Séries e TV

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Supermax | Nova série da Globo promete terror e suspense como nunca antes visto na TV aberta brasileira

Já assistimos ao primeiro episódio do programa

10.09.2016, às 10H00.
Atualizada em 27.03.2020, ÀS 10H33

A teledramaturgia brasileira é uma das mais potentes do mundo, mas sempre foi dominada pelas novelas. E embora o público clame constantemente por mudanças e novidades, o menor sinal de ruptura com fórmulas pré-estabelecidas pode levar ao fracasso. Por isso, novelas e minisséries procuram o constante equilíbrio entre tradição e subversão. A partir dos anos 2000 a pressão aumentou devido ao crescimento da popularidade das séries de TV o que, inevitavelmente, obrigou grandes redes a buscarem ligações com esse nicho.

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Globo tomou a dianteira lançando séries que tiveram muito sucesso. Quase sempre essas séries absorviam a linguagem novelesca no texto e ganhavam mais apuro técnico, no máximo se permitindo ousadias calculadas. A grande questão é que com o passar dos anos, o formato seriado proposto pela emissora perpetuou-se sem atravessar muitas fronteiras, enquanto produções com uma atmosfera realmente ligada ao mundo das séries de TV não passavam nunca de suas primeiras temporadas - por razões que não tem a ver com audiência.

Assim, o lançamento de Supermax vem cercado de especulações sobre o futuro mesmo antes de ter estreado. Vendida para o público como a primeira incursão nacional pelos terrenos do terror e do suspense, a série é chamada de "série" enquanto se conforma em ser minissérie, já que mesmo na coletiva de imprensa ocorrida no dia da exibição desse primeiro episódio, o diretor José Alvarenga precisou admitir que muitas das séries do canal não ganham novas temporadas por que logo os envolvidos começam a embarcar em outros projetos.

Unreality Show

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Escrita por um extenso time de roteiristas (cada um especializado em uma área), Supermax é o nome de um reality show de confinamento que se passa em um presídio no meio da floresta amazônica. Os criadores José Alvarenga, Marçal Aquino e Fernando Bonassi não escondem que o programa surgiu de uma influência direta das séries de TV americanas. Isso fica muito claro ao longo do primeiro episódio, que revela um pouco de True Blood na abertura, de True Detective na estrutura e de mais um monte de títulos como Lost (um episódio flashback já foi anunciado e cada um dos personagens tem seu próprio), Ray Donovan, American Horror Story The Walking Dead.

Essa salada de referências ainda ganha o gênero dos realities como base. Na trama, 12 pessoas que já cometeram crimes topam o confinamento no presídio, passam por provas de resistência e por um regime de regras rígido e dado a penitências. Apresentado por Pedro Bial, o fictício reality pagaria dois milhões a quem conseguisse chegar ao final do jogo. O problema é que assim que os participantes chegam, coisas estranhas passam a acontecer e a história inicia sua tomada de liberdades criativas que nos levarão a entender o mistério que existe por trás do confinamento.

O primeiro episódio, contudo, tem uma missão específica, que é apresentar quem são os 12 competidores e um pouco de suas histórias e seus segredos (temos um ex-padre, uma assassina que remete à Elize Matsunagauma potencial necrófila e por aí vai). É o episódio que funciona como a estreia de um reality mesmo, com direito a Bial no telão dando instruções e clipes espertos com os perfis dos participantes. Não há um aprofundamento grande em nenhum deles, mas o pouco que é apresentado nesse capítulo consegue uma fluidez necessária para que compremos uma história como essa. E fluidez é uma palavra-chave para Supermax, que provavelmente flertará com a falta de clareza entre referência e cópia na hora de estabelecer os rumos da trama.

Atrás das Grades

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A iniciativa de escolher um elenco sem rostos muito conhecidos do público é acertada, mas apenas enquanto Mariana Ximenes e Cleo Pires não adentram a cena e acabam quebrando, com isso, a ilusão do reality a que a série se propõe. O mesmo vale para a participação de Pedro Bial, que confere ares de paródia ao momento em que as regras do programa estão sendo apresentadas. Nem mesmo os closes pesados na tela da TV e a trilha sombria afastam do espectador a ideia de estar acompanhando um quadro do humorístico Tá No Ar, conhecido por suas paródias sofisticadas.

A estranheza da sequência com Bial aumenta conforme se torna muito maior do que seria se aquele fosse um programa de verdade. O texto é um pouco burocrático, mas esse problema se resolve quando o episódio encerra sua obrigação de contextualizar o espectador no que será a competição entre os detentos. De fato, a partir do momento em que a história começa a desvendar a prisão, a dinâmica de Supermax passa a ser mais crível e a nos envolver de modo mais efetivo. O fator reality show, aliás, é a grande incógnita dessa série. Para que a decisão de ambientá-la num reality tenha relevância, seu futuro dramatúrgico precisa estar atrelado ao gênero de alguma forma. Contudo, o que parece espreitar nas semanas seguintes de Supermax é um afastamento cada vez maior desse conceito.

A produção, como de costume, é impecável. A prisão tem uma constante energia misteriosa e o fato de estar situada na Amazônia sem dúvida contará na hora da resolução do mistério. Os efeitos especiais dessa estreia são discretos porque a ruptura que os fará perceber que estão presos num pesadelo real ainda não aconteceu. Mesmo assim, já temos bons exemplos do potencial sobrenatural do programa e algumas especulações já podem ser feitas a partir do que vimos. Como o diretor mesmo disse, Supermax é uma série sobre fazer perguntas que, segundo ele, serão plenamente respondidas.

Supermax estreia em 20 de setembro, por volta de 23h30, na Globo. Os 12 episódios serão exibidos semanalmente toda terça-feira.

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