Filmes

Crítica

Crítica: Jogos do Poder

Mike Nichols dirige elenco excepcional em drama politizado

28.02.2008, às 18H00.
Atualizada em 07.11.2016, ÀS 07H06

É no mínimo curioso o fato de Jogos do Poder (Charlie Wilson's War, 2007) estrear aqui no Brasil no mesmo dia de Rambo IV. Em 1988, a Guerra Fria ainda gerava medo e conflitos ao redor do mundo. Em seu terceiro filme no papel do perturbado veterano do Vietnã, Sylvester Stallone explodia o país para resgatar o Coronel Trautman das mãos dos soviéticos que dominavam a região. Fora do campo ficcional, quem ajudava os rebeldes afegãos mujahedin a derrubar os comunistas era o congressita Charlie Wilson, que agora é interpretado por Tom Hanks no cinema.

Bon vivant com livre acesso por todos os corredores de Washington DC, Wilson foi peça primordial na queda do exército soviético na região. Pelo menos é o que diz o livro escrito pelo jornalista George Crile que serve de base para o filme. Influenciado pela rica colaboradora Joanne Herring (Julia Roberts), o político estadunidense acaba se envolvendo nos bastidores do conflito, fazendo a verba enviada ao país centro-asiático pular de 5 milhões de dólares para mais de 1 bilhão anual. Tudo isso de forma não declarada abertamente, mas com total apoio da Casa Branca.

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O roteiro escrito por Aaron Sorkin (The West Wing) e dirigido por Mike Nichols (A Primeira Noite de Um Homem, Closer) é tão bem costurado quanto os acordos comandados por Wilson. E é também extremamente inteligente e bem humorado. Fazendo um paralelo bem tosco, ele era um João Estrella da política estadunidense. Curtia também o tal pó branco, mas gostava mesmo era de beber e estar rodeado de lindas mulheres. Seu staff era formado por jovens lindas, inteligentes e com generosos decotes. Parecem até saídas de um episódio de As Panteras. Conseqüência do lema pregado pelo congressista: "Você pode ensiná-las a datilografar, mas não pode ensiná-las a aumentar seus seios".

Tiradas como essa vão brotando como novas armas nas mãos dos rebeldes afegãos. E não são exclusivas de Wilson. Gust Avrakotos (Phillip Seymour Hoffman), agente da CIA, é o terceiro personagem na trama. Mas ao contrário de Tom Hanks e Julia Roberts, que passam boa parte do tempo interpretando a si mesmos em roupas oitentistas e um sotaque texano, Hoffman vai além e cria um sujeito totalmente novo para a sua galeria de ótimos personagens. Não à toa foi mais uma vez indicado ao Oscar - e até poderia ter ganhado se não existisse um igualmente talentoso Javier Bardem em seu caminho.

Apesar dos disparos de bazuca que explodem helicópteros soviéticos, os tiros mais certeiros são mesmo os diálogos. São eles que cuidam de dar ao filme uma leveza que contrasta e só aumenta o peso histórico das decisões que vieram a seguir e acabaram culminando no 11 de Setembro e na conseqüente Guerra ao Terror. Agora cabe a você escolher entre a metralhadora de disparos múltiplos do Rambo detonando Mianmar (ex-Birmânia) ou a precisão de sniper do bem escrito drama político estrelado por Tom Hanks, Julia Roberts e Phillip Seymour Hoffman.

Assista a clipes do filme

Nota do Crítico
Bom
Jogos do Poder
Charlie Wilson´s War
Jogos do Poder
Charlie Wilson´s War

Ano: 2007

País: EUA

Classificação: 14 anos

Duração: 97 min

Direção: Fabrice Genestal

Elenco: Gilles Lellouche, Vahina Giocante, Charles Berling, Michael Madsen, Lisa Ray, Joffrey Verbruggen, François Damiens

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