Séries e TV

Crítica

MacGyver - 1ª Temporada | Crítica

A nova versão não tem o charme do original, mas oferece uma aventura segura. Só não pense muito

24.04.2017, às 14H34.
Atualizada em 24.04.2017, ÀS 19H02

Nenhuma série está livre de um reboot e as mais icônicas são particularmente vulneráveis ao desejo de Hollywood de fazer uma nova versão do que foi lucrativo em outra década. MacGyver foi um desses programas marcantes, extrapolando o campo do entretenimento para introduzir-se no vernáculo, transformado em adjetivo para qualquer um que solucione algum problema com engenhosidade.

Mas o problema em refazer um ícone é que ele não pode ser refeito. A combinação entre época de lançamento, mentalidade do público naquele momento e produção azeitada que os executivos de TV acertadamente batizaram de “prender um relâmpago numa garrafa” não se repete. Resta à nova versão encontrar seu próprio caminho, porém sem a permissão de se desligar da razão de sua existência, o original.

Criada por Lee David Slotoff, MacGyver em 1985 tinha como principal atração o talento individual em oposição ao poder da tecnologia e do armamento na forma de um agente secreto cujas traquitanas eram fruto de sua inteligência, conhecimento científico e habilidade. O oposto de James Bond.

Na nova versão, Lucas Till (X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido) parece jovem demais para o papel, sensação que diminui após vários episódios, mas nunca desaparece. E o personagem que antes atuava basicamente sozinho, agora tem uma equipe obviamente formada para atender aos anseios politicamente corretos. Jack Dalton (George Eads, de CSI) é um ex-soldado das forças especiais cuja maior função é distribuir sopapos, enquanto Riley (Tristin Mays, de Supergirl) é uma hacker e garantia de representatividade feminina no elenco. A chefia da Fundação Fênix, organização de pesquisa que serve de fachada para MacGyver também foi colocada na mão de uma mulher, primeiro de Patrícia Thornton (Sandrine Holt, de House of Cards) e após uma dúzia de episódios, Matty Weber (Meredith Eaton, de Justiça Sem Limites). O resultado é muito mais Missão Impossível do que MacGyver, ainda mais quando Bozer (Justin Hires, de Rush Hour), amigo de infância do herói se junta ao time, já que a especialidade do rapaz é criar máscaras de alta qualidade, um dos elementos mais característicos da série de TV que Tom Cruise levou para o cinema. O lado bom é que a entrada de Bozer para a equipe diminuiu seu uso como alívio cômico e o tornou bem menos irritante do que no início da temporada.

Lutando para dar um tom mais dramático e um pouco mais de material para Lucas Till, a produção introduziu dois personagens recorrentes, Nikki (Tracy Spiridakos), a namorada que abandona MacGyver e Murdoc (David Dastmachian). Embora os pequenos momentos de coração partido possam interessar aos mais românticos, o assassino de aluguel foi muito mais interessante ao protagonizar a reviravolta do final da temporada. Murdoc também foi o autor do episódio em que MacGyver tem de mostrar seu lado sombrio e acaba sendo manipulado pelo vilão. Com a série renovada para o segundo ano, ambos devem reaparecer e a produção tem a chance de apresentar roteiros em que as soluções artesanais de MacGyver não pareçam exigir que os bandidos atuem em câmera lenta para que o herói tenha tempo de arrancar alguma coisa da parede ou do teto. Embora memorável, a série original não representa um pico de qualidade em matéria de roteiro, por isso mesmo sua derivada tem de evoluir para sobreviver. Mesmo que consiga isso, a nova versão não deve entrar para o vocabulário como a anterior, mas atende o gosto por uma aventura leve, sem muita relação com a realidade e com a velha certeza de que o personagem principal vai sair incólume no final, algo raro hoje em dia.

Nota do Crítico
Bom

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