A Vizinha da Mulher da Janela (Netflix/Divulgação)

Créditos da imagem: A Vizinha da Mulher da Janela (Netflix/Divulgação)

Séries e TV

Crítica

A Vizinha da Mulher da Janela oferece a repetição de uma mesma piada

Paródia escrachada, minissérie estrelada por Kristen Bell não consegue encontrar o tom

01.02.2022, às 10H15.

Existem alguns filmes que, de tão atrozes, parecem ter sido aprovados apenas para virar motivo de chacota depois. Um dos títulos mais recentes que se enquadra na descrição é A Mulher da Janela, thriller de Joe Wright estrelado por Amy Adams.Tão esquemático quanto redundante, a produção sobre uma mulher agorafóbica que presencia um assassinato chegou com ambições demais e se levando tão a sério — a ponto de fazer com que o público evitasse abraçar o mote “tão ruim que é bom” para classificar o filme. Já para A Vizinha da Mulher da Janela, estreia da Netflix, a intenção é justamente essa: ser taxada como uma grande piada. 

Criada por Larry Dorf, Rachel Ramras e Hugh Davidson (trio por trás de Nobodies, comédia cheia de metarreferências que satiriza Hollywood), A Vizinha da Mulher da Janela luta para ser a paródia ideal do filme de Wright. Estrelada por Kristen Bell, a minissérie gira em torno de Anna Whitaker, uma artista lamentando a morte de sua filha de oito anos, tragédia que também culminou com o fim de seu casamento. Sofrendo “ombrofobia” (um fictício medo de chuvas), ela passa o resto dos seus dias misturando vinhos e antidepressivos, o que lhe causa alucinações. Em um desses episódios, ela acredita ter testemunhado o assassinato de sua vizinha.

E a partir desse ponto, muito semelhante à trama do filme, a minissérie começa a girar em ritmo desenfreado. Sabendo que a produção é uma paródia escrachada do filme estrelado por Amy Adams, há um interesse mordaz de tentar encontrar humor por meio da exacerbação de situações e interações entre personagens, como se estivéssemos assistindo a uma versão live-action de alguma animação de Seth McFarlane (criador de Uma Família da Pesada e Ted). Tudo é muito exagerado para deixar demarcado que é intencional a galhofa.

Contudo, essa repetição incessante de fórmulas e chavões atrapalha a produção de encontrar um ritmo orgânico de comédia. Sabe quando você ouve a mesma piada sem graça mais de uma vez? Exatamente. E não é como se paródias absurdas não tivessem chance de sucesso, afinal de contas, carreiras inteiras de comediantes foram feitas em cima disso, de Mel Brooks aos irmãos Wayans. Só que a diferença entre o humor de A Vizinha da Mulher da Janela e títulos como Todo Mundo em Pânico e As Branquelas está no exagero de ambas — convincente nas produções dos irmãos comediantes, mas ineficaz na minissérie da Netflix. 

O pior de tudo é saber quão desperdiçada Bell está na produção. Com um leque de personagens coadjuvantes totalmente insípidos, cabe à estrela de The Good Place encontrar o tom certo entre a paródia absurda e o dramalhão camp. Existem algumas piadas genuinamente engraçadas ao longo dos oito episódios (basicamente tudo que envolve a morte da filha da personagem principal e as narrações de Anna), mas nada que parece contar com planejamento ou inteligência.  

Deixando de lado os problemas com o timing cômico — ou a falta dele — a trama não se aproveita nem do “mistério” para engajar o público. É tudo muito ridículo, mas nunca de uma forma divertida. Quanto à sua conclusão, a série oferece uma saída satisfatória para explicar as maluquices da vida da protagonista (e ainda conta com uma aparição surpresa, e maravilhosa, de Glenn Close) e se debruçar sobre a identidade do tal assassino da vizinha. É a única parte dos oito episódios que vale a pena. O problema é ter que aguentar sete outros capítulos para chegar ao fim. Simplesmente uma jornada que não compensa.

Nota do Crítico
Ruim
A Vizinha da Mulher na Janela
Encerrada (2022-2022)
A Vizinha da Mulher na Janela
Encerrada (2022-2022)

Criado por: Rachel Ramras, Hugh Davidson & Larry Dorf

Duração: 1 temporada

Onde assistir:
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