Séries e TV

Crítica

O Exorcista - 1ª Temporada | Crítica

Série continua a franquia com boa história e terror comedido

21.12.2016, às 07H58.
Atualizada em 22.12.2016, ÀS 12H08

A princípio, a ideia de expandir a franquia O Exorcista na TV soou como um simples caça-níquel. Explorada diversas vezes no cinema, a série não conseguiu nem se revitalizar com o derivado O Início. E apesar de ter esse histórico contra, o seriado produzido pela Fox se mostra um ótimo produto baseado no romance de William Peter Blatty. Em dez episódios, um novo caso de possessão é apresentado, a mitologia do livro é explorada e novos personagens são introduzidos de forma competente. Sem dúvida, O Exorcista é uma das melhores surpresas do ano na TV.

A trama gira em torno da família Rance, que passa por momentos difíceis em diversos aspectos - da filha mais velha reclusa até o pai que acaba de sofrer um acidente de trabalho. No meio disso tudo, a caçula Casey (Hannah Casulka) começa a apresentar traços de possessão. É aí que entra a melhor parte da série, os padres Tomás (Alfonso Herrera) e Marcus (Ben Daniels). Assim como no primeiro filme, um é inexperiente e o outro carrega consigo o fardo de ser um exorcista. A convivência evolui conforme os episódios, assim como as questões enfrentam no dia a dia.

Em dez episódios, a série consegue mesclar bem as novas etapas da franquia com inúmeras referências ao clássico de terror - da trama ao visual. A história de Regan ainda está ligada à história e se encaixa bem com os causos da família Rance. O que dá mais força às angústia de Casey é a química encontrada pelo elenco, tanto dentro da família Rance quanto na dupla de padres que os tenta ajudar. Geena Davis vive uma mãe angustiada, estranha e presa ao passado, que depois de alguns episódios mostra o verdadeiro motivo por trás da postura tão esquisita do início da série. O destaque, porém, vai para os padres vividos por Herrera e Daniels.

Marcus e Tomás tem a clássica relação de aprendiz e mentor. O que leva isso além é a forma como a série aprofunda as questões pessoais de cada um, sem apelar somente para a crença em Deus ou algo do tipo - certame bem comum em obras que envolvam igreja e afins. Tomás é tomado pelos desejos da juventude, Marcus atordoado por um passado cheio de desvios morais. A receita não é inédita, mas a condução desses dilemas é bem executada e se encerra de forma digna. Daniels, aliás, é o grande destaque do elenco. A paixão com que encarna Marcus transmite o peso que é ter o fardo do exorcismo em si, ao mesmo tempo que o transforma em uma espécie de herói esquecido pelo mundo.

O terror em O Exorcista não chega perto do visto nos filmes. Ainda assim, se consideradas as limitações que a TV impõe, o trabalho da série é louvável. A violência está sempre mais ligada ao suspense, às consequências dos atos do demônio do que a sangue, vomito ou agressões físicas - tudo isso existe, mas em doses moderadas. A forma como escolheram personificar a entidade também foi por esse lado; menos impacto, mais ambientação. Por seguir essa fórmula, muitas vezes os episódios esquecem o terror e ficam na tensão. O que não chega a ser ruim, mas decepciona quem espera medo de algo com a marca O Exorcista estampada na logo.

São poucas as séries de TV da atualidade que conseguem trabalhar tão bem uma franquia já estabelecida como O Exorcista. Com um elenco competente e uma história coesa, sem invencionices, a primeira temporada do seriado é ótima opção para quem gosta de suspense com uma pitada de terror.

No Brasil, O Exorcista é exibido pelo canal FX.

Nota do Crítico
Ótimo

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