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Supergirl se reinventa no retorno da 3ª temporada e fala do perigo da justiça com as próprias mãos

Série ainda sofre com tramas secundárias e formato longo

16.01.2018, às 16H05.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H46

As séries de herói produzidas pelo canal CW têm uma característica marcante: temporadas longas, com mais de 20 episódios, e duração de mais de 40 minutos cada. Infelizmente, esse formato é o maior vilão de Supergirl, que retornou sua terceira temporada com temas interessantes, mas presa em subtramas irrelevantes. O seriado entrou em hiato em dezembro de 2017, mostrando a heroína derrotada e uma nova ameaça: Reign, a arma de destruição que habita o corpo da humana Samantha Arias. “Legion of Superheroes”, primeiro episódio de 2018, lida muito bem com a questão do coma de Kara e seu medo de retornar ao mundo real.

CW/Divulgação

Assim como seu primo Superman, a jovem tem uma força descomunal e a derrota faz com que ela tenha um sentimento inédito de vulnerabilidade. Kara sabe que poderia facilmente ter morrido nas mãos de Reign. Ela não quer parecer covarde, mas a duração de seu coma é exatamente o receio de errar novamente. Quem a ajuda nessa questão é Brainiac-5, computador orgânico que veio do futuro a pedido de Mon-El para ajudar a Garota de Aço em sua recuperação.

Jesse Rath interpreta o personagem que foi muito criticado pela sua aparência, a exemplo do que aconteceu com o Superman da série. Mas a verdade é que Brainiac-5 funciona muito bem com a Supergirl. Enquanto ela começa a entender que sua humanidade é a chave para vencer (um dilema bem kryptoniano), ele passa a admirá-la. Como nas HQs os dois já formaram um casal, há uma expectativa do público sobre um possível relacionamento e o episódio deixa isso em aberto com alguns olhares sutis. Embora Kara o veja apenas como alguém que a ajudou, o ser inteligente começa a sentir coisas que nem ele mesmo entende.

Um novo interesse amoroso, ainda que não esteja claro nesse momento, também é um alívio para a trama de Mon-El (Chris Wood). Quando apareceu do futuro com sua esposa, o personagem teve o papel de ensinar algo novo para a Supergirl. Mas desde então sua participação na série ficou sem propósito, com ele apenas andando de um lado para o outro e causando eventuais cenas de ciúme na protagonista. Sem essa tensão no ar, Mon-El participou ativamente da batalha ao lado da Saturn Girl (Moça de Saturno) e os dois têm agora potencial de se tornarem relevantes sozinhos. Se a Supergirl amadureceu e superou o relacionamento, nada melhor do que a série seguir o mesmo caminho.

Apesar desse acerto, outro relacionamento amoroso é o grande problema do retorno de Supergirl: Lena Luthor (Katie McGrath) e Jimmy Olsen (Mehcad Brooks). O arco dos dois simplesmente quebra o clima do episódio, aparecendo em momentos inadequados. Quem perde com isso é Lena. Enquanto a personagem estava bem colocada antes, com os dilemas de sua família de vilões, agora ela contracena com o nome mais perdido do seriado.

Kara e Brainiac 5

CW/Divulgação

É como se a série não soubesse o que fazer com Olsen desde o começo. Na primeira temporada ele era a ligação entre o universo de  Kara  e o de seu primo Superman. Depois, virou interesse amoroso da protagonista, depois o Guardião e agora está com Lena. Ele não se encaixa de forma plena em nenhum desses núcleos e o resultado é um personagem detestado pelos fãs. É impossível não imaginar que isso é resultado do tamanho da série, que precisa completar sua trama principal para ter a duração exigida pelo canal.

Porém, mesmo com esses deméritos, Supergirl encontrou na vilã Reign seu discurso mais importante do retorno da temporada. A série pegou o clichê de “destruir um mundo de pecadores” e o transformou em uma discussão sobre fazer justiça com as próprias mãos, um eco interessante com a realidade. Reign não acredita mais na justiça humana e crê que ela mesma precisa punir os bandidos do mundo. Em sua ideia distorcida, ela acredita que está fazendo a coisa certa. Infelizmente, esse é um movimento comum em sociedades que passam a desacreditar em suas instituições e figuras de poder. Ao tocar em um assunto tão delicado, Supergirl supera o status de ser mais um programa de super-heróis inchado por um formato inadequado e se torna relevante. A série equilibra entretenimento com temas necessários e ainda encontra espaço para fazer isso ao som de Bon Jovi.

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