Lidar com o luto é uma das tarefas mais difíceis de qualquer ser vivo. Perder entes queridos faz parte da vida, mas é comum que parentes e pessoas próximas passem por períodos difíceis ao lidarem com isso. É exatamente assim que começa o terceiro ano de Supergirl, que mostra a protagonista triste após a perda de Mon-El (Chris Wood) na segunda temporada. Para quem não se lembra, Supergirl (Melissa Benoist) precisou decidir entre salvar National City ou deixar seu amado ir embora. Como boa kryptoniana, ela toma a decisão certa, porém difícil, e isso traz consequências para sua vida. Tentando se recuperar e fugir da dor, a heroína acredita que investir em seu lado humano foi um erro e quer “deixar Kara Danvers para trás”.
Toda essa trama traz um ar mais maduro para a série, que teve tons mais leves em seus dois primeiros anos. A Kara Danvers do começo dessa nova temporada lembra pouco a jovem empolgada e sorridente dos primeiros episódios da série, que estava motivada no trabalho, na vida de heroína e em seus relacionamentos com a irmã e seus amigos. Como ela mesmo diz, ela está quebrada agora.
Porém, é interessante ressaltar que apesar de toda a dor, Kara tenta minimamente continuar sua vida de forma normal: ela ainda está no trabalho na CatCo, não se afastou totalmente dos amigos e encontra motivação ao salvar as pessoas como Supergirl. Ela não se tornou cruel ou revoltada, como acontece com muitos super-heróis que sofrem grandes perdas. Ela quer continuar sua vida, mas criou um muro, uma proteção para não ter que lidar diretamente com o que aconteceu e não sofrer essa dor novamente.
Essa é uma diferença crucial sobre quem a Supergirl é e qual é a mensagem que a série quer passar ao seu público. Como o próprio Superman (Tyler Hoechlin) falou no final do segundo ano, ele mesmo não seria capaz de lidar com a perda de Lois Lane (como não conseguiu, nos cinemas) e isso mostra o quanto a Supergirl é emocionalmente mais forte do que ele (e fisicamente também, mas essa é outra discussão).
Claro, tudo isso impacta diretamente na vida dos coadjuvantes, que também sofrem ao verem a protagonista tão diferente. A maior afetada é Alex (Chyler Leigh), que entende os sentimentos da irmã, mas não consegue lidar com essa nova personalidade fria de Kara. Cuidar disso e dos preparativos do casamento com Maggie (Floriana Lima) deixam a personagem no limite, mas ainda assim ela consegue ser uma boa conselheira e fala coisas que fazem a protagonista pensar em suas atitudes. O mesmo não pode ser dito de James Olsen (Mehcad Brooks), que também tenta ajudar, mas faz isso de uma forma tão esquisita que fica difícil não dar razão para a Supergirl quando ela discute com ele.
Tirando toda essa parte emocional, Supergirl continua a mesma - senão mais forte e habilidosa - nas cenas de ação e essas sequências continuam o tom mais aventuresco da série de TV. A personagem tem novos vilões para enfrentar, como Morgan Edge, interpretado por Adrian Pasdar, mas ainda é cedo para dizer qual é o tamanho das ameaças e se elas vão durar a temporada inteira,.
É no fim de seu episódio de estreia que a série de TV mostra como pretende crescer em seu novo ano. Ao lidar com uma situação difícil, Supergirl quase desiste de tentar, mas encontra motivação na lembrança de Mon-El e nas coisas boas que eles viveram. Toda a dor e saudade se tornaram agentes motivadores para a personagem, que tenta ter uma atitude mais positiva a partir de então. O luto, essa dor imensa e que parece não ter fim, serve também para lembrar dos momentos bons e do amor daqueles que estão longe.
Com tudo isso situado, é provável que Supergirl entre para um caminho novo, mesclando boas e empolgantes cenas de ação, com alguns momentos divertidos e discussões mais sérias e profundas. Exatamente como o bom entretenimento deve ser feito.
Os novos episódios de Supergirl chegam ao Brasil em 23 de outubro, no canal pago Warner Channel.