Unicorn: Warriors Eternal

Créditos da imagem: Adult Swim/HBO Max/Divulgação

Séries e TV

Crítica

Genndy Tartakovsky atinge novo auge na carreira com Unicorn: Warriors Eternal

Cineasta une steampunk e misticismo em conto épico

Omelete
3 min de leitura
07.07.2023, às 12H53.
Atualizada em 13.07.2023, ÀS 10H19

Desde O Laboratório de Dexter, Genndy Tartakovsky tem se estabelecido como um dos melhores e mais criativos animadores em atividade na TV americana. Uma olhada no currículo do criador de Samurai Jack já seria o suficiente para justificar a expectativa por Unicorn: Warriors Eternal, nova série da HBO Max produzida em parceria com o Adult Swim, mas as primeiras prévias animaram ainda mais os fãs: a mistura de steampunk e fantasia clássica é o ponto fraco de muita gente, afinal.

Indo na contramão da simplicidade sucinta de Primal, criação recente de Tartakovsky também para a HBO Max, Unicorn trata da eterna luta do Bem contra o Mal com algumas complicações. Os mocinhos, reunidos pelo lendário mago Merlin, reencarnam século após século para derrotar uma força misteriosa que busca dominar tempo e espaço. Quando uma dessas reencarnações dos heróis acontece de forma inesperada, os guerreiros Edred, Melinda, Tseng e o robô Copernicus precisam enfrentar esse inimigo de uma forma inédita, colocando toda a realidade em jogo. O conceito pode parecer complicado, mas a animação o apresenta em um prólogo empolgante e muito bem resumido.

Como já é comum em suas produções, Tartakovsky se aproveita da união de designs já conhecidos para criar no espectador uma familiaridade quase imediata com o novo mundo que apresenta. Seja no visual à la Betty Boop de Melinda/Emma ou no uso de elementos steampunk, o cineasta cria uma atmosfera confortável para que o espectador se conecte rapidamente com esse novo universo.

Isso não quer dizer que Unicorn seja apenas uma repetição de produções anteriores. A criatividade de Tartakovsky é evidenciada pela pluralidade de traços e maneirismos únicos a cada personagem, com até mesmo o menor dos coadjuvantes mostrando trejeitos próprios que estabelecem um universo plural e cheio de detalhes. Assim como os personagens, os cenários da série são ricos, de modo que é extremamente tentador rever cada episódio ao menos duas ou três vezes para absorver cada detalhe da animação.

Conflitos e reviravoltas

A animação fluida está longe de ser o único apelo de Unicorn. A série conta com um elenco principal cheio de personalidade e cujas relações surpreendentemente realistas levam a algumas situações brilhantes, incluindo um triângulo amoroso entre uma bruxa, um elfo e um lobisomem e jornadas psicodélicas de autodescoberta.

Mais do que a luta do Bem contra o Mal, o principal conflito de Unicorn acontece na psique de Emma, receptáculo da mais recente encarnação de Melinda. Após um erro no processo que “acordou” o espírito da bruxa em seu corpo, a jovem passa a questionar a própria identidade e seu papel na luta pelo universo. A jornada de crescimento e autoaceitação da garota é tão emocionante quanto qualquer uma das sequências de ação idealizadas por Tartakovsky e rivaliza em qualidade com os arcos de alguns dos maiores personagens recentes da ficção infanto-juvenil.

Assinado por Tartakovsky e Darrick Bachman, o roteiro de Unicorn traz uma sequência de reviravoltas — algumas mais inesperadas do que outras — que tornam a história dessa primeira temporada surpreendente mesmo em meio a todos os seus elementos familiares. A forma como a dupla costura sua nova mitologia em torno das relações de seus personagens permite também que a série se desenvolva de maneira compreensível, mas que nunca subestima a inteligência do público.

Apelando o mínimo possível para diálogos expositivos, o texto dinâmico prende a atenção do espectador antes de recompensá-lo com cenas de ação criativas que se aproveitam o máximo possível das diferentes habilidades de seus heróis e vilões. Seja em combates contra titãs em chamas ou perseguições em meio ao caos metropolitano, Unicorn proporciona o maior espetáculo visual que Tartakovsky já criou em sua carreira.

Linda e criativa, Unicorn: Warriors Eternal é mais um exemplo do potencial que a animação tem quando explorada para além das suas convenções visuais. Com Homem-Aranha Através do Aranhaverso e Pinóquio de Guillermo Del Toro expandindo os limites da mídia nas telas, Tartakovsky assume, mais uma vez, a liderança desta nova vanguarda na TV, levando sua já invejável carreira a um novo auge.

Nota do Crítico
Excelente!
Unicorn: Warriors Eternal
Em andamento (2023- )
Unicorn: Warriors Eternal
Em andamento (2023- )

Criado por: Genndy Tartakovsky

Duração: 1 temporada

Onde assistir:
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