Allegro
A produção acompanha o pianista virtuoso Zetterstrom (Ulrich Thomsen), um homem obcecado pela técnica e incapaz de entregar-se totalmente aos sentimentos, às relações humanas. Seu único amor aconteceu por acaso, quando ele esqueceu a chave de casa. Foi necessário um erro em sua perfeita existência, uma falha na couraça, para que algum calor pudesse entrar. Zetterstrom, porém, não consegue segurar a namorada Andrea (a ex-modelo e miss dinamarca Helena Christensen) e volta à sua solidão natural.
Simultaneamente ao rompimento, o pianista perde todas as suas memórias até aquele momento, mas não suas habilidades. Esquece Andrea, sua trajetória profissional e até sua infância - que nos é contada através de interessantes animações que simulam arte naïf. Dedicado apenas à sua técnica, ele não se importa - até que anos mais tarde um homem misterioso o procura e revela: suas memórias estão presas na intrigante área de Copenhagem conhecida como A Zona.
A Zona lembra o planeta do clássico Solaris - um lugar/estrutura/corpo cuja existência interfere nos sentimentos humanos. Ela surge numa pequena área da pacata e previsível capital dinamarquesa sem qualquer explicação - simplesmente está ali -, uma imagem sólida impenetrável. Ninguém sabe o que há lá dentro. Mas Zetterstrom, na cidade para um grande concerto, é convidado a entrar...
Allegro é essencialmente um filme sobre amor embalado numa casca de ficção científica. Curiosamente, traz paralelos com seu protagonista. Como o músico, é tecnicamente perfeito, mas falta-lhe emoção. Boe é asséptico demais para que o filme fique realmente envolvente.