Obs.: esta entrevista foi realizada em maio, antes dos protestos do movimento Black Lives Matter incentivar produções de Hollywood a repensarem a representação de policiais
Comédias buddy cop costumam seguir uma fórmula básica: dois policiais, um veterano e um com menos tempo na corporação, se unem em uma parceria forçada, que passa por problemas por causa da maneira diferente que abordam o trabalho. Máquina Mortífera, Dois Caras Legais, 48 Horas, A Hora do Rush e Chumbo Grosso são apenas alguns exemplos de sucesso do gênero, que mistura humor e ação para dar um ar divertido a produções policiais que normalmente trazem tramas mais tensas. Seguindo esses moldes, em 1995, Michael Bay e Jerry Bruckheimer criaram Bad Boys, longa estrelado por Will Smith e Martin Lawrence. Quase 25 anos – e duas continuações – depois, a franquia chegou à TV com L.A.’s Finest, série derivada que carrega as principais características do buddy cop para as telinhas, com Gabrielle Union, que já havia aparecido em Bad Boys II, e Jessica Alba como a dupla policial protagonista.
Embora a primeira temporada não tenha sido uma unanimidade entre os críticos, o público se mostrou aberto ao programa, que desenvolveu a parceria entre as policiais Syd (Union) e McKenna (Alba) no barulhento e explosivo universo de Bay. A boa recepção encorajou a emissora Spectrum a renovar a série com a promessa de elevar o que conquistou o telespectador no ano de estreia. “Aumentamos a ação, o drama, a comédia. Queríamos dar uma montanha-russa de emoções aos fãs”, disse Union ao Omelete. Com o mundo em quarentena, a atriz afirmou que recebeu diversas mensagens de pessoas que esperavam pelos episódios inéditos “animados para ver um pouco de emoção nas telas”.
Union e Alba nunca tinham atuado juntas antes de L.A.’s Finest, mas as atrizes começaram a trabalhar em Hollywood mais ou menos ao mesmo tempo, na primeira metade dos anos 1990. Para a intérprete de Syd, essa foi apenas uma das coincidências que ajudou a dupla a criar a elogiada química que mostram na tela. “Tínhamos muito em comum, como ser ‘mulheres fortes’ com vidas agitadas e que amam e respeitam outras mulheres e que têm paixão por tudo que nos comprometemos a fazer. Foi uma combinação explosiva e dinâmica de todas essas coisas”.
A possibilidade de levar à TV um pouco mais de representatividade feminina também agradou a dupla. Enquanto Union se mostra animada em revisitar a personagem introduzida em 2003 como a heroína da própria história, Alba celebra a realização de um de seus objetivos na carreira. “Me tornei atriz porque amo comédia e ação. Quando era uma garotinha assistindo filmes eu dizia ‘quero ser o Harrison Ford’”.
“Você não vê mulheres que podem fazer tudo isso, então acho muito divertido que, no desenvolvimento de L.A.’s Finest, Gabrielle e eu pudemos trabalhar com os showrunners e produtores para moldar essa joia que você normalmente veria no cinema nesse universo do Jerry Bruckheimer”, seguiu a atriz, conhecida também por filmes como Quarteto Fantástico, Sin City e Machete. Union também não subestima a representatividade trazida pelo seriado. “O fato de sermos duas mulheres não-brancas em Hollywood que nunca puderam ser vistas dessa maneira trabalhando juntas tornou tudo ainda mais emocionante”.
L.A.’s Finest não economiza nas cenas de ação e nas piadas típicas do buddy cop. Ainda assim, é nítido o esforço de criadores e elenco para trazer algo novo a um gênero muitas vezes formulaico. Se depender da aceitação do público e do sucesso ainda relevante dos Bad Boys no cinema, a série pode manter a “montanha-russa de emoções” funcionando por mais algumas temporadas.
No Brasil, L.A.'s Finest é exibido pela AXN toda quarta-feira, às 22h55 - confira nossas primeiras impressões da segunda temporada.