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Star Wars Rebels | Criadores falam do tom cartunesco e das ligações com a trilogia clássica

Não é só na cronologia que a série animada está mais próxima do Episódio IV

20.10.2014, às 13H32.
Atualizada em 29.06.2018, ÀS 02H46

A convite da Disney, o Omelete esteve em San Francisco, nos escritórios da Lucasfilm, para assistir a episódios da série animada Star Wars Rebels e conversar com a equipe técnica que colaborou para conceber o universo do desenho, que se ambienta entre os Episódios III e IV da saga.


Personagens mais coloridos e expressões mais elásticas

Além de rever o telefilme que dá a partida na série (leia nossa opinião, direto da San Diego Comic-Con), nós pudemos assistir ao sexto episódio de Rebels, em que Kanan, o relutante mestre jedi do protagonista Ezra, enfrenta pela primeira vez o principal vilão desta primeira temporada, o Inquisidor. Assim como no telefilme, a trama envolve uma cilada planejada pelo Império para tentar pegar os rebeldes, que descobrem que a mestre jedi Luminara Unduli estaria viva, à espera do seu julgamento.

O episódio é importante para apresentar melhor o Inquisidor (e seu versátil sabre de luz três-em-um), mas não necessariamente para esclarecer suas intenções. O antagonista parece ficar no meio termo entre sith e militar: ele soa pragmático e entediado, como se fosse só mais um na hierarquia do Império a cumprir ordens, mas no embate com Kanan e Ezra ele menciona o lado negro da Força e tenta cooptar o menino para o mal. Falamos bastante do Inquisidor na nossa entrevista com o produtor Dave Filoni.

Essa ideia de um Inquisidor de intenções indefinidas é defendida pelo diretor de arte Kilian Plunkett: "Ele parece imperial, mas é meio sith também. Não queríamos que ele fosse imponente demais, porque Darth Vader pode aparecer na série, e nossa intenção [com o Inquisidor] era ter um 'Vader light'". E as cores do Inquisidor, branco com tons de cinza e preto, casam com as do Império. "No começo pensamos em fazer a pele do Inquisidor vermelha, mas deixamos branco para que as cores vibrantes fossem exclusivas dos rebeldes", diz Plunkett.


"Com o tempo teremos cenários mais populosos", diz Kilian Plunkett

Mais próximo de Uma Nova Esperança que das Guerras Clônicas

Tanto as cores dos heróis quanto a fotografia, de modo geral, foram pensadas para dar ao desenho um tom mais aventuresco, próximo da trilogia clássica - afinal, Rebels se situa 15 anos depois do Episódio III e uns cinco antes do Episódio IV. "Estude Ralph McQuarrie e Uma Nova Esperança, foi tudo o que Filoni disse pra mim no começo", conta Joel Aron, supervisor de efeitos visuais da série e envolvido com a saga desde que trabalhou como técnico em A Vingança dos Sith. Aron foi buscar até o mesmo modelo de negativos da Kodak usado no filme 1977 para emular em Rebels o visual ditado por McQuarrie, principal ilustrador envolvido na concepção de Star Wars.

"Tudo em Clone Wars era sobre as câmeras, como elas se movem, e em Rebels é tudo sobre as lentes, como filtrar a luz para deixar o visual igual a McQuarrie", resume Aron. "Os negativos usados tinham um grão megafino, era um modelo muito específico." Ele conta que teve acesso ao roteiro de filmagem do longa de 1977, que detalhava quais lentes eram usadas em cada plano. Para reproduzir hoje esse visual granulado, Aron partiu de uma ferramenta do Photoshop que torna os contornos dos objetos mais borrados: "Em produções de TV assim você não tem mais do que duas semanas para arrumar uma solução para um problema".

Não é só nas cores e na luz que Star Wars Rebels parece mais vibrante e cartunesca que sua antecessora, a série animada Clone Wars, produzida pela mesma equipe. Os designs de personagens também foram pensados nesse sentido: os stormtroopers, por exemplo, têm o capacete um pouco maior do que em Clone Wars, e as expressões faciais dos protagonistas são bem mais elásticas. "O visual em Clone Wars era 80% realista. Agora eu diria que é 50% realista e 50% cartunesco", calcula Keith Kellogg, supervisor de animação. O próprio droide dos rebeldes, Chopper, é bem mais expressivo que R2-D2, por conta dos seus braços mecânicos. "Chopper é como um gato, enquanto R2-D2 era como um cachorro. Chopper é muito mais genioso", diz Kellogg.


A tecnologia do Império ainda não está no seu estágio mais avançado

Tempo é dinheiro

Muita coisa, nessas mudanças visuais, tem uma justificativa funcional. O jedi Kanan, por exemplo, tem gestos mais expansivos não só por causa da pegada cartunesca, mas principalmente porque ele não é um jedi supertreinado como Obi-wan - conta Kellogg, enquanto vemos Kanan se defendendo de tiros de laser com seu sabre como se estivesse rebatendo bolas de beisebol. Outro exemplo: as asas dos Tie-Fighters foram diminuídas em relação ao seu tamanho no filme de 1977, para a nave parecer mais funcional. A forma da Ghost, a nave de Kanan, parece uma mistura de diamante com pipa porque os objetos na trilogia clássica também partiam de figuras geométricas (o destróier é um triângulo, a Estrela da Morte é uma esfera etc.).

"Estamos tentando 'emburrecer' um pouco a tecnologia. Se as coisas forem simples, as crianças vão entender melhor. O visual da série não é requintado como nos prelúdios, tudo em Rebels parece colado com fita adesiva", diz Aron, em relação ao período em que a trama se passa, quando o Império ainda não tem uma tecnologia avançada estabelecida e os rebeldes têm que se virar com sucata. O fato de tudo parecer mais simples em Star Wars Rebels também tem uma outra causa: o orçamento. "Não temos o mesmo orçamento que tínhamos em Clone Wars, então os movimentos das roupas não é tão rico. Eu tentei compensar incluindo um movimento a mais nos cabelos, para detalhe. Mais renderização significa mais dinheiro", diz Kellogg.

"O que nos salva é que os interiores das instalações do Império são todos iguais. E o fato de os objetos voarem também ajuda na hora de animar", brinca Plunkett. "A equipe está sempre correndo contra o tempo. No começo você vai perceber que não temos cenários muito populosos, mas com o tempo vamos fazendo mais. Você pode passar seis dias animando só um fazendeiro que vai aparecer no fundo do cenário... Já os droides são mais fáceis", emenda.

Na nossa visita, Dave Filoni estava com olheiras fundas, parecia que não dormia há dias. Isso foi em setembro, e cerca de seis a oito episódios já estavam finalizados, com o som pronto. Agora é saber como o público vai responder a esse Star Wars um pouco mais leve e descompromissado. A primeira temporada começou neste fim de semana no Brasil, no canal pago Disney XD, e os episódios inéditos serão exibidos todos os sábados.

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