma conspiração contra o povo judaico.

O tema intriga por se tratar de uma abordagem não muito vista na televisão e de um período historicamente rico. A forma como Knightfall lida com isso, por outro lado, não é das melhores, pulando as etapas de desenvolvimento para focar-se na ação. "You'd Know What to Do", episódio de estreia, apresenta diversos personagens mas não dá tempo para o espectador conhecer mais de seus objetivos ou personalidades.

Vemos um pouco dos demais integrantes da Ordem e da vida dos membros da monarquia, mas nenhum deles ganha tempo de tela para chamar a atenção. Mesmo sem profundidade, o roteiro ainda tenta conquistar pelo impacto, por exemplo quando um dos mestres de Landry decide partir em uma missão secreta e é assassinado por bandidos, ou quando a esposa grávida de um fazendeiro é encontrada com uma flecha na garganta. Colocar pontos de virada tão cedo sem construção prévia acaba com qualquer chance de empatia, fazendo os eventos perderem seu peso emocional e parecerem artificiais. Não se importar com os personagens significa não se importar com a narrativa.

Optar por vários protagonistas não é necessariamente um problema, mas é preciso saber como trabalhar e evoluir múltiplos núcleos ao mesmo tempo. A proposta de investigar os segredos da Ordem dos Templários, relacionando-os com conspirações de reis e da igreja, é a oportunidade perfeita para isso.

A qualidade visual também deixa a desejar. O programa abre com uma batalha em larga escala mas não parece ter os recursos para sustentar isso, utilizando tanto tropas quanto projéteis de catapulta feitos por computador que destoam do resto da cena. A fotografia e a edição muitas vezes tomam decisões questionáveis, que dão ritmo inconsistente e visual amador. A impressão que fica é que a série é ambiciosa demais para o seu próprio bem, olhando para um nível de qualidade que a produção ainda não tem orçamento ou técnica para alcançar.

A série começa de forma enrolada e deixa um gosto confuso, mas nem tudo está perdido. É válido lembrar que Vikings também não começou tão boa quanto é hoje. O programa precisou de tempo para verdadeiramente encontrar suas forças e atingir seu potencial. Com mais nove episódios, Knightfall tem uma longa jornada de evolução pela frente.

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