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Crítica

Frontier - 2ª temporada | Crítica

Série com Jason Momoa continua a ter uma bela fotografia, mas segundo ano não melhora o péssimo enredo

16.02.2018, às 13H49.
Atualizada em 16.02.2018, ÀS 14H11

Quando estreou sua primeira temporada Frontier tinha uma missão nobre para os domínios da teledramaturgia. Nesse emaranhado de produções que reciclam ideias, a perspectiva de acompanhar as tensões do comércio de peles lá no antigo mundo era bem animadora. A produção era uma parceria com o Canadá, mas com a tutela do Netflix. A presença de Jason Momoa também conferia certa seriedade ao projeto, visto que depois de sua participação em Game Of Thrones, seu nome se tornou uma referência de cultura pop. Todos os fãs eaguardavam para saber qual seria seu próximo personagem.

A decepção foi generalizada. Embora bem cuidada esteticamente, Frontier se revelou um dos produtos mais genéricos de todos os tempos, incapaz de expressar-se com o mínimo de personalidade, entregue a uma completa irrelevância de mercado e com absolutamente nenhuma justificativa plausível para continuar existindo. Com atuações medíocres e um roteiro mais medíocre ainda, não teve condições de sustentar sua premissa e terminou sua primeira temporada sendo aquilo que jamais deveria ser: uma vitrine para um astro em ascenção que nem é tão bom ator assim.

Uma pequena reavalição de propósitos era esperada para o projeto da segunda temporada. Apegada ao quanto conseguiria ser ainda mais bela visualmente, a série chegou para o segundo ano disposta a ser melhor, mas ao cavar maneiras de corrigir enganos, foi revelando outras fragilidades. É até admirável ver como os roteiristas tentaram buscar caminhos alternativos para a fraqueza de sua premissa original, mas Frontier é dessas ideias que nascem fadadas ao fracasso mesmo que tenham todas as melhores intenções. Sem um texto muito forte e uma perspectiva muito inteligente, um trabalho de época não tem condições de impressionar ninguém.

Sem Fronteiras

A história do segundo ano começa exatamente do mesmo lugar onde parou: com a fuga de Harp (Momoa) depois do não-confronto com Lorde Benton (Alun Armstrong) - que todos estavam esperando. Como acontece com toda história que toma esse caminho, os primeiros suspiros da segunda temporada de Frontier tentam fazer com que nos importemos com a fuga de Harp para distante dos pontos de tensão que a própria série preparou no ano anterior. E se você acha que eles logo voltarão atrás nessa decisão, estão enganados. Essa segunda temporada tem muito pouco de seu protagonista, reforçando que o programa não tem a menor ideia para onde ir.

Com o afastamento de Harp, o roteiro tenta focar nos núcleos paralelos e na trama pelo controle do comércio. Essa é a parte da tentativa louvável. Porém, quanto mais a série investe nos personagens que existem sem vínculos imprescindíveis com Harp, mais a presença dele na história vai soando cada vez mais desnecessária. Benton e Chesterfield (Evan Jonigkeit) têm arcos bem definidos, Grace (Zoe Boyle) e Elizabeth (Katie McGrath) ainda são presenças com certa imponência. O problema é que nada no meio dos clichês e obviedades que a série propõe se salva.

O maniqueísmo é colossal. Os vilões são puramente maus e qualquer diálogo encabeçado por eles tem que ser tomado de expressões maléficas e ameaças. Eles até tentam dar uma certa vulnerabilidade a Benton e a união inesperada entre Grace e Chesterfield justifica parte do tempo do espectador. Ela, inclusive, continua conseguindo sair ilesa de seu jogo como agente tripla e isso é admirável. A forma como o texto se arruma para levar adiante suas ideias é que deixa de ser instigante minutos depois que elas são lançadas. Há uma fraqueza provocada pela completa incapacidade de serem intensos. Tudo fica do morno pro frio, sempre.

Por fim, a série reserva o “tão esperado confronto” de Harp com seus perseguidores (um perseguidor agigantado, em especial) até o limite do suportável e a despeito de toda a violência das sequências finais, tudo que fica é uma sensação de tédio. Há um gancho bem claro para uma terceira temporada e Frontier, no seu último segundo, reafirma seu talento para ser óbvia. O roteiro faz um movimento ousado ao colocar antagonista e protagonista num interesse em comum. Mas, quando faz um deles perguntar “E agora?” e o outro dizer, com olhos apertados “Guerra”, a série chafurda no meio dos chavões que parecem ser a única coisa que ela conhece e manipula.

Nota do Crítico
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