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Crítica

Black Mirror: Crocodile - 4ª temporada | Crítica

Máquinas são pano de fundo em conto de suspense intenso

Omelete
2 min de leitura
29.12.2017, às 14H30.
Atualizada em 30.12.2017, ÀS 01H03

Black Mirror funciona por imaginar cenários onde a tecnologia evoluiu ao ponto de nos tornarmos dependentes e também o elemento humano em meio a esse desenfreado avanço. “Crocodile”, o episódio comandando por John Hillcoat (A Estrada), decide colocar as máquinas como plano de fundo para seu conto de suspense intenso.

A trama acompanha um casal de jovens que, por acidente, atropela um ciclista na estrada. O motorista, namorado de Mia (Andrea Riseborough), surta e decide livrar-se do corpo em vez de relatar o ocorrido às autoridades, com receio de tomar punições severas. Passados 15 anos do crime, arrependimentos e decisões mal pensadas podem comprometer a vida da garota - agora bem sucedida, casada e com filhos.

Ao invés de seguir a característica “fórmula” da antologia de jogar questões e respondê-las com uma reviravolta, a narrativa aqui é similar a Fargo: uma série de erros e acasos do destino criam uma verdadeira tragédia protagonizada por pessoas falhas que são forçadas ao extremo. Isso pode ser observado na personagem de Kiran Sonia Sawar, uma inspetora de seguro de vida cujo a investigação de um simples acidente a envolve em um obscuro caminho sem volta.

“Crocodile” é uma história verdadeiramente desagradável de se acompanhar, estrelada por pessoas de moral questionável. A empatia do espectador é testada a cada ato perverso, ao mesmo tempo que o seriado pergunta o que se faria no lugar dos protagonistas.

Mesmo estando em segundo plano, o aspecto tecnológico também ajuda no tom perturbador, demonstrando um mundo onde os limites entre vida pessoal e pública são borrados: empresas - que não necessariamente representam a lei - têm acesso direto à sua mente, rotina, hábitos privados e memórias vívidas. Na era onde corporações brigam pelo controle de internet e governos monitoram cada passo virtual dado no dia a dia, abordar o tema parece mais pontual do que nunca.

Talvez por priorizar o lado humano ao tentar alcançar um balanço com o tecnológico, o episódio foge um pouco da identidade esperada da série. Ainda assim, o roteiro de Charlie Brooker surpreende com uma perseguição de tirar o folêgo que, no fim das contas, é tão tensa e brutal quanto o restante da antologia.

Nota do Crítico
Ótimo
Black Mirror
Em andamento (2011- )
Black Mirror
Em andamento (2011- )

Criado por: Charlie Brooker

Duração: 6 temporadas

Onde assistir:
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