Séries e TV

Crítica

Hannibal - 2ª Temporada | Crítica

Começa a contagem regressiva para o fim

27.05.2014, às 14H44.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H39

A galopante escalada de Hannibal me faz querer (e crer) que a série termine logo. O roteiro ansioso de Bryan Fuller faz com que não seja possível enxergar um palmo à frente, como se estivéssemos encobertos por uma névoa de suspense que não parece ter previsão para dissipar. Com qualidade de série TV fechada, não há enrolação: as duas primeiras temporadas já avançaram tanto na história que o desfecho para o já garantido terceiro ano tem possibilidades muito limitadas. Das mãos de Fuller, porém, tudo é possível.

Depois de ser preso por crimes que não cometeu, Will Graham (Hugh Dancy) precisa, de dentro de uma cela em um hospital psiquiátrico, se provar inocente. Hannibal (Mads Mikkelsen) é tão manipulador e calculista que todos ao seu redor não enxergam além das poucas mas efetivas provas plantadas que incriminam Will. Sua brilhante mente, no entanto, o mantém em contato com o time do FBI, que precisa da sua ajuda para conseguir solucionar crimes que, é claro, têm o dedo de Hannibal, mas que ninguém suspeita.

Assim como a primeira temporada, apesar de já estar completamente imersa na mitologia, a série ainda abre com episódios procedurais antes de se dedicar completamente a seguir focada nas relações de Hannibal e Will entre si e com os outros personagens. São experimentos sociais, testes de tolerância a uma repetição incessante de acusações vindas de dentro e de fora da prisão. Enquanto Will está impotente e limitado, sem a possibilidade de usar suas habilidades de investigação, Hannibal mantém sua frieza psicopata quando dá suas opiniões médicas sobre o estado mental de Will - além de ter tomado seu lugar no time, com acesso muito mais fácil às cenas do crime e aos criminosos em si.

Não demora para que a trama deslanche e a primeira pessoa a demonstrar compaixão e um mínimo de lucidez é Beverly Katz (Hettiene Park), que logo é eliminada da equação. É curioso ver como pouco conhecemos sobre Hannibal e seus hábitos quando eles nos são apresentados pela primeira vez. É como se nós, espectadores, mesmo sabendo mais que os alienados Jack (Laurence Fishburne), Alana (Caroline Dhavernas), etc, ainda estivéssemos no escuro, como quando Katz descobre o "açougue" de Hannibal. A única pessoa ali que realmente conhece o serial killer é Bedelia Du Maurier (Gillian Anderson), sua terapeuta, que acaba ficando em uma sinuca de bico ao se dar conta de com o que ela está lidando.

Com apenas 13 episódios, Hannibal tem de ser sucinta, precisa e direta, sem enrolações. Ao tentar se explicar demais, porém, a série se torna óbvia e repetitiva, escorregando levemente durante dois ou três episódios. "Yakimono" e a "crucificação" de Dr. Lecter retomam o passo, engatando no excelente "Su-zakana", que mostra alguns dos planos detalhe mais belos que já vi - além de espelhar a relação de Hannibal e Will em Peter (Jeremy Davis) e Clark (Chris Diamantopoulos) e suas ótimas participações.

A ideia de se dar uma pista e sua recompensa vir somente episódios depois é um dos pontos altos de Hannibal. Foram três retornos surpreendentes ao longo da temporada, cada um com seu significado e propósito. Primeiro foi Miriam Lass (Anna Chlumsky), que serviu como gancho para o fechamento de toda a história do Chesapeake Reeper. A ex-pupila de Jack era considerara morta há anos e sua volta foi rápida e direto ao ponto. O segundo retorno foi de Freddie Launds (Lara Jean Chorostecki), que todos achavam ter sido assassinada por Will. A ideia aqui era que a confiança de Hannibal fosse conquistada por Will, que até levou o "lombo de um porco muito magro" para a mesa do chef canibal. A necessidade de uma confissão de Dr. Lecter sobre qualquer um dos crimes que cometeu era tão grande que acabou levando Jack a criar um plano para enquadrá-lo, indo contra as leis.

O terceiro retorno, apesar de ter surpreendido, não explicou muito à que veio. A volta de Abigail Hobbs (Kacey Rohl) foi rápida e serviu apenas a um propósito: provar a Will que todo o controle ainda está nas mãos de Hannibal. O massacre do episódio final é a prova de que a série precisa logo de um fim e pode desandar muito em breve. Ainda que tenha seguido um caminho diferente das histórias conhecidas, tanto a dos livros quanto a dos filmes, Hannibal segue bem sozinha - até que atinja seu aguardado desfecho. O mais logo possível, preferencialmente. Assim não corremos o risco de ter mais um belo trabalho da TV estadunidense se deteriorando em frente aos nossos olhos.

Nota do Crítico
Ótimo

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