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Crítica

Narcos - 2ª Temporada | Crítica

Os últimos dias de Pablo Escobar

02.09.2016, às 04H00.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H43

[Spoilers sobre o segundo ano abaixo]

A história de Pablo Escobar já estava escrita e, conforme a primeira temporada determina, só havia uma coisa que o segundo ano poderia mostrar: sua morte. Quando Wagner Moura revelou que Pablo morreria na segunda leva de episódios, muitos fãs ficaram chateados com o "spoiler". Mas até que ponto revelações sobre uma história baseada em fatos estragam o andamento de uma produção? A expectativa só aumenta quando um grande acontecimento é anunciado.

Sabendo que Narcos seguiria contando a história de Escobar a partir do ponto onde o primeiro ano havia deixado, logo após sua fuga da prisão La Catedral, a caçada foi intensa - tanto  a da vida real quanto a mostrada na série. Foi um ano e meio onde policiais, agentes do DEA, gangues rivais e muitas outras pessoas procuravam pelo traficante em busca de vingança. Um ano e meio de uma guerra civil na Colombia. Um ano e meio de ataques vindo de ambos os lados, com a população sofrendo no meio.

"Não dá pra inventar esse tipo de coisa", diz o agente Murphy (Boyd Holbrook) em algum momento do segundo ano da série. Muitas das coisas que Pablo e seus sicários fizeram para passar mensagens aos seus inimigos pareciam coisas saídas de filmes de ficção, assim como seus atos de retaliação. Sendo assim, mesmo com liberdade poética, a série não exagera em nada - muito pelo contrário, se mantém sempre centrada na busca e captura.

A licença narrativa é reservada para os momentos de intimidade entre Pablo e sua família, sempre humanizando o traficante, transformando-o quase em um anti-herói. Há momentos em que o espectador torce por ele, quase que esquecendo todas as atrocidades cometidas. Há momentos em que o diálogo de Pablo quase nos convence, lembrando-nos do bem que ele fez à comunidade, de toda a ajuda que deu aos mais pobres. Logo em seguida, como um clarão no escuro, uma cena mostra um material de arquivo real do noticiário local, cheio de mortos caídos pelas ruas de Medellín, cobertos de sangue.

É uma das melhores coisas de Narcos. Todos os momentos em que a série ilustra alguma situação com imagens reais nos traz de volta à realidade, relembrando que toda aquela história, por mais maluca e inventada que possa parecer, realmente aconteceu e afetou milhares de pessoas na Colombia. A transição de ficção para realidade fica suave devido também à ótima caracterização dos personagens, que se parecem demais, ao menos fisicamente, com seus respectivos personagens.

No quesito técnico, Narcos deixa muita produção cinematográfica de grande orçamento para trás, criando grandiosas cenas de perseguição e invasão que impressionam. Quase toda rodada em locação, a série não poupa recursos para criar grandes espetáculos ao longo dos dez episódios, mal deixando respiros entre eles. Entre drones e câmeras em carros ou motos, nenhum segundo passa despercebido, nas estreitas ruas ou nos telhados das casas.

A ideia de contar toda a história da vida de Pablo em apenas 20 capítulos é excelente, evitando longos episódios onde nada acontece de fato. Todos os segundos são usados em momentos relevantes para a trama. Não é toda produção que escolhe sintetizar tanto assim uma história, por vezes alongando demais interessantes temas que acabam ficando chatos e cansativos.

Por fim, o aguardado desfecho de Pablo é transformado quase que em poesia quando a incrível montagem da série transforma atores nas pessoas reais na famosa foto tirada no telhado com o corpo do traficante. No entanto, o verdadeiro gancho deixado ao final da temporada é o que mais instiga - garantindo mais um ano para a série e logo determinando seu tema. Vem aí o cartel de Cali.

Nota do Crítico
Excelente!

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